E uma matéria do "DEMOCRATIZE: a terceira via do jornalismo" indaga se o canal "Mamãe Falei" tem a autorização dos pais para gravarem seus vídeos questionando os alunos sobre o motivo das ocupações das escolas. Afinal, alegam: quem ocupou as escolas é de menor.
Pela lógica da própria matéria, eu indago: os alunos adolescentes possuem a autorização expressa e registrada dos pais para ocuparem as escolas? Afinal, são menores. Em sendo menores, qual lei abriga a "greve de estudantes adolescentes" ocupando espaços públicos? Já que agora eles falam em legalidade, creio que as perguntas são válidas. E estas são apenas algumas possíveis.
Há mais: é legal que os menores ocupem as escolas impedindo os que querem estudar entrem nelas e tenham aulas? É legal que os menores tenham trancado uma escola impedindo que outros pais entrassem para saber o que estava acontecendo de fato lá dentro? Afinal, segundo o "Mamãe Falei" havia até denúncia de abuso sexual sendo cometido. Se verdade ou não, não se sabe...afinal, ninguém entra nas escolas...
O "Mamãe Falei" até chegou a mostrar que conselheiros tutelares impediam a entrada de pais em uma das escolas. Afinal, para que pais diante da rebeldia juvenil que pode ocupar tudo e decretar suas próprias regras, não é? Eis aqui um dos vídeos:
Enfim, há uma série de questões legais envolvendo esta ocupação! Querem mesmo falar de legalidade, então questionem todos os pontos possíveis que dizem respeito às leis. Não queriam apenas simular um discurso legalista que não se sustenta - que em sua essência é desonesto - de "proteger as imagens dos adolescentes", pois nestas ocupações quem mais se encontra desprotegido são os próprios menores, que são alvos de uma doutrinação ideológica absurda.
Prova de que se encontram desprotegidos: um deles morreu em uma escola ocupada. Voltarei ao assunto neste texto!
Vale lembrar do que adolescentes são capazes longe da vigilância responsável dos pais. Quem foi adolescente sabe disto. Quem tem dúvidas que procure a pesquisa PENSE do IBGE que retrata os desejos, ações e pensamentos de adolescentes e crianças após um questionário sobre diversos assuntos dentre os quais sexualidade e consumo de drogas.
Há escolas onde o MST está junto dando aula. Sem contar do prejuízo que os garotos e garotas estão sofrendo no momento em que o ENEM bate a porta. Sem contar que os prejudicados são alunos do ensino público, consequentemente - mais uma vez - os mais pobres.
O que se observa nas entrevistas coletadas pelo "Mamãe Falei" é o total desconhecimento das pautas que levaram às ocupações. Em uma delas, um aluno sequer consegue dizer o que significa a sigla PEC. Há ambientes para os alunos discutirem criticamente o que pensam sobre estes assuntos, mas o pressuposto da discussão crítica sobre tais temas é o conhecimento do que eles são e de suas fontes primárias, além do amplo debate com os lados da questão. Este ambiente se faz em uma escola plural e não naquela que é dominada por uma minoria organizada de uma corrente ideológica específica.
Isto está sendo completamente desprezado, pois os alunos são apenas massa a ser tangida em função de interesses que se escondem. Tais interesses são meramente político-partidário-ideológico. O que vem a criar e fomentar os idiotas úteis.
As consequências podem ser trágicas. Hoje, por exemplo, repito, um aluno morreu em uma escola. Segundo as informações iniciais, morto a facadas. Um fato grave! Não estou atribuindo o crime a qualquer grupo político. Isto tem que ser apurado. Estou dizendo que se não fosse um movimento meramente político, as escolas não estariam ocupadas e o garoto estaria vivo.
Portanto, estou afirmando que se as escolas não estivessem ocupadas, o aluno não estaria submetido a este risco, pois em tese estaria ali naquele ambiente a supervisão adulta e profissional que é paga para isto.
Neste caso, o Movimento Ocupa Paraná divulgou a seguinte nota:
"Nós do movimento Ocupa Paraná informamos preliminarmente, apesar da confirmação da morte de um estudante em uma escola ocupada em Curitiba, que não há nenhuma informação concreta sobre a motivação dessa morte e também nenhuma informação repassada aos mais de 10 advogados do movimento que estão proibidos de entrar no local para dar suporte aos outros estudantes da ocupação que estão lá dentro com a polícia civil.
Informamos que assim que tivermos informações mais detalhadas sobre o caso divulgaremos nota oficial do movimento sobre o ocorrido"
Não se lê uma linha de comoção em relação ao colega estudante morto. Não se lê um lamento pela perda de uma vida. E fala ainda da proibição de entrada de advogados no local. Querem os advogados presentes diante da entrada da Polícia Civil - que é paga para investigar o assassinato - e falam em "suporte aos outros estudantes".
Ou seja: a preocupação é meramente com o movimento em si e sua imagem. Nunca houve a preocupação com a imagem de menores. Caso existisse, não seriam eles próprios a divulgar imagens de garotos em discursos inflamados quando estes convém.
Quem merece algum suporte neste momento é a família enlutada, que precisa que as investigações avancem e mostrem o que de fato ocorreu. Que a Polícia faça o seu trabalho diante de uma tragédia que poderia ter sido evitada.
Por fim, chamo atenção mais uma vez para a nota: um movimento que se diz irmanado em uma causa que finge conhecer a fundo é incapaz de uma linha de solidariedade para com a família do adolescente que morreu. É incapaz de citar o fato como trágico, é incapaz de se solidarizar. Será que não estão diante de um cadáver, mas sim de um "fato ruim que pode trazer danos políticos ao movimento" e agora buscam ajustar discursos?
Adolescentes e crianças não podem ser usados desta forma em ocupações seja por quais motivos forem. Não são adultos que respondem por seus atos. Precisam de supervisão adulta e responsável dos pais, que por sinal parecem abandonar a função que possuem desde o dia em que a vida fez com que eles fossem pais.
Então que a Polícia Civil responda: quem estava na escola? Só adolescentes? Quem era o adulto com eles? Em que circunstâncias ocorreu a morte? Qual a motivação? São alguns dos questionamentos.
Quanto os autores da matéria que queria "proteger a imagem dos adolescentes" em relação ao "Mamãe Falei", agora também queiram respostas em relação ao ocorrido.
Estou no twtter: @lulavilar