O prefeito de Maceió, Rui Palmeira (PSDB), acertou o discurso de não antecipar, de forma pública, o processo eleitoral de 2018. Ele nada tem a ganhar se fizer isto, a não ser se desgastar em duas frentes: responder pela administração (que como qualquer uma tem críticas a serem feitas, erros e acertos) e dar satisfações a aliados e rebater adversários. A estratégia é correta. 

Mas uma coisa é o Rui Palmeira diante do holofote. A outra é o Rui Palmeira nos bastidores. Como todo político, Palmeira sabe que seu nome é cotado no xadrez e que isto rende ataques velados e por meios de subterfúgios. Ele está acompanhando as pesquisas que são feitas, como a recentemente divulgada pelo blogueiro Volney Malta, em que mostra que tem uma porcentagem considerável em alguns municípios, como 17% em Porto de Pedras. 

É considerável porque Rui Palmeira não roda o Estado como o governador Renan Filho (PMDB) faz. Logo, seu raio de atuação política é mais curto; e conseguir pontuar assim, diante dessa condição, pode ser um bom sinal. O suficiente para animar uma candidatura? Bem, quem avalia isso é o próprio prefeito. Dos corredores da administração pública é ventilado o discurso de que é grande a possibilidade de Rui Palmeira não concorrer a nada.

Todavia, ainda que fique na cadeira de prefeito não quer dizer que Rui Palmeira não tenha interesse no pleito e não coordene um grupo que faz oposição ao governador Renan Filho. Coordena sim! E faz isso desde já! 

O foco do prefeito tem sido a gestão, mas conversas com aliados ocorrem e Rui tem os acalmado dizendo que terá palanque de oposição. A afirmação se faz diante da indagação da possibilidade de composição - ainda que “aliança branca”- entre tucanos (leia-se: o ex-governador Teotonio Vilela Filho) e o senador Renan Calheiros (PMDB). 

Estão a espera de Rui Palmeira os seguintes partidos: PDT, PR, PROS, Democratas e PP. Todos acreditam ter nomes a ofertar em uma majoritária a depender de como se desenhe o xadrez político até 2018. E é preciso acompanhar cada movimento do lado no qual se encontra, como também do lado oposto. E o prefeito - pela posição que ocupa - é peça fundamental nesse jogo. 

Tanto é que a administração de Maceió não deixa o governo estadual sem resposta diante de algumas críticas. Não é o próprio prefeito que responde, mas quem o faz tem seu aval, como ocorreu quando um assessor rebateu veementemente o deputado federal Cícero Almeida (PMDB), ou nas críticas que o secretário de Limpeza Urbana, Davi Maia, fez a Companhia de Abastecimento de Alagoas (Casal). É preciso ser muito cego para não enxergar. 

Rui Palmeira também faz política. Também analisa cenários. Avalia possibilidades e vai amadurecendo uma decisão difícil, já que tem que deixar o cargo para concorrer. Será sempre “trocar o certo pelo duvidoso”, ainda mais diante de uma gestão estadual que é bem avaliada, como mostram as pesquisas. São números que também pesam para o tucano. 

Então, o próprio “resguarda-se” também é uma estratégica. Ao meu ver, eficiente. Até porque se administração conseguir emplacar uma agenda positiva até 2018, por si só isto é um palanque que impulsiona Rui Palmeira. Não sejamos inocentes. O prefeito sabe que tem três opções: ficar onde estar, disputar o Senado Federal ou o governo do Estado. E as demais peças do seu grupo político sempre orbitarão em torno de sua decisão. 

Cito um exemplo: se Rui Palmeira ficar, o PP pode lançar Marcelo Palmeira - que é seu vice - no processo político. O vice-prefeito sonha com o Legislativo. Teve uma passagem pela Câmara de Maceió e pode mirar na Assembleia Legislativa. Agora, se o prefeito for candidato, Marcelo Palmeira ganha a Prefeitura de Maceió de graça, contemplando o bloco político do senador Benedito de Lira (PP). São os efeitos cascatas...

Se tudo isso não passa pela cabeça de Rui Palmeira, que um raio caia sobre a minha cabeça...

Então, vamos com calma nessa história de que o prefeito está focado na administração e só vai pensar em 2018 no ano de 2018. Adaptando um dito bíblico, é mais fácil um camelo passar por um buraco de uma agulha que um político não pensar em eleição...

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