Desde o auge da Operação Lava Jato são muitas as obras que estão sendo publicadas sobre a ação da Polícia Federal e os escândalos na Petrobras. Algumas delas, esclarecedoras, como o Assassinato de Reputações II de Romeu Tuma Júnior, por exemplo. Todavia, a jornalista Roberta Paduan foi além e trouxe - em um livro lançado pela editora Objetiva - um apanhado de escândalos ao longo da história da estatal.
Há pontos muito interessantes, como o fato de, já em sua fundação, o ditador Getulio Vargas se posicionar contra o monopólio, mas ser pressionado - inclusive pela oposição e alguns liberais - para estabelecer uma estatal que eliminasse qualquer chance de participação do setor privado. Uma contradição em nome da estratégia política de ser oposição.
Petrobras: Uma História de Orgulho e Vergonha é uma obra importante neste momento. Quem tem acompanhado a Operação Lava Jato lerá um livro que colocará pingos nos is. Além disto, realça o papel da Polícia Federal.
É possível perceber também que, apesar já existirem escândalos no passado, nunca houve a institucionalização da corrupção na empresa somada a decisões pautada pelas incompetência e/ou por interesses ideológicos como nos governos do Partido dos Trabalhadores. A estatal virou um antro de corrupção, de influência de sindicatos e partidos, de decisões meramente político-eleitoreiras, como comprova Paduan.
A jornalista não esquece do passado, mas o compara de maneira cirúrgica com o presente, inclusive mostrando os danos e as reflexões para o futuro. Mostra, por exemplo, que já havia problemas sérios na era de Fernando Collor de Mello (PTC), quando presidente, como houve problemas no Regime Militar; que nos governos tucanos se buscou pela primeira vez políticas empresárias e ainda assim a ingerência política trouxe danos à empresa, sendo estes pagos por todos os brasileiros.
Os aspectos econômicos de cada período também são analisados com competência por Roberta Paduan para apresentar a realidade com justiça. As dificuldades de conduzir a Petrobras - sendo ela uma “galinha de ovos de ouro” - se via desde os anos Sarnxey, quando a empresa teve cinco presidentes.
Seu primeiro grande escândalos estampou os jornais em 1988, numa reportagem da jornalista Suely Caldas, no Estado de São Paulo. Na época, três bancos privados haviam procurado o presidente da empresa para a denuncia: um funcionário da BR Distribuidora estava por trás de um esquema para saquear a estatal em conluio com instituições financeiras que aceitassem operar a fraude.
Houve investigação interna e pouca ação por conta de “amizades políticas”. O livro também explora - ainda na década de 1990 - as relações entre Fernando Collor de Mello e Pedro Paulo Leoni Ramos. Os dois personagens aparecem agora na Lava Jato na era PT.
Porém, mesmo diante de uma longa história com motivos de orgulho e vergonha, como mostra a jornalista, nada se compara aos tempos atuais, como se pode perceber do capítulo 10 em diante. A ânsia do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva, Lula (PT), em obter lucros políticos e governabilidade usando a Petrobras também se faz presente, bem como as discussões e “bate-cabeça” em relação a decisões fundamentais para a empresa. Quase sempre venciam os critérios políticos e os benefícios aos amigos.
Paduan também revela o que já é sabido: o mal das escolhas ideológicas para privilegiar parceiros internacionais como a Venezuela e a Bolívia. No caso da Venezuela, interferiu diretamente na questão da Refinaria Abreu e Lima. Há ainda um capítulo especial para explicar o caso Pasadena. Enfim, não se trata de uma obra sobre a Lava Jato, mas sobre a Petrobras. Porém, mostra de uma vez por todas o mal que foi o PT para a empresa, mesmo não tendo sido o único vilão da história da estatal. Além disto, apresenta a necessidade de olhar para o futuro e repensar estratégias que incluem o setor privado.
Estou no twitter: @lulavilar