É verdade que o senador Fernando Collor de Mello (PTC) está agora muito próximo do grupo político do prefeito de Maceió, Rui Palmeira (PSDB). É verdade também que isto diz muito sobre as perspectivas para o ano de 2018, quando teremos eleições governamentais. O silêncio de Rui Palmeira – por exemplo – diz muita coisa.

O prefeito nunca rechaçou a possibilidade de ser candidato ao governo, ele opta pelo silêncio de “não negar, nem confirmar”. Com isto, é possível perceber que o tucano anda – como diz o dito popular – “com um olho no peixe e outro no gato”. Isto dá uma vantagem já que Renan Filho (PMDB) é candidato natural à reeleição, logo terá maior vitrine para atrair mais pedras.

Palmeira observa o caminho e o possível cavalo selado. Por isto, amplia seu grupo político. Trouxe o senador Fernando Collor de Mello, mantém a parceria com o deputado federal Ronaldo Lessa (PR) e deu mais espaço ao homem de confiança do ministro dos Transportes, Maurício Quintella Lessa (PR), que é no caso em questão o secretário de Infraestrutura, Ib Brênda.

Como já é praxe na política alagoana, o desenho que começa a ser feito agora apresenta as suas curiosidades, como a possibilidade de termos Teotonio Vilela Filho (PSDB) e Fernando Collor de Mello (PTC) no mesmo palanque. Foram rivais ferrenhos nos últimos anos.

Mas se há o ditado de que política é como nuvem no céu: você olha e está de um jeito, baixa a cabeça e olha de novo e tudo mudou, este dito vale muito mais para Fernando Collor de Mello. Collor é uma esfinge que, mesmo dentro de qualquer grupo, sempre pensa nas possibilidades que se abrem para ele mesmo e sua sobrevivência na política. Olhando com a óptica da perspectiva histórica não foi fácil o retorno collorido.

Ao sair da presidência como saiu, Collor foi jogado ao ostracismo e tido como carta fora do baralho. Tanto que antes de retornar tentou ser candidato em São Paulo, ser governador de Alagoas e não obteve êxito.

Não será surpresa se lá na frente – ainda tendo quatro anos de mandato pela frente – o senador do PTC escolher “tumultuar” lançando uma candidatura ao governo.

O fato é que, neste momento, Collor se distancia do senador Renan Calheiros (PMDB) e do governador Renan Filho (PMDB). Já tinha feito isto no processo eleitoral de 2016, quando apoiou candidato de seu partido, Paulo Memória (PTC), na disputa pela Prefeitura de Maceió. As chances de Memória eram mínimas, como se confirmou nas urnas. Então, não foi o peso de Memória que criou a aliança com Rui, mas o peso de Collor. Em todo caso, Fernando Collor de Mello nem ficou com o governo do PMDB, nem com Rui Palmeira. Esperou para ver!

É o mesmo Collor de 2006 que – depois de muito silêncio – se lançou ao Senado Federal. Surpreendeu o então candidato (e hoje deputado federal) Ronaldo Lessa e roubou-lhe a eleição. É o mesmo Collor de 2013 que costurou ser o candidato ao Senado no grupo de Renan Calheiros, apoiando Renan Filho ao governo e derrotando Heloísa Helena (Rede). Naquele momento, apenas uma vaga em disputa. Sempre é o mesmo Collor do bloco do eu sozinho, com alguns personagens políticos que orbitam em torno dele, mas que não o ameaça.

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