A cada atentado terrorista há quem – na imprensa – se surpreenda com os acontecimentos. No entanto, a surpresa parece ser fruto do desconhecimento do que vem causando tais atos, da ignorância ou em alguns casos da má-fé. Some-se a isto a dificuldade de dar “nomes aos bois”, de tratar as coisas pelos nomes que elas possuem, ao politicamente incorreto e a censura ideológica. É o coquetel perfeito para a perdição e ausência da análise dos fatos e até mesmo do desvirtuamento do mais simples acontecimento: alguém que mata o outro ao vivo e com câmeras gravando tudo passa a ser um “mero suspeito”.
Tristes tempos quando a lógica manda uma leve lembrança de que já existiu...
Há anos, várias obras e especialistas, estão chamando atenção para movimentos nefastos em todo o globo terrestre que visam o enfraquecimento das soberanias nacionais, como os interesses da elite globalista que acalenta o sonho da Nova Ordem Mundial (e aqui indico o excelente livro Introdução à Nova Ordem Mundial de Alexandre Costa), a perseguição aos cristãos (a religião mais perseguida do mundo conforme dados), o relativismo do secularismo multiculturalista e o sentimento de ódio ao ocidente fomentado por significativa parcela do islamismo. E avisam o quanto isto tem a ver com a subversão da linguagem. O romancista George Orwell em 1984 já apontava isto.
Em um artigo, é complicado tratar de tudo, mas ontem – mais uma vez – se viu uma série de atentados ligados a crenças islâmicas em países ocidentais. Não se pode fugir desta realidade. Mas, parcela da imprensa criou uma linguagem perfeita para fugir disto e amenizar as ciosas em nome do multiculturalismo. No passado, quando analistas chamaram atenção para as imigrações ocorrendo na Europa associadas ao discurso multiculturalista, estes foram tachados de xenófobos ou, no termo da moda, islamofóbicos, quando jamais se tratou disto, mas sim de um alerta que hoje enxergamos suas consequências práticas. Nunca se condenou todo e qualquer islâmico. É sabido que as ações vêm de um radicalismo. O problema é que tal radicalismo se apoia na própria religião, na Sharia.
É o que demonstra a escritora Ayann Hirsi Ali no livro Infiel (publicado, no Brasil, pela Companhia das Letras): há os radicais que partem para os assassinatos pela forma como enxergam todo e qualquer ocidental, em especial os cristãos; os moderados, que não praticam, mas não condenam tais atos e até concordam com eles e os reformistas, que buscam – estes sim – mudar as coisas. Em geral, como ocorre com a própria Ayann Hirsi, estes se encontram foragidos, com medo de morrer e em busca de ajuda. Hirsi teve coragem e quase paga com a vida.
Com o processo que ocorre na Europa, muitos buscam fugir destes cenários de terror e encontrar a prosperidade do ocidente, mas nestes movimentos estão aqueles que se infiltram e promovem a “islamização” do ocidente, atacando a cultura de outro povo de forma violenta, visando destruir os pilares destas, tendo o cristianismo como inimigo, não exercendo qualquer tipo de tolerância, mas – ainda assim – grande parcela da mídia classifica o país que acolhe estas pessoas e que possuem seus credos ameaçados de intolerantes. Ainda se é capaz de jogar a culpa no ocidente. Este é o fato tantas vezes escondido por um discurso politicamente correto e conveniente aos que querem uma censura ideológica prévia.
Fora isto, os demais fatores que parecem “impedir” setores da mídia de tratar os fatos como devem ser tratados. No recente caso envolvendo a morte do embaixador russo, foi impressionante a quantidade de jornais que se negaram, até o último momento, a tratar o criminoso como o terrorista que é. Palavras como “atirador” e “suspeito” saltavam aos olhos. Trata-se de um terrorista que fez questão de gritar a motivação do crime em alto e bom som, com vídeo de ótima qualidade por sinal – já que o evento tinha cobertura da imprensa – servindo de prova. Mas, para a imprensa brasileira isto é muito pouco. Afinal, acreditar nos próprios olhos é abrir mão do discurso politicamente correto que adotam no cotidiano.
Como indaga Groucho Marx, você vai acreditar em mim ou nos seus olhos? É uma pergunta que deveria ter soado na cabecinha de muito jornalista nas redações pelo país afora.
Vejam o caso do Estadão: o jornal estampou a foto do terrorista com dedo em riste e arma em punho, estando este ao lado do corpo do embaixador. Era muito mais que “batom na cueca”. Porém, o veículo preferiu escrever que “homem armado – possivelmente o autor do ataque – gesticula ao lado do corpo do embaixador russo (...)”. Provavelmente é o cacete! Estamos diante de um fato desnudado e completamente compreensível, mas para a imprensa ainda é “muito cedo para fazer suposições”.
Claro que – como disse no início deste artigo – num ambiente como este se compreende que jornalistas se espantem tanto quando os acontecimentos fogem a cartilha, como foi com o Brêxit na Inglaterra ou a eleição de Donald Trump. Não se olha para a realidade, mas para aquilo que gostariam que ela fosse. Como se o real vestisse a camisa de força das ideologias.
É de se dizer, ironicamente, “Esqueçam História. Fiquem nessa de multiculturalismo. O historiador Cristopher Dawson e tantos nada possuem a dizer. O certo é só o aqui e o agora e o sentimentalismo tóxico, como tão bem carimba o autor Theodore Dalrymple”. A imprensa despreza os fatos para não ser islamofóbica. Abraçar aqui o politicamente correto e a censura ideológica é colocar a cabeça na guilhotina e ao mesmo tempo ter orgasmos múltiplos na defesa do carrasco! Mas para quem tá encharcado de secularismo a coisa mais difícil é compreender a realidade. Não por acaso, o sujeito vive se surpreendendo...
Deve haver uma cartilha com os seguintes passos: 1) o terrorista é só suspeito; 2) é preciso encontrar uma forma de culpar o capitalismo e o opressor ocidente; 3) estamos diante de mais uma chance de nivelar todas as religiões e cantar Imagine; 4) o discurso multiculturalista nada tem a ver com isso; 5) a culpa é da arma de fogo; 6) se não fosse o Trump e similares nada disso acontecia; 6) é preciso se surpreender com as consequências do radicalismo islâmico, mas nunca lembrar que ele encontra apoio entre não radicais também.
Estou no twitter: @lulavilar