Nunca faltou opinião ao senador Renan Calheiros (PMDB) – líder da sigla no Senado Federal – sobre os acontecimentos do governo do presidente Michel Temer (PMDB). Nos últimos tempos, Calheiros não economizou nas críticas às reformas Trabalhistas e da Previdência. Quase perde a liderança do PMDB no Legislativo por conta de sua posição mais dura.
Houve uma “rebelião” de alguns senadores e até reunião com Temer, o que fez com que Renan Calheiros adotasse, na sequência, uma postura mais comedida.
Mas uma crise estourou desde a quarta-feira, dia 17. Esta colocou o presidente Michel Temer e o senador Aécio Neves (PSDB) na berlinda. Temer é acusado, dentre outras coisas, de ter agido para dar aval à compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha, já condenado pela Lava Jato.
É bem verdade que o áudio – somente divulgado na quinta-feira, dia 18 – não deixa isso claro, mas há um contexto que assusta: Temer recebe – fora da agenda oficial – um empresário investigado na Lava Jato que relata uma série de crimes. O presidente, no mínimo, se mostra omisso em relação a estes.
No mais, é a obviedade dos contextos. É difícil crer que Temer não sabia exatamente do que Josley Batista (o delator da JBS) falava ao se referir a Cunha. Há ainda menção a juízes, a um procurador que teria sido “comprado”, possível antecipação de informação privilegiada em relação à economia, enfim...
Todavia, diante de tudo isso e da crise que se instalou no Brasil, o falante Calheiros que se fazia de contraponto a Temer, calou! Não há declarações suas, mesmo depois de ter sido tão atuante na construção de uma agenda positiva que se aproveitava da péssima avaliação de Temer junto à opinião pública.
Há informações de bastidores que apontam que a delação da JBS não para por aí e – como colocou a jornalista Eliane Castanhêde – pode chegar a Renan Calheiros. O líder máximo do PMDB alagoano espera o desenrolar dos fatos para só então ter o que dizer? É isto? Pode ser. É que o peemedebista-mor de Alagoas sabe ser cirúrgico. É um enxadrista de primeira. Não dá ponto sem nó. Então, Calheiros assume uma cautela que interessa bastante a ele diante das incertezas.
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