Neste processo eleitoral da capital alagoana, já foram realizados três debates televisivos e uma série de sabatinas com os candidatos à Prefeitura de Maceió. O primeiro debate contou com a presença de todos candidatos, o que acredito ser merecedor de elogios. Os demais, em função de uma série de critérios que pertencem as emissoras, ouviram apenas os quatro primeiros presentes nas pesquisas de intenções de voto. Não julgo isto, mas apenas sigo defendendo a presença de todos. 

De toda forma, o que vimos foi um “baixo nível” nas discussões. 

Poucas propostas e muitos ataques pessoais. É legítimo que os candidatos explorem as biografias dos adversários, usem das ironias e até dos ataques. Faz parte do processo. Porém, é lamentável quando estes dominam a discussão e não há um debate no campo de ideias, que possibilidade se identificar um projeto sistêmico para a cidade que abrigue várias propostas, mas com um norte claro. O que surgem são ideias isoladas sobre uma proposta aqui e outra ali, mas nunca integradas em um projeto maior que dê direcionamento aos próximos quatro anos da cidade de Maceió.

Se os candidatos possuem, fazem questão de esconder. 

Por exemplo: queremos uma máquina pública maior ou uma redução desta mesma máquina aliada ao incentivo ao empreendedorismo? Em qualquer uma destas respostas, como se faz para que ela tenha eficiência e eficácia na execução? Eu, particularmente, opto sempre por quem consegue explicar como fará para executar o segundo modelo: redução da máquina aliada a eficiência de serviços essenciais e medidas que incentivem e reforcem o setor produtivo, que é quem de fato gera emprego, renda e inovação. Esta discussão mais aprofundada acaba fugindo dos guias eleitorais, das montagens marqueteiras (que obedecem pesquisas qualitativas para atingir o sentimento do eleitor médio), e dos próprios debates. 

Todavia, numa sociedade cansada do “mais do mesmo” e diante de uma crise de representatividade, o que salva é o humor. O CadaMinuto trouxe uma matéria curta, porém muito interessante, mostrando esta criatividade em relação ao dito por todos os candidatos. Uma zoeira sem limites que é maravilhosa. Ironizar os políticos é obrigá-los a descer do pedestal, torná-los mais humanos, mostrar as contradições e, ao mesmo tempo, conscientizar. O humor - quando manda o politicamente correto às favas - cumpre esta função de maneira maravilhosa e inclusive pode ajudar a decidir em quem votar. Não se enganem! Pode sim. 

Após o mais recente debate, promovido pela TV Ponta Verde, estes “memes” circularam pela internet com uma velocidade incrível. Ninguém foi perdoado. Teve gente cobrando a renúncia do candidato Cícero Almeida (PMDB), após Rui Palmeira (PSDB) ter mostrado a expressão “máfia do lixo” no processo ao qual Almeida se referia; teve gente zoando com o fato de Palmeira ter sido funcionário do senador Renan Calheiros (PMDB) no passado e agora ter acusado o rival de ter Calheiros como patrão; teve meme ironizando propostas de João Henrique Caldas, o JHC (PSB), por conta da proposta da escola em tempo integral digital e também sobrou para Paulão (PT), que foi um “petista reclamando de loteamento de cargos públicos”. Uma alusão aos escândalos envolvendo o PT justamente em função do loteamento de cargos. 

Isto é maravilhoso. Viva o humor independente. Viva o país que pode rir de seus governantes e candidatos. Viva o país que, com esta liberdade, entende que zombar de um político é também um ato de revolta e conscientização. Chega daquele país burocrático em que uma “massa de raivosos” ficava xingando de todas as formas os que resolviam ironizar de seus “bandidos de estimação”. Chega da ideologia jurássica carrancuda que não consegue rir nem notar as falhas de seus mitos. Viva o humor politicamente incorreto!

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