Falo sobre política, mas não deixo de falar sobre valores e me guiar por eles diante da necessidade de pensarmos o futuro, mas sem esquecer das conquistas importantes do passado e das complexidades inerentes ao presente, ainda mais quando este presente é no Brasil. Nosso país sofre uma profunda crise moral e ética que leva a completa descrença no processo político. É natural.
Creio que tais crises citadas no primeiro parágrafo são bem mais profundas que a de representatividade ou a econômica. Afinal, em algum momento a crise econômica encontra melhora, ainda que seja - como ocorre nas últimas décadas nesta nação - um voo de galinha sequenciado pela decadência. Na minha humilde visão, “voos de galinha” insultados por mentiras do intervencionismo estatal, que cria uma falsa sensação de país do futuro, enquanto regressamos e não desenvolvemos uma intelectualidade nacional que busque a verdade, ao invés de ser mero organismo à serviço de estruturas partidárias ou ideológicas.
O Brasil clama pelo retorno de homens que tinham a grandiosidade de um Gustavo Corção, por exemplo. Corção era capaz de elevar o nível intelectual de uma sociedade com simples artigos de jornais, tocando em feridas nacionais profundas e, ao mesmo tempo, chamando a atenção para a importância de uma herança civilizacional que deveria ser a base de qualquer progresso. Quem duvidar, que busque seus textos e os leia.
Gustavo Corção sentencia em um de seus textos: “Pássaro e lesma, o homem oscila entre o desejo de voar e o desejo de arrastar”. É isto! Uma política amoral ou imoral, nos leva a condição de lesma, arrastando-nos entre tragédias sequenciadas, justamente por faltar nela (na política) os bons propósitos, sendo apenas uma disputa de poder. Por esta razão, preocupa-me uma ausência de moralidade na política.
Por que me preocupo mais com uma boa base de valores sólidos nos seres humanos do que com a política? Bem, primeiro: eu vejo a política como um meio e não como uma finalidade em si. Um meio para que pessoas com bons valores possam, dentro das limitações impostas pela própria natureza humana e outras complexidades, fazer coisas boas.
Como diz Tomás de Aquino, do mal só nasce o mal. Então, quando a política é tomada pela amoralidade ou imoralidade, se já não tinha fé nela, aí é que vejo um cenário propício para as tragédias. Por esta razão, apesar de reconhecer que as estratégias políticas colocam decisões duras de circunstâncias, estas não podem ser justificativa para uma "moral elástica".
Sendo assim não superestimo a política, nem a subestimo (sobretudo quando na mão dos maus). Todavia, uma sociedade sadia só pode ser aquela que entende com profundidade o que já afirmava G.K.Chesterton: "A educação é simplesmente a alma de uma sociedade a passar de uma geração para a outra".
Esta "alma" pode ser lapidada, melhorada a cada geração, quando reconhecida as heranças; ou simplesmente corrompida, degradada ao ser tratada de forma secundaria dentro de um processo político, ou de forma totalitária pelos intervencionistas que acreditam que revolucionarão a natureza humana a partir da posse do poder.
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