O advogado de defesa dos acusados na morte do médico e ex-vereador do município de Anadia Luiz Ferreira de Souza garante que durante todo o curso de investigação e nos procedimentos para as audiências de instrução não ficou constatado nenhuma prova real que ligasse a ex-prefeita Sânia Tereza e o ex-esposo Alessander Leal ao assassinato.

Raimundo Palmeira afirma que acusação “caiu por terra” quando durante o processo de instrução ficou provado que não havia motivação política para que o homicídio fosse ordenado pelos dois. Ele detalhou que o suposto crime político foi levantado por pessoas que eram adversários de Sânia, na época.

“Não existia essa desavença política. Tanto na véspera do crime o Dr. Luiz e a Sânia foram vistos saindo abraçados da prefeitura e temos áudios da própria rádio de Maribondo, onde a Sânia já havia falado que iria apresentar o Dr. Luiz como seu sucessor”, detalhou a defesa.

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Para o advogado, a acusação chegou a mudar a linha de investigação diante da ausência de provas que ligasse a um crime política, tornando agora a principal acusação como “queima de arquivo”.

“Isso baseado que o Dr. Luiz teria descoberto um desvio de recursos na prefeitura. Mas como isso pode ser sustentado se Sânia nunca foi acusada ou condenado por algum tipo de desvio? Então a defesa só afirma que toda a acusação levantada até hoje foi baseada em ilações, sem a apresentação de prova alguma contra os dois”, acrescentou Palmeira.

O crime

Após revelar em uma entrevista na rádio de Maribondo, que estava disposto a brigar pela prefeitura de Anadia, o médico e ex-vereador do município, Luiz Ferreira de Souza, foi vítima de uma emboscada e morreu após ser atingido por 13 tiros quando retornava ao município.

No dia 12 de setembro do decorrente ano, Sânia Tereza foi presa, quando a Polícia Civil deflagrou uma Operação de Força-tarefa na cidade de Anadia. Na ocasião, também foram presos o ex-marido dela e um policial militar. No relatório entregue à Justiça, a polícia concluiu que o médico e parlamentar de Anadia foi morto porque representava um grande obstáculo para os interesses políticos da prefeita. Em 21 itens, foram relacionadas todas as provas técnicas e evidências durante as investigações que duraram quase dois meses.

Com base em depoimentos, documentos, provas técnicas e laudos periciais, os três delegados que investigaram o caso indiciaram Sânia por homicídio qualificado e formação de quadrilha.