O atual secretário municipal de Saúde, ex-vice-governador e ex-deputado federal, José Thomaz Nonô (Democratas) concedeu uma longa entrevista ao jornalista Ricardo Mota (TV Pajuçara). Há dois pontos do bate-papo que me chamou atenção: o primeiro diz respeito à análise que Nonô faz da crise vivenciada no país. Na sequência, o titular da pasta da Saúde da Prefeitura de Maceió enxerga nesta crise, que assola o país, uma oportunidade para ele mesmo ser candidato.
Segundo Nonô, as crises financeira, política e moral do país abrem portas para que pessoas sem máculas na vida pública possam aparecer no cenário com grandes possibilidades de serem eleitos. Por esta razão, a “avenida” se abriria para ele. “Eu tenho 40 anos de vida pública limpos, limpos, limpos...”, diz o ex-deputado federal. Nonô não informa para qual cargo pensa em se candidatar, mas segundo os bastidores políticos ele pode tentar retornar à Câmara de Deputados ou postular, na majoritária, o cargo para o qual o prefeito de Maceió, Rui Palmeira (PMDB), não se candidatasse.
Explico: se Rui Palmeira disputar o governo, Nonô se lançaria ao Senado Federal. Se o prefeito quiser o Senado Federal, Nonô colocaria seu nome como possibilidade ao Executivo estadual. O secretário de Saúde não negou o interesse. De acordo com ele, é a “oportunidades para que pessoas como eu sejam candidatas. As pessoas podem gostar ou não do que eu digo, mas eu sou prova viva de que se pode passar pela vida pública sem um único deslize ético. Para mim, é uma oportunidade extraordinária”.
“Para as pessoas que pensam dessa forma, abre-se uma oportunidade também. Agora, é importante lembrar: quem elegeu as quadrilhas que aí estão foi o povo brasileiro, que achou que essas pessoas eram líderes. Se não aprender agora, não vai aprender mais nunca. Está mais do que provado os males que fazem os pseudo-benfeitores, falsos líderes, abastecidos só Deus sabe como. Abre-se uma janela agora para que cada um (pessoas honestas) trabalhe”, complementou.
Nonô disse que – antes da crise – já havia desistido de ser candidato. “Mas, tem ido tanta gente conversar comigo, que eu começo a considerar a ideia de me candidatar. Não há uma candidatura batida, amarrada, mas eu penso. Às vezes assisto a TV Câmara e vejo cada delinquente que se observa pela expressão e pelo brilho do olhar, que eu digo: não é possível que alguém não tome esse lugar e coloque esse rapaz na fila dos desempregados. É uma resposta honesta de quem sempre procurou ser honesto”, frisa.
Michel Temer
Nonô ainda avaliou a situação do presidente Michel Temer (PMDB) como insustentável. “O Temer já nos brindou com a declaração de que fica. Os desdobramentos do que vai acontecer são imprevisíveis. Eu acho que será muito difícil aguentar esse nível de pressão”. O ex-deputado federal afirmou conhecer bem o presidente, pelo tempo de convivência na Câmara de Deputados. “Ele já tinha dito que jamais se submeteria a um processo de desgaste igual ao da Dilma que agravou o que já era grave. Aquele tipo de postura, ele não vai ter. Mas (o Temer) tem visão constitucional e vai exaurir esse processo de discussão no Supremo. Como o Judiciário tem se mostrado volúvel, ele vai aguardar um pouco para ver como será encaminhado. Isto não é um jogo individual, mas coletivo. Vai haver pressão, a sociedade civil, correntes e partidos políticos. Vai haver isolamento do presidente. O PSDB deve desembarcar. Deve haver um processo de solidão do presidente. O fim disso daí é uma renúncia se não encontrar forma mais criativa”.
Nonô ainda avaliou que não há como separar a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) de Temer no julgamento da chapa que corre no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Para ele, a condenação de ambos seria uma saída honrosa. Porém, não vê a eleição direta como possibilidade, apesar de ser “discurso bonito”.
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