Quando a segurança pública é de brincadeira, brinquedos são levados a sério.

21/07/2016 14:06 - Bene Barbosa
Por Bene Barbosa
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Nos últimos dias a imprensa nacional foi inundada com matérias sobre o uso de armas de fantasia, simulacros de armas chamados airsofts, que estão sendo usadas - de acordo com as reportagens – com grande frequência para cometer assaltos e outros crimes. A pauta, repercutida pela imprensa de forma sistemática, é de uma conhecida ONG desarmamentista de São Paulo que afirma ter um “estudo” provando que 30% das armas usadas em roubos são simulacros. Pois bem, fazendo uma rápida pesquisa não foi difícil checar o “arsenal” de simulacros usados por criminosos. Vejamos alguns casos:

“Homem usa torneira para simular arma durante assalto em Araraquara”, G1, 14/04/16;

 

“Homem assalta padaria em Vitória com pistola de cola quente”, G1, 19/02/15

“Polícia vai periciar arma usada em sequestro de dez horas no DF. Há a suspeita de que pistola usada por homem pode ser de videogame.” G1, 27/02/09 – NOTA: foto que ilustra essa reportagem. Sim, é isso mesmo que vocês entenderam, foi necessária uma perícia para saber que essa arma era do videogame Master System;

“Dupla é detida após tentar assaltar mulher com secador de cabelo na BA” G1, 15/01/15;

“Bandido usa guarda-chuva para cometer assalto no DF”, R7, 10/04/12;

E, finalmente, guardei o melhor para o final... “Travesti é presa em Pernambuco acusada de assaltar estudantes usando um vibrador”, jornal Extra, 29/02/16.

Entenderam? No país onde o cidadão foi desarmado, onde se cultua a histeria contra armas de fogo, onde o policial precisa pensar 10 mil vezes antes de atirar contra um criminoso, qualquer coisa vira uma “arma”.

Assistindo e lendo tais reportagens cheguei a esquecer, por um segundo, que o Brasil é um país com 60 mil homicídios por ano, onde só no Rio de Janeiro a polícia apreende dois fuzis por dia, onde quadrilhas desfilam armados até com armas em calibre .50, onde nossas fronteiras são um verdadeiro queijo-suíço, onde menores impunes esfaqueiam e matam pessoas em plena luz do dia, mas, claro, agora problema são as armas de brinquedo, as armas que não são armas!

Por qual motivo os criminosos as usam? Porque sabem que não vão levar tiros de verdade, porque estão amparados e justificados pelo discurso do “nunca reaja” e que pegos serão ainda beneficiados pela lei que deveria, em tese, defender a sociedade contra eles. Está na hora de falar sério sobre a nossa calamitosa segurança pública que, ao que parece, trata os criminosos como inocentes crianças e os brinquedos com a toda a seriedade do mundo. Tudo invertido.

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