O deputado federal e ex-prefeito de Maceió Cícero Almeida (PMDB) segue em ritmo de oposição. No dia de hoje, criticou duramente a programação de São João da Prefeitura Municipal de Maceió, que é comandada por Rui Palmeira (PSDB). No ano passado, Almeida e Rui rivalizaram a disputa pelo Executivo municipal. O tucano saiu vencedor.
Almeida acusa a gestão municipal de “abandonar”, pelo segundo ano consecutivo, os músicos da capital e do interior, que deixam de participar das festividades de São João”. Segundo o peemedebista, “mesmo atendendo a todos os requisitos propostos pela Prefeitura e preparando-se durante meses, forrozeiros que tinha a perspectiva de apresentar a sua arte e ganhar um rendimento extra no mês de junho, foram frustrados”.
O prefeito aproveitou para lembrar de sua gestão, afirmando que valorizava os artistas da terra. Entendo a preocupação do ex-prefeito com as festividades que fazem parte da cultura nordestina e do calendário da capital alagoana. Porém, é preciso ter prudência e observar as contra-razões sem paixões, bem como a sequência dos fatos.
Vamos com calma, deputado Cícero Almeida. É que a Prefeitura de Maceió estava com os editais abertos até o dia 2 de maio. E, diante disto, pretendia apoiar os festejos organizados nos bairros da cidade com ajuda de custo, por meio da Fundação Municipal de Ação Cultural (FMAC). Então, havia sim uma ação neste sentido.
Como se observa no site oficial a ideia era justamente fomentar a participação de trios de forró e bandas locais. Inclusive, a previsão era de chamadas públicas, como explicou o diretor da Fundação, Marcos Sampaio, por meio de release oficial da gestão municipal. Havia até horário para o recebimento de propostas e para tirar dúvidas.
Seriam contemplados arraias em 50 bairros, com uma ajuda de custo. No caso da seleção de músicos, 31 trios de forró, 16 bandas musicais e por aí vai.
Não entro aqui no mérito se estar correto ou não a destinação de recursos para isso. Penso o mesmo que penso em relação ao Carnaval: que o poder público seja apenas o fomentador das atividades culturais e não o patrocinador oficial, contratando bandas etc. Afinal, nem todos os contribuintes gostam da festa e todos acabam pagando por isso. Então, que se fomente para que a iniciativa privada busque patrocinar e se organizar. A parceria deveria ser neste sentido. Esta cultura já deveria ter sido planejada há tempos para se diminuir a dependência de recursos públicos e garantir a renda extra desses forrozeiros, que fazem parte da nossa cultura e merecem toda atenção.
Logo, defendo uma melhor estruturação prévia dos festejos. Já que não há, que a Prefeitura ajude, mas pensando em uma mudança gradativa para que o calendário seja auto-sustentável.
Porém, é açodada a crítica do ex-prefeito ao afirmar que atual gestão não teve a preocupação que teve, como se vê na ação da FMAC. Houve ação neste sentido sim. É preciso que se seja justo com os fatos. Agora, estranho é se criticar o processo de seleção que se encerrou no dia 2 e tiveram os editais postos de forma pública. O ex-prefeito acusa os editais de favorecer alguém e desfavorecer outros? Se sim, que o faça com detalhes.
Mas como se ter acesso a esta informação se a própria seleção foi posteriormente cancelada?
É aí que vem a mais recente notícia: em função das tragédias provocadas pelas chuvas, a Prefeitura de Maceió decidiu cancelar as festas juninas que estavam programadas para este ano. De acordo com Tácio Melo, é uma questão de bom senso, já que os danos provocados somam R$ 170 milhões. “Pouco mais de R$ 2 milhões serão repassados pelo Governo Federal para a reconstrução das áreas atingidas”, colocou o secretário de Governo, Tácio Melo.
Há sentido no que a gestão municipal coloca. “Foram danificadas as ladeiras da Moenda e de Fernão Velho, onde o São João seria aberto no dia 22, com a ajuda da comunidade do bairro. Além disso, escolas e duas sedes da Secretaria Municipal de Educação foram danificadas e, claro, não podia deixar de mencionar as famílias desabrigadas e as vítimas dos deslizamentos”, destacou o secretário.
Mas o deputado federal é livre para discordar da decisão de cancelamento. Que o faça e apresente os argumentos.
Assim, foram cancelados os editais lançados para apoiar os festejos dos bairros. A FMAC lamentou a decisão, mas o presidente do órgão colocou o seguinte: “O Município tem como prioridade, nesse momento, a reconstrução dos danos causados pelas chuvas. Todos os recursos serão levados em consideração, diante do esforço administrativo para reparação dos danos. Além disso, o clima nos bairros está impraticável para comemorações, já que a cidade está danificada, precisando de reparos”.
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