O mandado do deputado federal e candidato a prefeito Cícero Almeida (PMDB) corre risco. É verdade. Ele é processado por “infidelidade partidária” ao sair da legenda antes da “janela” e migrar para o PSD. Na sequência, mudou para o PMDB. Acredito que Almeida ganhe a ação judicial pelo que li sobre ela. Mas, uma discussão nasce neste momento. Vou a ela.
Como já noticiado pela imprensa, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, recomendou que o deputado federal seja afastado do cargo por conta da infidelidade partidária. Janot responde - em parecer - ao mandado de segurança impetrado pelo PRTB.
Para o PRTB, a migração partidária ocorreu de forma fraudulenta, com intermediação da Câmara de Deputados, perdendo assim a única cadeira que o partido conquistou no pleito de 2014. Cícero Almeida não quis se pronunciar sobre o assunto e disse que acredita na desqualificação da ação. Este processo - entretanto - não atrapalha sua candidatura à Prefeitura de Maceió do ponto de vista legal, mas há o impacto político.
No mérito, em minha visão, neste caso Cícero Almeida tem uma certa razão, que faz com que cogitemos que o mandato pertence a ele e não ao partido, pois - em uma briga pública, registrada pela imprensa - o parlamentar trocou farpas com o presidente da legenda, Levi Fidélix e foi praticamente emparedado dentro da legenda. Porém, Almeida se submeteu as pressões do partido, que denunciou na sequência (inclusive em entrevista a este blog) por vontade própria. Logo, colhe os frutos da treta que plantou.
Uma “treta” que envolveu Almeida, Levy Fidélix e Adeílson Bezerra, na época. Eis uma das fortes declarações de Cícero Almeida naquele momento: “Não há outra forma de falar da decisão tomada pelo PRTB. Existia um projeto, um compromisso de parceria e agora eles estão buscando algo pelo qual não trabalharam. Eu não tive apoio nem oportunidades no partido e assim que assumi a primeira coisa que recebi foi um ofício para que eu votasse no Eduardo Cunha (PMDB) (para presidente da Câmara) e vieram em busca de cargos no meu gabinete, um cargo – inclusive – de R$ 4 mil”. Almeida tem fortes argumentos ao seu lado. Creio que tenha mais razões que Janot, neste caso.
Agora, é impressionante o vitimismo feito por alguns apoiadores de Cícero Almeida. Eles jogam a culpa deste processo no colo do prefeito Rui Palmeira (PSDB), quando o tucano nada tem a ver com o assunto. Claro que Palmeira pode utilizar disto para fazer o jogo político. Ora, o processo político é assim. Ressalto: até aqui não vi o prefeito usar de tal artifício. Mas, cada um usa as armas que tem. No entanto, nesse caso, o único culpado pelo que sofre na Justiça Eleitoral é o próprio Almeida, que não soube negociar sua saída do partido de outra forma, nem esperou por uma janela de oportunidade, como muitos outros pré-candidatos pelo país afora fizeram.
Culpar Rui Palmeira é de um vitimismo bobo. O mesmo se dá em relação à máfia do lixo. Os adversários usarão disto porque a discussão existe e não porque inventaram a discussão. É o jogo político, ora bolas! Todavia, prevalecendo a lógica, Cícero Almeida ficará com o mandato
Porém, no meio de tudo isto, uma lição: o debate tem que ser de ideias. Hora de evoluir e deixar as questões da Justiça para a Justiça e para o eleitor que tem todo o direito de avaliar as biografias dos candidatos e decidir em quem deve votar.
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