O Partido Socialista Brasileiro (PSB) lançou uma nova propaganda para atrair filiados. É direito e deve fazer. A questão é o discurso que constrói – típico do marketing – para se mostrar acima do mar de lama da política nacional. O PSB quer ser a “nova esquerda” ou a “esquerda moderninha” cheia de amor e democracia a oferecer. Movimentos neste sentido, diante do que sofreu e sofre o Partido dos Trabalhadores serão muitos. Até a Luciana Genro (PSOL) está por aí com discursos onde fala da “ilegitimidade” do “governo de Dilma Rousseff”. Levou vaias de uma platéia de esquerda, mas Genro falou. É que eles entenderam que a hegemonia acabou e que há uma forte rejeição aos extremismos da esquerda.

Porém, mais que uma bela propaganda de marketing é preciso muito mais.

Se o PSB quer ser o "isentão" e criticar a "esquerda radical", uma só pergunta: por qual razão o partido é "sócio" do Foro de São Paulo? O partido é participante da organização que agrega o radicalismo que ele condena, incluindo ideias stalinistas. É coadjuvante de uma entidade que - nas palavras de Fidel Castro - pretende “recuperar na América Latina o que se perdeu no Leste europeu”. Isto foi dito em 1990 na fundação do Foro de São Paulo.

Precisa explicar o que é que se perdeu no Leste Europeu? União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, meus caros! Claro que não nos mesmos moldes, mas os ideias e a forma de agir se fazem presente no Foro de São Paulo que tão bem foi abraçado pelo PSB.

Se o PSB pediu a saída, o fez em silêncio. Mas no site do Foro está lá o PSB como membro. O Foro então é algo ruim para vocês por conter a esquerda que vocês dizem rejeitar?

Por qual razão não aproveita a propaganda para explicar esta contradição e condenar o Foro de São Paulo?

Não faz!

Faz a estratégia de se mostrar o “diferentão” e ao mesmo tempo "esquerda democrática". Enquanto isso, usa uma parte do programa para definir liberalismo como bem entende; nos moldes do livro do MEC. Pior: ainda associa liberalismo e conservadorismo em sentido filosófico como se andassem juntos sempre. Não andam, filhinhos. Há divergências, mesmo que existam sim pontos em comum.

E coloca ideias de liberdade como sendo a mesma coisa que o stalinismo. Ah, que preguiça!

É pra fazer de espantalho aquilo que não é esquerda, pois querem o monopólio da virtude para si.

Em que pese conservadores moderados defenderem muitas teses liberais, como na economia, não se abraça a postura como um todo. E esta divergência já se começa a se fazer visível no Brasil. Tenho amigos conservadores e amigos liberais. Eles sabem bem disso.

Outra mentira é a apresentação que faz do espectro político brasileiro. Que eu sabia só dois partidos hoje carregam em suas definições ideias mais liberais: PSL e NOVO. Encontra-se alguma coisa lá no Democratas, que há muito já se distanciou de sua raiz e virou coadjuvante do ninho tucano (que é um partido social-democrata e COVARDE). Que eu sabia, um partido tem alguns quadros conservadores no PSC, mas é pífio ainda...

Mas, em regra: temos sempre o mesmo establishment desde a fundação da República como mostra Raimundo Faoro em Os Donos do Poder.

O que o PSB faz é a "estratégia das tesouras".

Quer ser o diferentão, PSB? Quer? Então rejeita o Foro de São Paulo em nota oficial? Condena os parceiros radicais que lá estão em nota oficial? Diz o que é ou foi (pois dizem que ele perdeu poder) o Foro e por qual razão vocês abraçaram a ideia? Vamos lá!

Mas é assim: o PSB faz a campanha para o momento. Afinal, é preciso ser algo novo diante da descrença na política e da tragédia do PT, que permitiu que se furasse o bloqueio e se criticasse a esquerda como "nunca antes na História deste país".

Estou no twitter: @lulavilar

Eis o vídeo: https://www.facebook.com/psbnacional40/videos/1258810064211384/