Em breve, o senador Renan Calheiros (PMDB) deixará o comando da presidência do Congresso Nacional. A questão que se abre agora é o futuro político do senador que, além de trabalhar buscando manter os espaços de poder em Brasília, também se prepara para o processo eleitoral de 2018.
Calheiros disputará uma das mais difíceis eleições que já teve. Além dos muitos pré-candidatos que despontam para as duas vagas que serão abertas no Senado, há o desgaste que sofre por conta das acusações e inquéritos oriundos da Operação Lava Jato.
Renan Calheiros está acostumado a “montar o xadrez eleitoral”, como fez em 2010, quando conseguiu limpar o caminho para a sua reeleição. Todavia, com dois grupos políticos bem desenhados para 2018, pode ter como rivais o ex-governador Teotonio Vilela Filho (PSDB), o atual senador Benedito de Lira (PP) e o ministro dos Transportes, Maurício Quintella Lessa (PR). Em seu grupo, ainda há pré-candidatos como o ministro do Turismo Marx Beltrão (PMDB). Conciliar interesses não será tão fácil como já foi um dia.
De forma mais urgente, Renan Calheiros – segundo bastidores políticos – trabalha para ocupar a liderança do PMDB na Casa. Ele já desempenhou tal função. Mas, apesar do poder, há resistência ao seu nome. O motivo? Os inquéritos da Lava Jato. Pesa também a relação conturbada com o presidente Michel Temer (PMDB).
Há quem veja em Renan Calheiros como líder um constrangimento. Isto é dito com todas as letras pelo senador Roberto Requião (PMDB), por exemplo, na declaração que deu ao O Globo. O nome que também se encontra na disputa é o de Eduardo Braga (PMDB). Ele não bate de frente com Calheiros, mas afirma que a liderança precisa ser renovada.
A tese de Braga é que o PMDB abra espaço para novas caras diante dos desgastes que o partido vem sofrendo. Porém, Renan Calheiros tem poder e, consequentemente, aliados. João Alberto (PMDB) – também em entrevista ao O Globo – defendeu o alagoano como “grande líder”.
Sobre os inquéritos, Renan Calheiros diz ter confiança que todos serão arquivados. Argumenta a falta de consistência e provas das denúncias levantadas. O senador alagoano também mostra, em entrelinhas, que não está disputando liderança, mas se sente “honrado” ao ter seu nome lembrado. É a mesma postura de quando disputou a reeleição da presidência no Senado Federal. Fazia de conta que não tinha tanto interesse enquanto costurava nos bastidores. É o jeito Renan Calheiros de ser...
O fato é que sem espaço Renan Calheiros não quer ficar. Ser um “simples” senador não é para Renan Calheiros.
A liderança do PMDB na Casa não é disputada apenas por Renan e Braga. Quem tenta o posto é Raimundo Lira (PMDB). Vale lembrar que a posição é de extrema relevância. Afinal, o partido tem a maior bancada com 19 senadores e é a sustentação principal do governo de Michel Temer.
Renan Calheiros como líder terá muito poder junto ao presidente. Além disto, a influência para indicar uma série de comissionados, fora os cargos indiretos.
E se Renan Calheiros não for líder? Segundo O Globo, o senador alagoano pode ser agraciado com a presidência da Comissão de Constituição e Justiça, o que também representa poder junto ao Executivo, em função das pautas. Ou seja: Renan Calheiros – de alguma forma – ainda terá espaço para dar as cartas...
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