Escrevi aqui neste espaço, no dia de ontem, 07, que achei as críticas do deputado federal e ex-prefeito de Maceió, Cícero Almeida (PMDB), ao atual chefe do Executivo-municipal, Rui Palmeira (PSDB), injustas. Expliquei as razões no texto. Almeida foi açodado e não prestou atenção na sequência dos fatos que levaram à administração da capital alagoana a cancelar os festejos juninos. Mostrei ainda que, antes disso, a Fundação Cultura de Maceió buscou fazer editais para prestigiar bairros e artistas locais. Uma ação que tem características democráticas, independente de concordarmos ou não com este ser ou não o papel do poder público no uso dos recursos.
Está tudo no texto abaixo. Todavia, o prefeito de Maceió reagiu de forma dura como já fez outras vezes, mas por terceiros. Com isto, cultiva a imagem de bom-mocismo prudente, afastado das discussões que envolvem a antecipação do cenário eleitoral de 2018, ao mesmo tempo em que ataca adversários por outras vias. Não é a primeira vez que critico tal estratagema de Palmeira. Assim foi na campanha eleitoral, quando moveu uma ação contra o então candidato Cícero Almeida. O Rui Palmeira mais incisivo só mostrou esta face nos debates televisivos.
Assim também foi para responder ao senador Renan Calheiros (PMDB) em um programa de rádio local. Por mais que acerte em um argumento, é bom que o prefeito mostre o que pensa, já que um assessor não mandaria tal recado sem autorização prévia, ainda mais saindo pela assessoria oficial do ninho tucano.
Mais uma vez o escalado para a missão foi o assessor especial de Rui Palmeira, Wellison Miranda. Ele disse – de forma irônica – que “Almeida tem coragem para mamar em onça”. Falou ainda que só o deputado federal não viu o que ocorreu na cidade nas últimas semanas por conta das chuvas. Apesar da agressividade, o argumento está correto. Mas por qual razão o prefeito não respondeu, ainda que de forma cautelosa? Se era tão importante rebater Almeida, por qual razão o próprio prefeito não o fez? As “preservações” da política. Eu nem acho que era importante, pois Almeida fez aquele tipo de crítica que nem se sustenta em pé quando confrontada com a lógica.
O prefeito tem razão no mérito, mas não na forma. Faço uma indagação: Rui Palmeira enxerga Cícero Almeida como um “demagogo”, “inconformado com a derrota de 2016”, acha que o discurso de Almeida é fruto de uma antecipação do cenário de 2018, que ele fez o discurso por conta do “grupinho político”? É a opinião de Rui Palmeira ou do assessor?
Concordo que Almeida deveria ter estado mais junto da administração municipal – e das demais administrações – para fiscalizar o emprego de recursos neste momento e ajudar mais. Deveria ser função de todo parlamentar federal ou estadual. Haja vista o que se discute de forma geral a respeito dos desabrigados. Não se trata de mérito, mas das formas de responder.
E se falo disto aqui, repito, é por não ser a primeira vez. Fica claro que algumas coisas incomodam o prefeito. E quando isso acontece, é escalado quem possa responder deixando-o de fora das polêmicas. E olhe que esta polêmica é peixe-pequeno, pois de fato Almeida foi no mínimo açodado e não se atentou aos detalhes daquilo que criticou, como disse em texto anterior onde defendi a administração municipal. Fatos assim dizem muito das posturas dos gestores.
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