Perguntar não ofende! Partindo deste pressuposto e com base em uma nota da Coluna Labafero – aqui do CadaMinuto – eu pergunto: se o prefeito de Maceió, Rui Palmeira (PSDB), pretende mesmo designar – entre os seus assessores – um “porta-voz” para responder ao grupo dos Calheiros (o senador Renan Calheiros e o governador Renan Filho), é interessante observar que a conta pode ficar com o contribuinte. Afinal, quem banca os seus assessores?

Uma coisa é a Prefeitura responder às críticas que recebe por parte do senador Renan Calheiros (PMDB) que, esta semana, resolveu descer do Monte Olimpo – uma vez que não é mais presidente do Senado Federal – para lembrar dos problemas do cemitério em Maceió e da questão envolvendo a passagem de ônibus. Ora, Renan Calheiros não demonstra uma preocupação sincera, mas faz deste momento de polêmicas que enfraquecem Rui Palmeira o seu palanque. Engana-me, Renan...se puderes!

Todavia, são legítimas as críticas de Renan Calheiros. Afinal, é a política. Agora, isto não impede as reflexões sobre as motivações. Neste cenário, é justo que a Prefeitura de Maceió responda. Só me espanta que a resposta não venha do próprio prefeito. Mas, comentarei isto mais abaixo.

Isto é um ponto. O outro é escalar o “oficial-respondedor” de Rui Palmeira. Que função interessante em um organograma, não é mesmo? Vale lembrar que do outro lado a prática também já se fez presente: assessores escalados para funções específicas. Que jogo! Que conta!

É muito interessante observar a briga dos grupos políticos – um liderado pelo PMDB e outro pelo PSDB – e a forma como as máquinas públicas podem ser usadas neste processo. Quem tem acompanhado o confronto de órgãos estaduais e municipais em releases oficiais, sabe o quanto o “jogo político” se faz presente nas entrelinhas.

Na Coluna Labafero, é dito que Welisson Miranda – assessor especial do prefeito – foi escalado para a função de partir para o ataque contra os Calheiros.

Bem, que tanto o prefeito quanto o governador saibam separar as coisas. Uma é a visível antecipação do xadrez político; a outra são as funções institucionais que eles exercem e que – em muitos momentos – cobram o entendimento para que isto não interfira no trabalho de órgãos que possuem parcerias. O clima de animosidade política, quando extrapola fronteiras, lembra um antigo dito: na briga entre dois elefantes só quem sai perdendo é o solo onde eles pisam.

Que este “bateu, levou” – anunciado pela Coluna Labafero – não seja custeado com recursos públicos e que não venha a atrapalhar políticas institucionais, se tornando algo presente na cabeça de cada um dos funcionários de primeiro escalão, estejam eles no governo do Estado ou na Prefeitura Municipal de Maceió. A nota da Labafero – portanto – tem mais entrelinhas do que se pensa.

Que o senador Renan Calheiros (PMDB) – em sua passagem por Alagoas – antecipou o processo eleitoral e mira no prefeito, ninguém duvida. Não é segredo como Calheiros age na política de bastidores, organizando o xadrez e direcionando as ações de forma a minar os adversários e fortalecer o seu grupo. Tanto que se preocupou até em conversar com vereadores do PMDB.

Quando Renan Calheiros – por exemplo – foi à Rádio Correio para criticar a gestão de Rui Palmeira, está mais do que correto a Prefeitura Municipal de Maceió responder. Pois, não se trata de um ataque ao senador, mas da defesa da gestão. É legítimo que seja feito. Não há nada de errado nisto. Mas, há um limite.

E a resposta do assessor foi muito bem construída: “O senador vende o discurso da crítica sobre o reajuste da passagem de ônibus em Maceió, mas silencia sobre o aumento exorbitante que o filho dele, governador Renanzinho, deu ao transporte intermunicipal”. Só me espanta que ela não venha do próprio prefeito.

É o estilo Rui Palmeira. Lembram da campanha? Nos momentos em que a resposta era mais dura, era escalado um assessor. Lembram da coletiva do ex-procurador Ricardo Wanderley para falar ações contra o deputado federal Cícero Almeida (PMDB), na época candidato? Pois é...

Mas, o fato é que esta briga tem “limites tênues” e se os grupos políticos envolvidos não entenderem quais são, não apenas anteciparão um processo eleitoral, mas um cenário de guerra e de uma administração torcer contra a outra, quiçá sabotagens em nome da política. E aí, advinha quem perde? Com certeza não é Rui, nem Renans.

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