Conversei com o deputado estadual Bruno Toledo (PROS) sobre a “confusão” que foi a eleição da nova Mesa Diretora da Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas no dia 1º de fevereiro. Insisti diversas vezes em saber quem teria votado nele para presidente, pois Toledo quase – por muito pouco – vence o atual presidente Luiz Dantas (PMDB) em um embate que gerou trocas de acusações para todos os lados.

Na entrevista, Toledo explica o processo e como lançou sua candidatura. Mas, não revela – mesmo quando indagado diversas vezes (eu juro que tentei!) – quem votou nele. Entendo as razões políticas do deputado. Afinal, a vida segue em frente e ele se preserva. Confiram a entrevista na íntegra na postagem anterior.

Toledo nega ter traído alguém ou firmado compromisso com Luiz Dantas.

Mas, eis que fiquei curioso: afinal, quem votou em Bruno Toledo? Por qual razão a pergunta é importante? Bem, ela expõe o “racha” que houve na Assembleia Legislativa em relação ao nome de Luiz Dantas e, mais que isto, mostra que a bancada do PMDB não anda tão unida assim no entorno do presidente da Casa que agrada o governador Renan Filho (PMDB).

Bruno Toledo diz apenas que esperava 10 votos (contando com o dele mesmo). Logo, nove deputados hipotecaram apoio a ele. Isto segundo o próprio parlamentar do PROS. Porém, no primeiro turno ele teve 12 votos. Como 9 menos 12 é igual a três, pelo menos três parlamentares afirmaram que votariam em Dantas de qualquer jeito, mas não fizeram.

Não possível afirmar quem votou em Bruno Toledo, mas é possível ter uma ideia por uso da lógica. Vejam: Toledo esteve reunido – para articular o corpo da chapa e não sua cabeça – com os seguintes parlamentares: Marcelo Victor (PSD), Severino Pessoa (PSC), Jairzinho Lira (PMDB), Davi Davino (PMDB), Dudu Holanda (PSD), Marcos Madeira (PMDB), Gilvan Barros (PSDB), Thaíse Guedes (PMDB), Léo Loureiro (que representou os interesses de João Beltrão (PRTB)), Galba Novaes (PMDB), Francisco Tenório (PMN), Antônio Albuquerque (PTB) e Tarcizo Freire (PP). Mas também teriam hipotecado apoio a este grupo os parlamentares Sérgio Toledo (PSC) e Ricardo Nezinho (PMDB).

Como foram a estes que Toledo anunciou sua intenção de candidatura e angariou o apoio de nove, então o parlamentar do PROS teve votos oriundos daí. Não creio que Antônio Albuquerque tenha votado em Toledo por arestas do passado. Os dois chegaram a bater-boca na imprensa. Então, o excluo. Sobram seis peemedebistas na conta: Thaise Guedes, Galba Novaes, Marcos Madeira, Davi Davino, Ricardo Nezinho e Jairzinho Lira. Toledo revelou que Nezinho externou seu compromisso com Dantas. Resumimos a lista de peemedebistas para cinco. As outras possibilidades de votos estão nos outros partidos.

Que houve votos em Toledo oriundos do PMDB houve. É uma questão lógica. Admitamos que Marcelo Victor, Severino Pessoa, Dudu Holanda, Gilvan Barros, João Beltrão, Francisco Tenório e Tarcizo Freire tivessem votado em Bruno Toledo. Seriam apenas sete. Exclui Sérgio Toledo porque – segundo o próprio Bruno Toledo – ele lembrou seu compromisso com Dantas. Então, se todos votaram em Bruno Toledo, o que acho difícil, teríamos ainda dois peemedebistas. Isto sem contar com os votos que surgiram depois e que o próprio deputado do PROS diz não saber de onde veio.

Você pode indagar: mas e se Ricardo Nezinho confirmou apoio a Dantas, mas mudou de última hora? Eu lembro a você: ele é do PMDB. E quanto a Sérgio Toledo? Se ele tivesse confirmado apoio, mas mudado o voto. De todo jeito, Bruno ainda precisaria de votos do PMDB para chegar a 12.

Mas por que chamo atenção para os peemedebistas? Ora, é o partido de Luiz Dantas e do governador Renan Filho. Moral da história: podem existir insatisfações com Dantas dentro da própria bancada do PMDB. Dificilmente alguns destes peemedebistas aqui citados não votaram em Bruno Toledo. Houve quem votou com certeza, pois é a lógica.

Até porque ele teve mais que os nove votos compromissados, repito! Chegou a 12 no primeiro turno e 11 no segundo turno, repito! A candidatura de Bruno Toledo expõe justamente isto: um pequeno racha no partido do governador dentro da Assembleia. Resta saber os motivos.

Claro: a insatisfação não é com o governador, mas com alguma coisa envolvendo o PMDB na Casa ou com o próprio Luiz Dantas.

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