De acordo com uma matéria do Estadão, a faixa presidencial - comprada em 2007 - sumiu! O fato é grave! Ele mostra a mentalidade de grande parte dos nossos políticos que se aboletam na coisa pública e a tratam como se privada fosse. Trabalham para passar cargos públicos como se fossem donatários de capitanias hereditárias, dentro desta República gigante e centralizadora que já nasceu para dar errado, como mostra muito bem - em seu 1889 - o escritor Laurentino Gomes. 

Por sinal, em sua obra Pare de Acreditar no Governo, Bruno Garshagen também mostra isto. É o lado mesquinho destes senhores que se dizem pai dos pobres e “lutam” para melhorar a vida dos mais pobres por meio da institucionalização das esmolas oficiais ao invés de fomentar uma cultura empreendedora, não apenas no sentido econômico, mas no de cultivar valores nobres. Convenhamos: não há nada de nobre em alguém que leva a faixa presidencial para casa. Isto revela muito deste político. O básico de psicologia mostrará isto. 

Todavia, um outro dado da matéria do Estadão me chamou a atenção. A faixa presidencial do país custou, aos cofres públicos, a bagatela de R$ 55 mil. Claro que este valor é pouco perto do que se arrecada no Estado e de outros gastos. Parece insignificante. Uma bobagem!

Porém, diz muito sobre um país em que um homem honesto rala pra cacete, durante um mês inteiro, para sobreviver com um salário mínimo de merda, em um Estado que faz de tudo para que esta pessoa seja sufocada em impostos e um ambiente totalmente hostil ao empreendedorismo e iniciativas individuais. O que faz com que abandonemos o espírito empreendedor para pedir socorro às esmolas estatais que vão de bolsas assistenciais às bolsas empresários dos campeões nacionais amigos do rei.

O cheio do enxofre provinciano bate nas narinas sem ser preciso esforço para sentir o fedor.

É por isto que acho os R$ 55 mil em um pedaço de pano absurdo. "Ah, mas não pode ser qualquer faixa, dirão?". Sim, claro. É um símbolo nacional. Tem que ser algo lindo, né? Mas aposto que com bem menos que isto temos algo de qualidade, duradouro e que não faça feio ao representar a nossa República.

O fato é que os políticos não gastam o dinheiro deles. Eles gastam o nosso. Por isto, zelo com a coisa pública é algo raro. Tão raro quando a necessidade de parcimônia e da prudência. E isto virou uma cultura. Duvidam? Vejam quanto custa um serviço de uma empresa quando prestado à iniciativa privada e depois olhem, caso esta empresa preste serviço ao Estado, o valor que ela cobra pelo mesmo produto ofertado. Vocês se impressionarão. Isto vai de serviços aos cachês do "pão e circo" nos shows de artistas pelo Brasil adentro.

Mas, nós perdemos a capacidade de avaliar a granel.

Outro exemplo que cito é o caso Marcos Feliciano. Eu estou me lixando se na vida privada o Feliciano come consensualmente quem quer que seja, pois para mim está claro que estupro não houve. Não me importa se Feliciano vai de Patricia Lelis ou Kid Bengala, caso seja algo consentido. Agora, quando a figura lá resolveu participar dos joguinhos de extorsão, como bem mostrou o Conexão Repórter, e se falou de dinheiro para lá e dinheiro para cá, se falou em R$ 50 mil!!!!!, aí eu quero saber da origem do recurso.

Então, eu também pergunto o óbvio: de quem porra é esse dinheiro?! Se for do Estado, se for verba de gabinete, eu paguei pelas peripécias de Feliciano e ajudei no custeio de mais uma mentira contada neste país.

Preocupo-me com estas quantias pequenas, pois de grão em grão a galinha enche o papo. E são nestes grãozinhos, muitas vezes invisíveis ao olho nu, que estão as regalias e as benesses dessa gente que se acha patrão no Olimpo, quando é funcionário público. São empregados do povo e deveriam, com o máximo de austeridade, prestar seus serviços. Afinal, qualquer camarão ou lagosta está sendo pago por nós.

Voltando a faixa: quem pagou por ela fomos nó, mas segundo o Estadão, um dono resolveu levar para casa. Eis a moralidade dos nossos governantes nas pequenas coisas. Pequenas sim, mas que dizem algo gritante, gigante...

Então, copiando os menininhos abobados que acharam que o gigante acordou em 2013: "Não é pelos R$ 55 mil, é pelo que moralmente representa..."!

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