Eu observo com surpresa e espanto a repercussão em relação às ações ocorridas na Universidade Federal de Alagoas (UFAL), que estão relacionadas a uma ou mais pessoas identificadas como “nacionalistas”. Comento com prudência, pois, ao meu ver, nem todo os fatos estão esclarecidos e é preciso que a coisa seja tratada no devido campo do Estado Democrático de Direito sem linchamentos virtuais. É assim que procedo com todos. 

Logo, não vou atribuir rótulos terminados em “istas” contra quem quer que seja. Só o faço quando é o próprio interlocutor a quem me dirijo que assim se define, ou quando seu conjunto de práticas - e não o fato isolado - permite o julgamento. Nem vou acusar ninguém sem as devidas provas, pois lá no ambiente acadêmico eu não estava e não vi o que de fato ocorreu, mas li diversas matérias, incluindo a produzida pelo CadaMinuto. 

Acertadamente, a imprensa deu cobertura ao que é fato. No mérito, aí que o leitor analise as matérias. Eu as achei insuficientes para definir os autores do ato que ao meu ver descamba para a intolerância e o autoritarismo. Apenas sei que se definiram de direita. Pelo visto um direitismo tosco. Se há o termo esquerdopata, há o direitopata também. E isto (a agressão respaldada em visão ideológica) não pode existir contra ninguém. Seja contra alguém que defende ideias que eu concordo; seja contra quem defende ideias que eu não concordo. O extremismo e o exagero não leva a nada a não ser a violência. E repudio todo ato de violência contra quem quer que seja. 

Dito isto, chamo atenção para alguns pontos diante da promoção da intolerância que tenho visto em muitas postagens por aí. É perigoso neste momento em que muitos grupos - ditos de esquerda e ditos de direita - abraçam a divisão da sociedade entre “nós e eles”. Sendo o “eles” sempre alvo do aniquilamento ou do assassinato de reputações sem o menor zelo para com o próximo. São os famosos “aloprados”. 

Vejo brigas onde todo mundo se acha o iluminado, e ninguém tem razão por simplesmente querer a destruição e o aniquilamento do divergente. Por isto, a ser verdade o que li na imprensa e o que amigos me ligaram contando, repudio o que vejo como excesso. Vi a coisa ganhar uma dimensão de polêmica na tarde de ontem, nas redes sociais, e, a princípio, achava apenas se tratar de uma foto. 

E foto por si só para apoiar este ou aquele candidato, este ou aquele pensador, este ou aquele autor, enfim... as pessoas possuem todo o direito de fazer, bem como ironizando, usando do humor, e das demais ferramentas do discurso. Repudio a desonestidade intelectual no discurso, mas este repúdio se faz denunciando as falácias e mostrando onde estão os erros, que é o que busco fazer na minha atividade de jornalista. Pois, respeito e muito a chamada liberdade de expressão. 

Sendo assim, nada tenho a dizer de quem tira fotos usando do humor e da irreverência para provocar o contraditório. Posso apenas concordar com a ideia da foto ou não, mas acho legítimo. Mas tudo tem o seu limite. Foi este limite que foi quebrado por parte de quem fez a foto e assim se parte para fatos que devem ser apurados e os responsáveis punidos, mas levando em consideração o que preconiza o Estado Democrático de Direito e não as paixões políticas ou a condenação seletiva pelo mero discurso ideológico. É, repito, repudiável e pode gerar um clima que pode resultar em violência. É temeroso, pois nenhuma ideia vale uma vida. Que sejam apuradas tais denúncias com o amplo direito ao contraditório. 

Eu sempre fiz o combate às ideias socialistas e comunistas porque não concordo com elas. E um dos pontos contra os quais sempre me insurgi foi contra o autoritarismo, a hegemonia de ideias em um campo de debate, o totalitarismo, o igualitarismo e tudo aquilo que faz com que surja o "nós contra eles". Esteja onde estiver. A mentalidade revolucionária misturada aos componentes pueris e juvenis é um perigo, como já é atestado em personagens históricos como Robespierre e outros. Prefiro a prudência e a coragem de denunciar falácias e lutar pelo que se acredita de maneira civilizada, como fazem Russell Kirk, Theodore Dalrymple, Robert Service, Eric Voeglin, Roger Scruton, dentre outros. 

E é justamente por isto que sempre me posicionei pela liberdade e pelo debate no campo das ideias, denunciando falácias e atos de agressão contra quem quer que seja.

Assim como me posiciono contra o moralismo que gera um "sepulcro caiado", mas assumo uma forte defesa da necessidade de um norte moral que manteve (e mantém) acessa a chama da liberdade no ocidente. E este norte moral inclui o respeito ao próximo independente de quem o próximo seja. Por isto, sempre busco posturas pautadas pela prudência mesmo diante da maior divergência. Jamais agir a partir da ira, da cólera, ou patrulhando quem quer que seja por pensar diferente de mim.

Não creio que seja com intimidações que se convence alguém de que se possui as ideias corretas. A patrulha ideológica de qualquer espécie é absurda e condenável. E condeno esta patrulha quando exercida por uma instituição, por um professor, por meio da doutrinação ideológica, como também condeno em qualquer outro ambiente. Não é por aí. 

Uma coisa é ironizar a doutrinação e a hegemonia cultural que existe em muitos campos do saber, uma coisa é denunciar esta doutrinação e lutar contra ela, e outra coisa bem diferente é agredir ou incitar às vias de fato. Se isto ocorreu, merece a punição cabível, reitero.

Sempre respeitei pessoas de esquerda (mesmo quando acho que não há espaço para diálogos, diante dos radicais que usam o fígado) porque respeito pessoas simplesmente por elas serem seres humanos. Quem não respeito são os cães raivosos que acham que devem destruir aqueles que pensam diferente como um certo professor universitário que defendeu a degola dos que vencem eleições nas urnas, mas não pensam como eles. Como condenei o dito “filósofo” que desejou o estupro de uma jornalista por ela ser de direita. Como condenei uma advogado simpatizante dos tucanos que defendeu a morte de Dilma Rousseff por decapitação. Estes devem ser denunciados. Ora, em qualquer campo de ideias tais posturas são absurdamente insanas.

Não concordo com cartazes de eventos socialistas/comunistas, mas jamais os arrancaria de murais. Ao contrário, o que fiz na minha vida e venho fazendo é mobilizar pessoas em torno de eventos que mostrem as ideias contrárias, montando grupos de estudo e cobrando espaço para estas ideias em todos os lugares por meio do exercício da liberdade de crença, pluralidade, liberdade de pensamento, enfim...desta forma, com acesso pleno a todas as ideias as pessoas escolham quais adotarão para as suas vidas. Os que adotarem o caminho de atos ilícitos que sejam punidos onde estiverem. Estejam na direita, estejam na esquerda.

Creio que é assim que tem que ser. Pois, acho que o debate deve ser pela educação e pela ocupação de espaços de maneira legítima, estudando, iluminando-se pelo conhecimento e repassando isto adiante num trabalho de "formiguinha". É lento, mas é o caminho.

Não comungo das ideologias comunistas por vários motivos, incluindo o fato de ter assassinado pessoas simplesmente por estas pensarem diferentes dela. Logo, condeno toda a violência seja ela no espectro de um pensamento de esquerda ou de direita, ou de nenhum dos dois. E todo totalitarismo nasce da intolerância do indivíduo que se acredita mais iluminado que todo mundo, como mostra muito bem o escritor Francisco Razzo em sua obra Imaginação Totalitária.

É isto que vai se espalhando feito germe e cegando até quem tem os mais nobres ideais. Pois quem ama uma causa acima de tudo acaba lavando a consciência na causa após praticarem atos que repudiaram se fosse o inimigo que os estivesse praticando.

Por tanto, meu objetivo neste texto é chamar atenção para os absurdos e pedir as pessoas que mantenham a calma e sabiam quando cabe a ironia, quando cabe o debate, quando cabe a ação correta e quando cabe a reação à agressão sofrida, para não se tornarem espantalhos e complicarem as suas próprias vidas, ao acreditarem que acharam a fórmula do mundo melhor. Prudência, gente! Prudência, já dizia o sábio Russell Kirk.

No mais, falo um pouco sobre a indignação seletiva. 

Não suporto a indignação seletiva. Ela é fruto da visão ideologizada de todos os fatos. E aí acontece coisas do tipo: se a agressão é contra alguém que discordo, eu me calo. Se esta mesma agressão é contra alguém que concordo, eu berro, eu grito, enfim...

Ontem me posicionei, em minhas redes sociais,  sobre a questão envolvendo a UFAL em um texto longo, que é o que compõe a primeira parte desta postagem. Fiz porque acho absurdo e um tanto quanto pueril certas intimidações a quem pensa diferente. O combate é outro. É expondo falácias e não com exageros. 

Quando, agora, falo de indignação seletiva é pelo seguinte: há dias, a jovem estudante Carol Dias, que conheço e atesto ser uma garota inteligente, estudiosa e comprometida com o bem, tirou uma fotografia com a camisa de um candidato , que no caso era o Bolsonaro. Pronto, seu gesto se resumiu a isto. Tirar uma fotografia na UFAL com um candidato. Não agrediu ninguém, apesar de usar do humor.

Ela foi atacada, xingada, intimidada e não houve qualquer socorro a ela por parte dos que se acham iluminados e únicos defensores da liberdade de expressão e da arca da aliança das virtudes do mundo todo. Eu fui solidário a Carol mesmo não apoiando Bolsonaro. Pois, o que ela fez ali foi expressar o que pensa. Fiz da mesma forma que repudiei os atos ocorridos ontem na UFAL, uma vez que se há uma agressão contra a liberdade de alguém que é adversário ideológico meu, isto continua sendo uma agressão. Se há uma intimidação ou qualquer outra forma de crime ou apologia a este, também.

Se há uma agressão e intimidação contra uma pessoa que pensa diferente de mim, continua sendo algo repudiável. Mas vejam que para alguns vale a regra que há tempos foi aplicada com uma jornalista (exemplo já citado aqui) quando um pensador de esquerda disse que ela merecia ser estuprada. Boa parte das feministas que se doem, até de forma justa, quando são vítimas, se calaram. Afinal, seria um estupro contra o inimigo, logo um não-estupro. É esta indignação seletiva que me irrita, que faz alguns agirem rápido em um caso, enviando notas e opinões, e silenciarem em outros, quando julgam conveniente silenciar em função da ideologia que pregam, seja esta ideologia A ou B.

Estou no twitter: @lulavilar