O PSDB de Alagoas emitiu uma nota, na noite de ontem, dia 18, sobre a recente (mais uma!) crise política que o país vivencia. São vários pontos da delação dos donos da JBS, em especial Josley Batista. Os personagens tratados de forma mais constante pela imprensa são o presidente Michel Temer (PMDB) e ao senador tucano Aécio Neves. Natural que seja.

Porém, a empresa também fala de sua aproximação com o BNDES na era petista, de dinheiro para campanha e o diretório do PT por meio do ex-ministro Guido Mantega, dentre outros pontos. Há quem diga que vem mais “bomba” por aí e que pode afetar outros políticos. É aguardar...

Quanto ao PSDB local, a nota é extremamente evasiva e não diz muita coisa. Aliás, não diz nada com nada. É um somatório óbvio sobre os clichês que envolvem o Estado Democrático de Direito e a necessidade de se investigar associada à preocupação com a situação do país. Porém, o PSDB é parte do governo federal e tem um senador envolvido em denúncias gravíssimas. Logo, tem que ir além disso.

Os tucanos da Terra dos Marechais sequer citam os investigados e não dão nem demonstração de apoio, nem de recriminação dos atos. Não se trata de cobrar que o PSDB faça prejulgamento, mas que se posicione de fato em relação aos episódios específicos que são postos. Os tucanos foram mais uma vez tucanos.

Qual a avaliação que o PSDB local faz das conversas do presidente Michel Temer? Como enxerga o escândalo envolvendo o senador do partido que pediu R$ 2 milhões a um empresário que tinha a ligação que tinha com um esquema de “capitalismo de compadrio” que foi extremamente fortalecido – em uma corrupção institucionalizada – na era petista? As respostas não vieram...

De acordo com a nota, a Executiva Estadual do PSDB – que é comandada pelo ex-governador Teotonio Vilela Filho – apenas reitera o apoio às instituições brasileiras, “neste momento de grave crise no país, entendendo que qualquer medida a se adotar deve passar pelo absoluto respeito à Constituição”.

Isto é o óbvio. A saída tem que se dá pelo Estado Democrático de Direito. É inclusive por esta razão que o presidente Michel Temer está na condição de investigado. Claro que estas investigações precisam ser rápidas; agora, as dúvidas sobre a conduta de nossos governantes e representantes políticos já pairam desde antes de qualquer delação da JBS e a nação já foi e está sendo penalizada por conta desse establishment montado. Establishment do qual os tucanos fazem parte, ainda que muitos deles não tenham culpa direta e sejam bons quadros.

Finaliza a nota afirmando que “o PSDB/AL continuará a lutar, de forma responsável, com feito nessas mais de duas décadas de existência, para que o Brasil supere os desafios sem se afastar do Estado Democrático de Direito”. É uma nota apenas para cumprir tabela. Os tucanos sequer tiveram a coragem de mencionar o fato de Aécio Neves deixar a posição que tinha dentro da legenda, avaliando a decisão como acertada ou errada.

O que o PSDB/AL acha que deve acontecer com Temer? O PSDB/AL externa apoio ao presidente ou não? Há ministros do partido no governo, afinal de contas. Os tucanos de Alagoas cumprem tabela para não pecar pelo silêncio como tem feito o PMDB local até aqui, inclusive as principais lideranças: o governador Renan Filho (PMDB) e o senador Renan Calheiros (PMDB). Esses ainda se encontram na espiral do silêncio.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) sozinho conseguiu dar declarações mais contundentes e precisas, ainda que não tenha feito isto quando a situação de crise era com o PT. Lá, ele foi parcimonioso. É por isso que digo que os tucanos são irmãos siameses dessa matriz ideológica e se fingem oposição na falsa polarização da política brasileira. O partido quer ter posição sem se comprometer. Que lindo! 

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