Chegamos ao final da semana histórica na qual o Senado Federal decidiu pela cassação da presidente Dilma Rousseff (PT). Para além das diversas questões envolvendo a saída em definitivo de Rousseff, um ponto envolve os “arranjos políticos” do Estado de Alagoas: o Partido dos Trabalhadores faz parte da base do governo do peemedebista Renan Filho. 

O principal líder do PT no Estado, o deputado federal e candidato à Prefeitura de Maceió, Paulo Fernando dos Santos, o Paulão, sugeriu um rompimento do partido com o PMDB no âmbito local como uma resposta ao que considera “golpe”. É a tese defendida por seu partido, que recorreu contra a decisão do impeachment junto ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Ao tocar no assunto, Paulão deixou claro que era uma posição dele e não necessariamente da legenda. Pois bem, o governador Renan Filho adota a estratégia política ( repito: estratégia política. Não analiso o mérito da posição do governador) acertada: não joga lenha na fogueira e aguarda por uma definição do PT antes de se posicionar sobre o que defende Paulão. 

No mérito, acho que o governador tem mais coisas a dizer, mas não diz! 

Então, a “bola” está com o Partido dos Trabalhadores. Que este se pronuncie: seguirá a opinião de Paulão e entregará os cargos, que inclui a pasta do Trabalho, comandada pelo petista Joaquim Brito; ou permanecerá no governo? Ora, como o PT foi citado pelo seu líder principal, é de bom tom que esclareça à população sobre o que fará em Alagoas e deixe claro as suas razões. Se ficará no governo e discorda da posição de Paulão? Dirá que o PMDB de Alagoas não faz parte da ala dos “golpistas”? Com a palavra, a legenda. 

Em Alagoas, nunca é demais lembrar, o PT sempre esteve intimamente ligado ao PMDB. Há várias eleições que são aliados íntimos. Mais que isto: o senador Renan Calheiros (PMDB) sempre teve forte influência na legenda. Isto ficou visível no ano de 2010, quando Calheiros articulou para que José Pinto de Luna, na época filiado ao Partido dos Trabalhadores, não fosse candidato ao Senado Federal. Lembram? Calheiros evitou - ainda nos bastidores - ter Luna como rival. 

O PT comprará a ideia sustentada por Paulão e dará fim ao “romance histórico” com o PMDB dos Calheiros ou entenderá que a questão nacional não se aplica ao local para conservar seus cargos no governo. 

Na manhã de hoje, ao falar no assunto, o governador Renan Filho foi enfático: está no aguardo.

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