Transformar um limão em uma limonada. Eis a filosofia que deve se fazer presente nas ações e discursos do senador Renan Calheiros (PMDB). Fora da presidência do Senado Federal, Calheiros tem trabalhado mais no Estado de Alagoas, mas com uma perspectiva eleitoral.
Isto inclui dois eixos: 1) saber atacar os adversários de forma cirúrgica e estratégica. Entre estes, está o atual prefeito de Maceió, Rui Palmeira (PSDB); e 2) montar uma agenda positiva em torno de seu nome diante dos desgastes que sofreu quando ocupava a presidência do Senado e foi um dos alvos da Operação Lava Jato (aliás: ainda o é!).
O enxadrista-mor da política alagoana tem conduzido seus passos de forma planejada. Encontrou o mote do discurso: aproveitar as fraquezas do presidente Michel Temer (PMDB) - que sofre com a avaliação popular - e ser o antagonista a Temer dentro do PMDB.
Isto reflete na imprensa nacional e local.
Calheiros conseguiu sair do foco do noticiário de forma negativa como um "opinador crítico" em relação às ações do Governo Federal. Hoje, são aparições positivas.
Fez isto em relação ao discurso de Temer no Dia das Mulheres, ao afirmar que o presidente da República foi infeliz. Porém, não parou por aí: Renan Calheiros denunciou influência de Eduardo Cunha (PMDB) no governo de Michel Temer e se tornou um ferrenho crítico da Reforma da Previdência.
Não é sacrifício para Renan Calheiros assumir tal posição. Afinal, sua relação de bastidor com Michel Temer já é conhecida. Assim como não existe (e nunca existiu) PMDB nacional unido. Renan Calheiros, como é dito popularmente, junta a fome à vontade de comer. O prato principal é Michel Temer. Com isto, nacionalmente Renan Calheiros sai - ao menos na imprensa - do foco da Lava Jato e ainda ganha o apoio de opositores de Temer no discurso.
Em temas onde o governo federal está flagrantemente errado, Renan Calheiros busca um protagonismo. É de uma esperteza ímpar. Por sinal, foi com a mesma estratégia que Calheiros se descolou do PT quando este estava prestes a cair do comando federal. Mesmo tendo sido um homem de confiança de Dilma Rousseff (PT), deu suas estocadas quando era conveniente, bem como assumiu a postura de "isento" quando era de seu interesse.
Renan Calheiros não dá ponto sem nó. E seu interesse é retornar à Brasília (DF) como senador da República. Sabe que o cenário não é fácil, mas sabe de sua força.
Ao mesmo tempo que trabalha nesta agenda, Renan Calheiros se dedica a questões locais, que chegam até a ser picuinhas de um processo político que visa minar adversários. Uma delas - como já comentado no blog - foi descer do Monte Olimpo para atacar a gestão de Rui Palmeira quando ao transporte público municipal, por exemplo.
Não é que Renan Calheiros esteja errado nas críticas, mas é algo que jamais faria se não houvesse um motivo para além do discurso, entende?
Se é assim em Alagoas, é assim em Brasília...
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