O deputado estadual Bruno Toledo (PROS) colocou o dedo em uma ferida do governo do Estado de Alagoas em seu pronunciamento de ontem, na Assembleia Legislativa. Como já dito pela imprensa – inclusive aqui no CadaMinuto, em matéria da jornalista Vanessa Alencar – Toledo esteve reunido com o arcebispo Dom Antônio Muniz para discutir a situação da rede de acolhimento aos dependentes químicos.

A reunião ocorreu no dia de ontem. Assim como o pronunciamento.

A denúncia – mais uma vez! – é de que a rede tem sido utilizada para fins político-eleitoreiros com a conivência da Secretaria de Prevenção à Violência e, consequentemente, do governo do Estado de Alagoas. A denúncia é gravíssima. O deputado estadual Francisco Tenório (PMN) – que fez aparte – está corretíssimo quando diz que a nota aponta parlamentares, mas não diz quais são. Que sejam dados nomes aos bois.

Vou além: não é segredo que a pasta da Secretaria de Prevenção à Violência é comandada pelo deputado federal Givaldo Carimbão (PHS). Não quero com isto acusar o deputado de absolutamente nada, mas como ele tem forte influência na secretaria é de se estranhar que mantenha o silêncio. Carimbão não foi citado. Todavia, é o nome forte da estrutura da pasta. Então, deveria falar. Deveria ao menos dizer se conhece ou não parlamentares que estejam utilizando a pasta neste sentido.

Vale lembrar que quando a pasta mudou de titular – Jardel Aderico deixou o cargo e quem assumiu (por indicação de Carimbão) foi Esvalda Bittencourt – se pode observar que mudança ocorreu devida algumas insatisfações. É o que indica os bastidores. Na carta de despedida de Aderico, há entrelinhas...

O caso em que a SEPREV é citada não é novidade. Eu mesmo já falei disto neste blog.

O bispo reclamou em 2016 e voltou a reclamar em fevereiro deste ano. O que há de novo então no pronunciamento de Bruno Toledo? Sua conversa com o bispo. De acordo com Dom Antônio Muniz – em fala ao parlamentar – o que foi denunciado é a “ponta do iceberg”. O que estaria então no fundo das águas?

A Secretaria emitiu nota ainda no dia de ontem. Por meio da assessoria, a secretária Bittencourt falou que a pasta está de portas abertas para prestar informações ao parlamento estadual. Negou qualquer irregularidade e afirmou ter “isenção político partidária nas comunidades acolhedoras de dependentes químicos”.

Diante da insistência do bispo no assunto, quem deveria falar é o governador Renan Filho (PMDB). É o principal responsável pelo governo. Porém, até aqui silêncio. Bittencourt se defende, mas o governador e o deputado padrinho da pasta preferem o silêncio.

Ora, como a secretária afirma que não há o que esconder – e eu espero que de fato não tenha! – o parlamento estadual, por meio de Bruno Toledo, Léo Loureiro e Francisco Tenório (que se mostraram preocupados com o assunto) – poderiam convidar Esvalda Bittencourt para aquelas sessões de prestação de contas na Casa. Seria uma oportunidade para passar a limpo.

Estou no twitter: @lulavilar