Em resposta à Coluna Labafero, o deputado federal Givaldo Carimbão (PHS) erra em alguns pontos e acerta em outros. Explico...

A Coluna teve acesso à informação de que o parlamentar federal pensa em se candidatar a deputado estadual por estar perdendo a base católica. É informação de bastidor. Se verdade ou não, não sei. O que sei é que há sim uma disputa entre Carimbão e seu antigo aliado e ex-secretário de Prevenção à Violência do Estado de Alagoas, Jardel Aderico. E isto envolve algumas comunidades católicas.

Carimbão tem todo o direito de desmentir. E acerta ao frisar que a Igreja não deve ter candidato. É o que já disse, por sinal, o bispo Dom Antônio Muniz. Porém, por trás desta discussão, está o suposto uso de comunidades terapêuticas como reduto eleitoral. O bispo – nas notas que emitiu repudiando a ingerência nestas comunidades – não citou nomes. Agora, com o aprofundamento da discussão, o nome de Carimbão surgiu.

Assim como envolve todo o governo do Estado. Não podemos esquecer que a Seprev faz parte de uma estrutura pela qual, em última instância, o governador Renan Filho (PMDB) é também responsável.

O motivo de ter surgido? As comunidades possuem ligação com a Secretaria de Prevenção à Violência que, por sua vez, foi entregue de “porteira fechada” ao deputado federal Givaldo Carimbão. Logo, ele passou a ter que dar satisfações diante das denúncias que surgiram e foram feitas pelo Arcebispado inicialmente.

O assunto é grave e chamou atenção do Legislativo estadual, por meio de colocações do deputado estadual Bruno Toledo (PROS), que também não citou Carimbão. Agora, o parlamentar do PROS pretende convocar a secretária Esvalda Bittencourt. Ah, e na Casa de Tavares Bastos, o primeiro a citar Carimbão foi o deputado estadual Ronaldo Medeiros (PMDB). Ele é rival político do deputado federal na região de Delmiro Gouveia, mas citou Carimbão para defendê-lo. Defendeu mesmo ao revelar seu nome? Coisas da política.

No entanto, para além disto, é preciso esclarecer este ponto: as comunidades terapêuticas de tratamento de dependentes químicos estão sendo usadas como redutos eleitorais? Elas estão sendo manipuladas ao sabor das questões político-eleitoreiras? Se sim, por quem? Estas indagações não “são algo que vem de baixo”, como diria qualquer menino da 5ª série ao ser atacado por apelidos postos pelos coleguinhas. Não é “bullying”. O assunto é mais sério e, se confirmado, vem de cima. Afinal, quem está no patamar mais baixo – nesta pirâmide – é o dependente químico e as políticas públicas direcionadas a ele, não Carimbão. Ele é o topo.

Longe de fazer qualquer prejulgamento em relação ao deputado federal Carimbão, o que digo é que ele erra ao tratar assunto tão sério como se fossem meras “fofoquinhas ginasiais”. São declarações de um arcebispo e de um parlamentar estadual. Todavia, é óbvio que Carimbão tem rivais políticos. Um deles, segundo bastidores, é Jardel Aderico. E aí, há quem goste de usar o “denuncismo” para o jogo político (não estou dizendo que é Aderico quem faz, pois os bastidores são anônimos e Carimbão deve ter mais rivais e até fogo-amigo no seu encalço) e nascem tais informações de bastidores, que são repassadas, ao ponto de se questionar a força de Carimbão no processo político.

Mas, é preciso separar o joio do trigo. Uma coisa são os que querem se aproveitar da necessidade de se investigar o que ocorre entre a Secretaria de Prevenção à Violência, as comunidades terapêuticas e o possível uso político destas. A outra coisa é a investigação que de fato precisa ser feita. E aí, se nada houver, se tudo que o arcebispo falou for bobagem, que se reconheça isto. Caso a secretária Esvalda Bittencourt vá à Assembleia Legislativa prestar esclarecimentos será uma ótima oportunidade. Carimbão deveria aproveitar para ir também, já que se envolveu na discussão. Se não há o que dever, não há o que temer...

Carimbão diz ao CadaMinuto – na Coluna Labafero – que “muitos já me bombardearam, inclusive, para que saia para deputado estadual, mas é preciso que todos entendam que quem decide é a sociedade, pelo voto soberano”. É verdade, deputado. Não se deve se render aos rivais. Porém, as questões que estão sendo postas aqui não vem de baixo, nem é mera fofocada política, mas – antes de tudo – suspeitas levantadas pela própria Igreja Católica. Creio que o senhor respeite o Arcebispo.

O que “vem de baixo” são as “picunhinhas” de quem quer Carimbão enfraquecido para ocupar espaços. Quem de fato quer saber o que se passa entre a Seprev e as comunidades está pouco se lixando para isso. O que se quer é que a Igreja não vire palco de disputa política e esta é uma questão nobre, seja envolvendo Carimbão ou qualquer outro nome.

Carimbão diz que o trabalho direcionado à recuperação de dependentes químicos é honesto. Que bom, então. Não terá nada a temer. No mais, ele acerta que quem decide a vida política dele é ele mesmo. Claro que é. Apenas como homem público deve satisfações a quem representa.

Confesso: espanta-me que o Ministério Público Estadual ainda não tenha escutado as falas do bispo e aberto processo investigativo.

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