Em um período de descrédito da classe política e em que, mais do que nunca, uma significativa parcela da população (talvez maioria) enxergue todo mundo como farinha do mesmo saco, o presidente do Senado Federal, o senador Renan Calheiros (PMDB), avaliou o pleito de 2016 como aquele que será o “mais difícil” por “não ter regras definidas para o financiamento de campanha”.
De acordo com o senador peemedebista, portanto, a campanha agora é “a oportunidade para mostrar quem tem farinha no saco”. A frase é dele! Resta saber qual será a essencial diferença entre uma farinha e outra, diante dos grupos políticos que se apresentam com cara de “novo”, mas aglutinam os mesmos caciques que sempre dominaram a política alagoana.
É o próprio Renan Calheiros quem dá o conselho: “olhar para a ficha de serviços prestados”.
Em outras palavras, analisar biografias.
Bem, é justamente por conta das biografias que parte da população anda desesperançada com a política. Em entrevista sobre o pleito, no recente encontro do PMDB, foi o próprio governador Renan Filho (PMDB) que reconheceu esta desesperança ao frisar que “ganhará a eleição quem conseguir mostrar que é possível o maceioense ter esperança”.
E o PMDB neste jogo eleitoral?
Renan Calheiros vai se dedicar, nos próximos 15 dias, a isto. Ele aproveita o recesso no Senado Federal para cuidar dos projetos político-eleitoral dos principais pré-candidatos em Alagoas. O senador peemedebista não pretende deixar correr solto. Tem uma preocupação especial com Maceió e Arapiraca.
Na capital alagoana, a ideia é “turbinar” a campanha do pré-candidato e deputado federal licenciado Cícero Almeida (PMDB). Em Arapiraca, a “bola da vez” é o deputado estadual Ricardo Nezinho (PMDB). Calheiros sabe que são eleições duríssimas. Na disputa da capital alagoana, Almeida e Rui Palmeira despontam - conforme as pesquisas - praticamente empatados. Mas, há preocupações com as novidades do pleito, como o deputado federal João Henrique Caldas, o JHC (PSB).
Em Arapiraca, Tarcizo Freire - como mostrou o CadaMinuto Press - lidera a pesquisa, mas Nezinho se encontra praticamente empatado. Para Renan Calheiros vencer nestas regiões é mostrar força política para 2018. Para o PMDB é importante sair do processo eleitoral mais fortalecido do que entrou. Os dois Renans - o senador e o governador - sabem que o futuro político dos Calheiros está em jogo.
Sem a previsão exata de como a Lava Jato pode atingir Renan Calheiros, é importante eliminar possíveis adversários no caminho. Renan Calheiros - o senador - perder em regimes importantes é demonstrar fraqueza e abrir portas para novidades como as possíveis futuras candidaturas do ministro Maurício Quintella Lessa (PR) e/ou do deputado federal Marx Beltrão (PMDB) ao Senado Federal.
Claro, Renan Calheiros não falará disto abertamente. Mas sabe que precisa repetir a estratégia que usou em 2010, quando foi candidato dentro de um cenário com o mínimo de “rivais” possíveis. Por isto que, naquele ano, tinha domínio sobre o PT alagoano e eliminou a candidatura ao Senado de Pinto de Luna, que hoje se encontra no PROS.
Então, não basta apenas a farinha do saco (apesar de ser justo o questionamento do eleitor em relação à qualidade da farinha). Renan Calheiros sabe muito bem que precisa de muito mais.
O PMDB vai para eleição com força total. E isto não ocorrer apenas nas principais cidades. As contas são de disposição e fôlego para 50 ou 60 municípios alagoanos, sem contar as candidaturas que não são do PMDB, mas que Renan Calheiros quer como aliado. É fundamental para o partido de Calheiros que agora se faça “barba, cabelo e bigode”. É o futuro mais distante que está em jogo. Não apenas aquele que o resultado chegará em outubro.
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