O senador Renan Calheiros (PMDB) não dá ponto sem nó. É um dos que pensam em política 24 horas por dia. Busca ter mais informações que o “Posto Ipiranga”. Quem observa os passos do enxadrista alagoano sabe muito bem disto.
Em Alagoas, Calheiros antecipou o cenário de 2018, esteve pessoalmente reunido com deputados estaduais e vereadores, trabalha um xadrez favorável a si mesmo e ao filho que governa o Estado: o governador Renan Filho (PMDB).
Todavia, Calheiros sabe que tem um gargalo a ser superado em 2018: os problemas que enfrenta na Justiça e o desgaste político que estes geram. Independente de Calheiros ser réu, ser culpado ou inocente, a sua imagem de homem público sofre desgastes todas às vezes em que é associado à Lava Jato. Renan Calheiros necessita de outros focos para que seu nome brilhe e para que detenha certo poder de ação ou reação (depende do caso!).
Fora da presidência do Senado Federal, tal poder diminui. O que faz Calheiros? Foi virando uma “oposição artificial”. Chegou a fazer também durante o governo do PT. Quem buscar no Google encontrará alfinetadas de Calheiros – em momentos cirúrgicos – na ex-presidente Dilma Rousseff (PT). No impeachment, “pagou de isentão”, mas trabalhou para rasgar a Constituição e garantir os direitos políticos de Dilma.
Se personagem de Nietzsche, Renan Calheiros seria o niilista político liberto de qualquer norte, de forma a ter apenas a sua própria bússola moral. O sujeito que analisa sempre as circunstâncias para saber quando deve ser o super-homem.
Nos dias de hoje, o presidente Michel Temer virou o “conde Drácula” do Palácio da República. Tragam as estacas e o alho, pois a opinião pública já emparedou o chefe do Executivo que – a cada dia que passa – tem menos forças para as reformas que quer, principalmente a da Previdência, devido os exageros da própria reforma e dos ataques que sofre.
Michel Temer vira assim a agenda positiva para Renan Calheiros. No vácuo de uma oposição enfraquecida, Renan Calheiros tem voz. E a oposição de Renan Calheiros mira em 2018. Não tenham dúvidas disto.
Acusado de receber propina, alvo de delações, em inquéritos da Lava Jato, Renan Calheiros quer virar o “guerreiro do povo brasileiro”. É uma forma de construir uma relevância na política nacional por meio de pautas que reverberem. Em muitos momentos, Renan Calheiros está corretíssimo no mérito de suas falas. Porém, o protagonismo que busca está permeado de outras intenções.
O líder do PMDB no Senado mira no presidente Temer. Ao passo que constrói sua agenda, ainda pode barganhar o apoio do Palácio do Planalto em Alagoas. E se não conseguir? Bem, Renan Calheiros – segundo bastidores – também se aproxima de Luis Inácio Lula da Silva, o ex-presidente Lula (PT), para alianças.
É Renan Calheiros sendo Renan Calheiros...
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