Há muito que, tanto o governador de Alagoas, Renan Filho (PMDB), quanto o secretário de Fazenda, George Santoro, ressaltam a difícil situação do Estado diante da crise econômica. Até agora, apenas um nome da equipe de Renan Filho ousou dizer que “não existia crise”. Era tudo uma invenção “coxinha”. Mas, nada como a história para separar a verdade das falácias em nome de um partido...mas, deixemos isto para lá! Trabalhemos com a verdade!

Renan Filho e Santoro sempre afirmaram que a situação é difícil, mas que o governo estava fazendo de tudo para garantir o pagamento dos salários dentro das datas previstas. Falaram e fizeram. Ponto positivo para os dois. Sempre elogiei George Santoro. Sigo elogiando. Para mim, um nome acertado na equipe de Renan Filho. 

Voltemos ao tema: havia um alerta amarelo. Um alerta de atenção diante da gravidade da situação. Nisto, Santoro foi mais honesto intelectualmente que todos os que faziam a equipe de Renan.

Eis que, como se percebe nas falas de Renan Filho no dia de hoje, o alerta vermelho acendeu. O governo do Estado de Alagoas já fez todas as manobras possíveis para evitar a situação que outras unidades da federação já vivenciam: o atraso dos salários. Assunto que aflige servidores. Vai acabar ficando sem recursos para evitar a tragédia.

Renan Filho foi enfático, como mostra a reportagem do CadaMinuto. Se não houver melhora na situação econômica do país (e a previsão é de queda no Produto Interno Bruto (PIB)) a garantia do pagamento de salários é incerta. Por qual razão cito o PIB? Ora, é um mecanismo usado para medir a produtividade. Sem ela, menor arrecadação. Menor arrecadação, menos dinheiro. Menos dinheiro, situação complicada para os estados e municípios, pois receberão menos repasses. 

Diante disto, pode até partir para mais impostos...

O governador de Alagoas tem um mérito: num dos Estados mais pobres da federação conseguiu manter salários. Mas, seu governo tem vários problemas, como o abastecimento da Saúde, por exemplo. Mas mérito não se nega a quem tem. Santoro adotou medidas corretas neste sentido, evitando uma crise maior, que teria, além da crise financeira, o impacto na política. Todavia, lembrem-se: o Estado de Alagoas é vítima de um modelo econômico nacional que foi adotado pelo governo do PT. Governo do qual Renan Filho era aliado. 

Renan Filho chegou - diante da simpatia para com Dilma Rousseff (PT) - a dizer que temia que o atual presidente interino Michel Temer (PMDB) cortasse programas sociais fazendo o eco dos discursos petistas. Mas, quando a crise chega, em função das medidas erradas de Dilma Rousseff e companhia, chega para todos; independente destes terem sido aliados ou opositores ao pensamento econômico do governo federal. O pensamento que ampliou os gastos públicos, que não fez as reformas necessárias para estimular a produtividade e que não fez qualquer esforço para dar ao país maior liberdade econômica e incentivo ao empreendedorismo só teria um fim. 

Eu disse isto em 2010, 2011, 2012, 2013, 2014..enfim...mas, há quem achava que tudo eram flores e do outro lado estavam os malvados coxinhas. O palanque de Dilma era o “monopólio das virtudes”, não é Renan Filho?

Agora, governador, é trabalhar para as mudanças urgentes na economia. Não há saída se o governo federal não adotar o enxugamento da máquina, promover parcerias público-privadas, estimular o empreendedorismo, reformar a previdência, enfim...uma série de questões. Muitas delas impopulares. Terão os chefes de Executivo dos estados estômago para enfrentar esta luta necessária ou farão o discurso fácil?

Em Alagoas, me agrada o governador Renan Filho já chamar atenção para a reforma da Previdência. Apontou para um ponto crucial. Parabéns.

A realidade é esta: a situação dos pagamentos do funcionalismo público em 2017 depende da melhoria da economia do país. Renan Filho não mente. Fala a absoluta verdade. Cita também que os graves problemas financeiros do país necessitam de medidas com a finalidade de evitar um colapso nas finanças. 

Uma pergunta que eu gostaria que Renan Filho respondesse: se o PT retornar ao poder, fará estas mudanças? Gostaria de ouvir uma resposta sem sair na tangente. Na minha visão, a resposta é “não”. Temer fará estas mudanças? Acredito que não terá coragem para muitas, mas pode andar com algumas. 

Já hoje, li matérias lamentáveis sobre o governo interino de Temer. Reportagens que mostram que ele adota o caminho errado que pode esbarrar em mais inflação. Li que o governo pensa em usar a Casa da Moeda para imprimir dinheiro. Não é a solução. Populismo puro e nada mais. Espero que sejam só boatos da imprensa. Caso contrário, estamos indo em direção a mais do mesmo. Por isto repetia desde o início: não há tempo de lua-de-mel com Michel Temer. 

Então, reconhecer a catástrofe dilmista não é apoiar Temer. Uma coisa nada tem a ver com a outra.

Voltando a Alagoas: Renan Filho conseguiu - na entrevista - garantir o pagamento dos servidores até dezembro deste ano. “Mantidas as condições do momento, acho que Alagoas tem condições de pagar até o final do ano, dependendo se nada mudar”, eis a declaração.

Renan Filho defendeu a reforma previdenciária. Não é a única. Seria interessante saber do governador do PMDB como ele pensa em aumentar produtividade no país para não sufocar ainda mais a população com impostos neste momento de desemprego.São 12 milhões de desempregados e a situação só não é pior em função dos programas sociais. Se a resposta não for bem dada pelo governo federal podemos chegar a estagflação. Ele (Renan Filho), hoje, desponta como uma liderança entre os governadores do Nordeste. Suas falas pode irradiar e marcar uma posição importante. 

“O Brasil só pode gastar o que tem. Não adianta viver num mundo onde se gasta mais do que arrecada. Se continuar assim vai continuar gerando desemprego, inflação alta. Precisa também discutir outros temas. É também preciso discutir a reforma previdenciária, pois se continuar assim os estados vão quebrar”, coloca ainda o governador Renan Filho.

É, Renan Filho, não há como negar os fatos. Lá atrás eu já os anunciava. Dizia muito do que hoje aparece nas falas do governador; dizia aqui e acolá, nos espaços que tinha. Mas, quando eu dizia - assim como com outros que enxergaram “algo de podre no Reino da Dinamarca” - era porque eu era um “pessimista”, um “fascista”, um “direitista”, um “reacionário”...enfim, naquela época onde era pecado apontar para onde estávamos sendo conduzidos diante do projeto, que o governador apoiou e subiu no palanque. 

Bem, a crise existe. Ela é mais grave do que nossos governantes falavam. É impressionante a evolução das frases deles quando pesquisamos por estas no Google. Renan Filho, este é o país que era mostrado pelos coxinhas...

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