Cidadãos armados podem impedir terroristas! 

22/07/2016 15:46 - Bene Barbosa
Por Bene Barbosa
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Um marroquino de 37 anos esfaqueou uma mulher e suas três filhas em um resort nos alpes da França, após se enfurecer com as roupas que elas vestiam. As meninas tinham 8, 12 e 14 anos. Os ferimentos foram graves, mas a rápida intervenção médica salvou a vida das quatro. No dia anterior um refugiado de 17 anos armado com um machado atacou passageiros de um trem na Alemanha. Quatro pessoas foram feridas, três ficaram em estado grave. No dia 14 de junho o tunisiano Mohamed Lahouaiej Bouhlel deixou um rastro de corpos ao atacar a multidão em Nice. Sua arma foi um caminhão. O macabro saldo foi de 84 mortos e dezenas de feridos. Em novembro de 2015 a Cidade Luz foi o alvo. Armados com fuzis AK-47 e explosivos, oito terroristas fizeram mais de 100 vítimas fatais e deixaram centenas de feridos em Paris. 

...E o lobo soprou e soprou e a casa derrubou. 

Algumas lições podem e precisam ser aprendidas com esses terríveis e perturbadores exemplos. Em comum, todos pegaram de surpresa as forças governamentais que, em tese, deveriam estar lá para evitar casos assim. Restrições duríssimas à posse de armas na França, incluindo a proibição de fuzis automáticos e explosivos, não foram suficientes para impedir que os terroristas tivessem acesso a esses instrumentos. Na ausência de armas de fogo, um simples e inofensivo veículo, nas mãos de um monstro, pode ser muito mais mortal que a mais letal das armas de fogo. O cidadão europeu, de forma geral, sempre preferiu que o estado fosse o único a lhe proporcionar segurança e as armas sempre foram vistas como instrumentos para prática esportiva e para caça. Atirar em alguém para se defender? Sacré bleu! 

Você já ouviu falar de Ronald Noble? 

Se você não acompanha de muito perto, quase com uma visão microscópica, o assunto armas e desarmamento, provavelmente não. Ronald Kenneth Noble nasceu em 1956 em New Jersey, USA, graduou-se em direito pela Stanford Law School e economia e administração pela University of New Hampshire e lecionou na New York University School of Law. Durante a primeira administração Clinton, de 1993 a 1996, Noble serviu como subsecretário no Treasury for Enforcement, órgão do poderoso US Department of the Treasury e isso fez dele o supervisor direto da ATF (Bureau of Alcohol, Tobacco, Firearms and Explosives) que sob o seu comando desempenhou um papel importante na agressiva política de controle de armas do governo Clinton. Não fica a dúvida de quais eram suas convicções sobre o assunto. Um desarmamentista! 

O massacre do Shopping Westgate e a quebra de paradigma... 

Em 2000, Noble se tornou o primeiro não-europeu a chefiar a Interpol e com uma administração irretocável foi reeleito mais duas vezes, ficando no cargo até 2014 e como ele mesmo explica, foram esses 14 anos de envolvimento direto na luta contra o terrorismo no mundo que mudaram radicalmente sua visão sobre o controle de armas.  

Após o terrível massacre no Shopping Westgate, no Quênia, onde 69 pessoas foram brutalmente assassinadas por um grupo de terroristas islâmicos, Noble, ainda diretor-geral da Imterpol, concedeu uma entrevista para a ABC News e declarou: “A sociedade precisa decidir como quer encarar o problema. Uma forma é assumir que queremos uma sociedade armada. Como você protege alvos fáceis? Isso é um grande desafio. Não se pode ter policiais armados em todos os lugares”. Mais recentemente ele voltou ao assunto, desta vez como fundador da RKN Global, uma empresa de consultoria para soluções em segurança, publicando um vídeo intitulado “Cidadãos armados podem ajudar a impedir massacres terroristas como o de Nairóbi e Paris”. 

Em suma, o então diretor-geral da mais importante agência internacional de combate ao crime e ao terrorismo acabava de reconhecer uma verdade insofismável: o estado NÃO pode proteger todos, o tempo todo e em todos os lugares! 

Não é sem motivos que podemos dizer que ele está correto. Uma análise feita pela Cato Institute chamada “O custo e as consequências do controle de armas” mostra que em 25 anos, nos EUA, pelo menos 10 massacres foram impedidos por cidadão armados. São eles: Restaurante Shoney’s no Alabama (1991); Pearl High School no Mississippi (1997); middle school dance na Pennsylvania (1998); Appalachian School of Law na Virginia (2002); Trolley Square Mall em Salt Lake City (2007); New Life Church no Colorado (2007); Players Bar and Grill em Nevada (2008); Sullivan Central High School no Tennessee (2010); Shopping Clackamas  no Oregon (2012; três dias depois de Newtown); Mayan Palace Theater em San Antonio (2012; três dias depois de Newtown); e Sister Marie Lenahan Wellness Center em Darby, Pennsylvania (2014). Alguém ouviu ou leu uma só linha na imprensa sobre isso? Não, claro que não! 

Encerro este artigo enquanto assisto, desolado, mais um ataque na Europa. Desta vez na Alemanha onde terroristas abriram fogo contra cidadãos desarmados. A polícia chegou somente depois que tudo já havia acontecido. Como disse Roger Scruton: “Nós, conservadores, somos chatos. Mas também estamos certos”. 

Referências: 

Vídeo sobre o ataque em Nairóbi  https://vimeo.com/165401221

Análise sobre os custos e as consequências do controle de armas feito pela Cato Institute  http://www.cato.org/publications/policy-analysis/costs-consequences-gun-control

 

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