Na sábado, a Folha de São Paulo publicou uma matéria jornalística em que o ex-governador Teotonio Vilela Filho (PSDB) é apontado como um dos que serão investigados na Lava Jato. Segundo a reportagem, pesa contra o governador a denúncia de ter recebido R$ 2,8 milhões em propina. O esquema teria envolvido a empreiteira Odebrecht e o Canal do Sertão.
Não se pode prejulgar o governador, mas se há indícios, que se investigue!
Vilela alegou inocência – de forma discreta – à reportagem da Folha de São Paulo e afirmou desconhecer o assunto, defendendo a lisura de seu governo. Que Vilela se defendesse – ainda que de forma discreta – era o óbvio. Afinal, é uma figura pública e precisa dar satisfações à sociedade, sobretudo quando é um dos nomes cotados para a disputa pelo Senado Federal, em 2018.
Agora, diante da repercussão, deveria ter falado sobre o assunto ao invés de apenas convocar a tropa tucana.
Se Vilela buscou ser discreto, a tropa de choque do “ninho tucano” não. No dia de hoje, 27, a Executiva estadual do PSDB divulgou uma nota à imprensa em que os principais tucanos do Estado atestam a lisura do governador. Entre eles, até o deputado estadual Rodrigo Cunha (PSDB) e o prefeito de Maceió, Rui Palmeira (PSDB).
Destaco Cunha por ser um dos principais nomes em ascensão dentro do partido. Destaco Rui Palmeira por ser a principal liderança no processo político que visa 2018.
A nota diz que os serviços prestados por Teotonio Vilela Filho à política e ao desenvolvimento do Brasil e de Alagoas, como senador e governador, “são inquestionáveis na lisura e no compromisso público”. “Em toda sua trajetória, Teotonio sempre assumiu, de frente, postura irretocável contra a corrupção e em favor da ética na política”, complementa ainda a nota.
Vilela é classificado como “democrata por formação”. Mas, em momento algum alguém acusou o governador do contrário. De fato, na gestão de Vilela as relações republicanas e democráticas eram visíveis. Podia-se discordar dos rumos do governo, criticá-lo (como muitas vezes fiz) e até apontar condutas que eram erradas, como assim opinei em muitos momentos.
Mas nunca se deixava de ter uma resposta do governador – na busca por dar satisfações – ou do próprio governo.
Todavia, o ponto central da reportagem da Folha é outro: a acusação de desvios de recursos nas obras do Canal do Sertão. O mérito é outro.
Não se diz que a obra não é estruturante, muito menos se nega a sua importância para o desenvolvimento e a qualidade de vida dos alagoanos. Não é a obra em si que é atacada, mas a relação entre a empreiteira e o ex-governador de Alagoas. Claro, não se pode fazer pré-julgamento. Sendo verdade que Vilela é nome presente entre os pedidos de investigação, que se investigue. Assim, se possa confirmar a sua inocência.
Nenhum homem público – por melhor que tenha sido o seu governo – é inquestionável. Agora, se há indícios ou não do que a Folha mostra, é outra história. Daí a necessidade de se “cair” o quanto antes o sigilo em relação à nova lista do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Saber quem de fato vai ser investigado ou não é vital para este momento, já que o que mais surgem são especulações.
Como tratei do assunto aqui, repito: não fiz e não faço prejulgamentos em relação a Teotonio Vilela Filho. Mostro, entretanto, a gravidade do que é dito pela Folha de São Paulo, pois se tem em foco a mais importante obra hídrica do Estado de Alagoas e um ex-governador. São os mesmos apontamentos que faço em relação às denúncias – já em inquéritos – contra o senador Renan Calheiros (PMDB). É o mesmo ponto que chamei atenção para a possível presença do nome do atual governador Renan Filho (PMDB) na “lista de Janot”.
Inclusive, no caso de Renan Filho disse a mesma coisa: são informações extra-oficiais. Especulações com base em fontes que os jornais estão ouvindo.
Que se passe a limpo.
Que o PSDB defenda Teotonio Vilela Filho com tanta veemência é natural. Afinal, não se trata apenas do ex-governador, mas do legado do ninho tucano em um momento onde tais informações podem ter reflexos políticos.
Agora, seria justo – já que o assunto repercutiu – que o próprio Teotonio Vilela Filho, seja por meio de nota ou de outra forma, comente ele mesmo esta questão aos alagoanos e não somente à Folha de São Paulo de forma muito discreta ao ponto de ser apenas o “rodapé” da matéria.
Em Alagoas, ao ser alvo de matéria semelhante, Renan Filho falou.
Repito pela terceira vez: o ex-governador não pode ser prejulgado. Mas, se há indícios deve sim ser investigado.
O “ninho tucano” presta solidariedade ao seu presidente estadual. Assinam a nota, o ex-senador João Tenório, o deputado federal Pedro Vilela, o prefeito Rui Palmeira, os deputados estaduais Rodrigo Cunha, Gilvan Barros Filho, Edival Gaia e os demais tucanos Álvaro Machado, Claudionor Araújo, Jorge Dantas, Solange Jurema, Adriana Toledo, Sonaly Bastos e Jarbas Omena.
Leia a nota na íntegra:
NOTA OFICIAL Os serviços prestados por Teotonio Vilela Filho à política e ao desenvolvimento do Brasil e de Alagoas, como senador e como governador, são inquestionáveis na lisura e no compromisso público. Em toda sua trajetória, Teotonio sempre assumiu, de frente, postura irretocável contra a corrupção e em favor da ética na política. Democrata por formação e convicção, Teotonio foi o senador e o governador de todos os municípios alagoanos, tendo em cada um deles obras estruturantes para o desenvolvimento, a melhoria da qualidade de vida e o futuro do nosso povo, e é um dos políticos que honram Alagoas com trabalho e com responsabilidade pública. O PSDB de Alagoas reafirma sua confiança e manifesta total solidariedade ao seu presidente, Teotonio Vilela Filho.
Executiva estadual do PSDB de Alagoas
João Tenório
Pedro Vilela
Rui Palmeira
Rodrigo Cunha
Gilvan Barros Filho
Val Gaia
Álvaro Machado
Claudionor Araújo
Jorge Dantas
Solange Jurema
Adriana Toledo
Sonaly Bastos
Jarbas Omena
Maceió, 27 de março de 2017
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