A empresa Alezzia - que já sentiu a fúria dos politicamente corretos de plantão - resolveu ser uma defensora ardorosa do desarmamento. Em constantes postagens, tenta descredibilizar quem tem opinião contrária, por mais sério que sejam os estudos de quem assume a defesa do armamento civil dentro dos critérios estabelecidos pelo projeto de lei do deputado federal Rogério Peninha (PMDB). 

Alezzia consegue defender vários pontos de liberdades individuais, mas neste quesito segue uma agenda global de culpar as armas pela criminalidade. Como se outros fatores não existissem. Como se as armas tivessem vida própria. Ou como se os bandidos seguissem uma legislação dura de controle de armas. Santa paciência!

Já expliquei aqui as diversas mentiras que são contadas sobre este projeto do Rogério Peninha. Uma das mais recentes foi dar a entender que não trata da situação do combate ao tráfico de armas e mostrei, em outra postagem, que trata claramente do assunto em um capítulo especial da matéria legislativa, assim como há critérios para o acesso às armas. Logo, não se trata de um “livre comércio de armas”, muito menos de “armar toda a população”, mas sim de eliminar mecanismos existentes hoje que levam à discricionariedade. 

Porém, como as falácias não se sustentam em pé e são facilmente rebatidas, nasce mais uma estratégia: a da meia-verdade. É o que fez a Alezzia. Em uma postagem onde mostra o aumento de criminalidade em regiões dos EUA, destaca que o Texas é um dos estados mais armados daquele país. Cita o crescimento do crime em San Antonio, que tem mais de 1,4 milhões de habitantes, e depois fala da capital texana Austin. 

Assim, conclui a Alezzia: “Vamos dar condições de trabalho para as polícias combaterem os bandidos e tornar as penas mais duras. Armas na mão dos civis só aumenta a violência sem nenhum retorno em segurança como mostram os números do Texas”.

Vejam o subterfúgio da desonestidade intelectual ao tentar levar à crença de que os que defendem o armamentismo civil não querem dar condições de trabalho para as polícias. É ao contrário Alezzia. Em geral, quem defende o acesso às armas como direito do cidadão quer que as polícias sejam respeitadas, bem equipadas e saibam agir. Além disso, que os policiais sejam valorizados e não prevaleçam discursos ideológicos que ataquem a corporação. 

Não raro os defensores do duro controle de armas pedem o fim da Polícia Militar ou usam de casos isolados onde a polícia erra para julgar toda a corporação ao invés de buscar punir aquele policial que errou com a lei. 

É que, do lado de cá, se entende que as forças policiais são responsáveis pela segurança pública e fundamentais a um ordenamento que busque a repressão e a ostensividade no combate à criminalidade. Claro que segurança não se faz apenas com isto, pois existem as chamadas políticas preventivas.

O armamento civil não transforma o cidadão em um agente de segurança pública, mas dá a ele - dentro dos critérios da lei, caso este cumpra a todos - uma arma legal para a defesa de sua própria vida, da propriedade e da família. Razão pela qual o Estatuto do Desarmamento só desarma este cidadão, uma vez que o bandido se arma fora da lei, já que ele não respeita legislação alguma. É tão difícil assim entender isso? E é tão difícil entender que o exercício de tal direito dentro da legalidade não vai armar toda a população?

Mas vamos ao exercício de retórica da Alezzia. Em 2016, foi divulgado um estudo do Centro de Brennan de Justiça. Os dados foram divulgados em vários jornais, incluindo o Diário de El Paso, no mês de abril daquele ano. Ele mostrava uma redução de delitos no Texas. Na cidade de Austin, por exemplo, houve uma redução em quase todos os crimes e no caso dos homicídios a redução foi de 33%. É óbvio que ao longo do tempo as taxas variam. Isto faz com que, como já mostrou o especialista em segurança pública, Bene Barbosa, o Texas tenha uma taxa de homicídios de 4,4 a cada 100 mil habitantes. Vamos mesmo comparar com o Brasil do cidadão desarmado e seus quase 60 mil homicídios por ano?

Em 2015, Washigton alcançou o marco de 108 homicídios no ano e levou as autoridades ao pânico, pois o número foi alcançado em setembro daquele ano e representava um aumento, pois esta era a quantidade de assassinatos em 2014. Alezzia precisaria compreender também que das 50 cidades mais violentas do mundo, quatro estão nos EUA.  A primeira é St. Louis com 188 homicídios no ano. Os dados são de 2015. O que assusta é que é uma cidade de 317 mil habitantes, o que gera um índice alto. Ela ocupa a 15ª posição. 

A outra cidade citada pela Alezzia é San Antonio. Lá, foram 151 assassinatos registrados no ano de 2016. De fato, um aumento em relação ao ano de 2015, o que fez com que autoridades se assustassem e os dados da polícia local fossem divulgados - como tinha que ser - em vários periódicos. Afinal, o ideal é que não ocorra homicídio algum. Mas, estes dados são para uma cidade que tem mais de 1 milhão de habitantes, Alezzia? Que tal comparar com Maceió, por exemplo. Aqui são menos habitantes que lá e os homicídios ultrapassam a casa dos 2 mil, ainda que nos últimos anos tenha existido queda no índice. Querida Alezzia, falar de desarmamento não é sua praia. Vá fabricar móveis, vá...

Agora, caso queira mesmo entrar no tema, leve em consideração a literatura existente, como Preconceito Contra as Armas de John Lott, Mentiram Para Mim Sobre o Desarmamento de Bene Barbosa e Flávio Quintella e o Articulando em Segurança de Fabrício Rebelo. São ótimas obras entre tantas existentes. 

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