Nada em política é coincidência. Quem nota as posições do prefeito Rui Palmeira (PSDB) nos debates eleitorais sabe que elas são calculadas, extremamente pensadas e discutidas com uma equipe. Palmeira demonstra frieza para fazer colocações cirúrgicas na tentativa de emparedar o adversário. Está muito bem treinado e concentrado em sua tarefa. 

Logo, não foi por acaso que o tucano conseguiu encaixar o nome de Renan Filho em suas respostas. Colocou o governador como alvo e, na sequência, o ligou a Cícero Almeida (PMDB) em função da parceria estabelecida. Além disto, ambos são do mesmo partido.

Todavia, quem tem acompanhado a campanha eleitoral também percebeu que Renan Filho tem se distanciado de Cícero Almeida no guia e nas atividades de campanha. No primeiro turno, o governador foi muito mais presente. Discordâncias na forma de conduzir a campanha? É o que apontam os bastidores. O jornalista Davi Soares, no Diário do Poder, mostrou estas divergências de visões na campanha de Almeida. Pode estar ali a resposta.

O fato é que Rui Palmeira busca “matar dois coelhos com uma única cajadada”. É fato que o PSDB tem buscado construir um projeto antagônico ao do PMDB no Estado de Alagoas. Inclusive, isto deve inviabilizar uma dobradinha entre o senador Renan Calheiros (PMDB) e o ex-governador Teotonio Vilela Filho (PSDB) na disputa pelas cadeiras do Senado Federal em 2018. 

É que dentro do grupo político de Rui Palmeira há nomes que podem se viabilizarem ao Senado Federal, como o atual Ministro dos Transportes, Maurício Quintella (PR) e até o deputado estadual Rodrigo Cunha (PSDB), além do próprio Teotonio Vilela Filho (PSDB). Ou seja: nem espaço para uma “aliança branca” parece haver. E independente de Rui ser candidato ou não ao governo em 2018, os tucanos pretendem lançar um nome. Claro: o nome do atual prefeito de Maceió é a preferência. Por mais que Rui tente negar isto é visível. 

Torna-se mais visível ainda quando Palmeira direciona suas críticas para o atual governador. O prefeito tucano atacou o chefe do Executivo estadual ao falar que precisou ingressar na Justiça para garantir os recursos das Unidades de Pronto Atendimento (UPA), afirmando que Renan Filho tem prejudicado os atendimentos às parturientes de Alagoas. Ele ainda destacou os problemas da maternidade estadual Santa Mônica e criticou o governador pelo fim das cestas nutricionais, afirmando que o programa foi encerrado de maneira irresponsável apenas por ter sido feito pela gestão tucana do ex-governador Teotonio Vilela Filho. 

Almeida defendeu Renan Filho e lembrou que Rui Palmeira era amigo do governador. “Ele deve está muito triste com você, porque vocês são amigos”. Almeida ainda falou - timidamente - da relação de Rui Palmeira e o senador Renan Calheiros, já que antes da vida política, Palmeira foi funcionário do gabinete do presidente do Senado. Alagoas tem um xadrez político que dá voltas. 

Rui Palmeira também criticou o governador pela ausência de reajustes aos servidores públicos estaduais. Bem, se alguém colocou o ano de 2018 na roda, este alguém foi o próprio Rui Palmeira. Agora, não adianta querer assumir uma postura de quem não quer antecipar uma discussão, pois foi um dos líderes do tucanato quem a puxou para si. Primeiro, Vilela fez isto em entrevista ao CadaMinutoPress. Agora, Rui Palmeira fez isto em um debate.

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