Enquanto vivi nos Estados Unidos (2001-2005), uma coisa que me chamou muito a atenção e me comoveu foi o uso, por assim dizer, patriótico, do pronome pessoal "We". Ouvi “vezes sem conta” afirmações como
- We have three aircraft carriers in the Pacific.
- We could use our power more than we do.
- We don't need to understand these terrorists, we need to cut their throats
E, até mesmo, o enfático:
- I hear people say that we suck. We don't suck!
Isso me foi dito por um rapaz que me defendia energicamente a melhora da equipe americana de soccer.
"We", "We", sempre "We...
Os políticos também fizeram e fazem um uso extenso desse "We".
- "We choose to go to the moon" (Kennedy)
- "We shall pay any price..." (Kennedy, em defesa da missão americana no mundo)
- "We win, they lose" (Reagan, acerca do desfecho da Guerra
E nem o traste do Obama ousou destoar:
"Yes, we can"
"We", "We", sempre "We".
Ah, se não é "We", é "Our".
"Our Nation's Capital" - Forrest Gump e por aí vai...
O brasileiro sempre trata de seu país na terceira pessoa. (Abro aqui uma possível exceção para a Seleção Brasileira em tempos de Copa do Mundo).
Ora, por quê?
Minha conjectura pessoal é que os americanos se sentem literalmente DONOS do seu país. Seu exército, seus sucessos, seus planos ... até o seu soccer LHES pertence.
O brasileiro vê o seu governo, suas instituições etc, se não propriamente como um corpo estranho, no mínimo, como algo que lhes é externo, separado, alienado.
Há nos Estados Unidos um sentido de missão comum, de "Estamos todos juntos nessa", que NUNCA criou raízes no Brasil.
Seria essa outra das razões de sua grandeza? E o que a diferença revela sobre nossa estreiteza?