A bela e as feras

13/07/2016 14:56 - Bene Barbosa
Por Bene Barbosa
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Não entrarei aqui nos detalhes técnicos e jurídicos que levaram o promotor Francisco Santiago oferecer denúncia contra Gustavo Henrique Bello, cunhado de Ana Hickmann, pela morte do fã que tentava matá-la. Acredito que o juiz acatará a denúncia e Gustavo, que ao reagir salvou a vida de todos como já firmei em outro texto publicado neste blog e que pode ser lido AQUI, terá que provar no Tribunal do Júri que agiu em legítima defesa e que não houve excesso. Que no caos, na fúria e no terror que se instalaram naquele quarto de hotel nada de diferente poderia se esperar. Terá que provar o que a opinião pública já sabe e sente: o fim do psicopata foi trágico, justo e moral. 

Ana Hickmann, Gustavo, sua esposa e todos os amigos e familiares próximos terão que se preparar para anos de sofrimento e tensão. A chance real de condenação e, portanto, de cadeia é muito remota, mas existe. Situação terrível que ninguém merece passar e que causou e está causando revolta – justíssima! – até mesmo naqueles que pouco tempo atrás não conheciam essa realidade, entre eles, muita gente da própria emissora onde a apresentadora trabalha. 

Não foram poucas as vezes que vimos e ouvimos apresentadores e jornalistas da TV Record repetindo o mantra “nunca reaja”. Também não foram poucas as vezes que reportagens nesse canal pediram “rigorosas investigações” quando policiais mataram em legítima defesa própria e de terceiros. Em contra ponto, não vi uma só linha, não vi um só segundo de indignação quando outros tantos casos semelhantes ao da apresentadora aconteceram como, por exemplo, o atirador esportivo de Cubatão, litoral de São Paulo que, mesmo baleado na perna e na cabeça, matou um assaltante, baleou o outro e acabou preso! Não só ele como a sua esposa! Esse é apenas um caso, há incontáveis outros. Não, eles não mereciam passar por isso. Ninguém merece!

A bela encontrou-se com a fera travestida de fã, foi salva pela fera contida no heroico cunhado. A bela foi julgada pela fera do politicamente correto que insiste na farsa de que toda vida é uma vida, que a vida do facínora vale tanto quanto de suas indefesas vítimas. Estão sentindo a fera dos aplicadores do direito que se embasam na legalidade de suas ações, legalidade essa que nem sempre reflete justiça. Ana, seu cunhado e sua cunhada encararam a fera do fracasso da legislação que impede ao cidadão o direito de defesa, mas não passa nem perto de impedir que toda sorte de malfeitores tenha em mãos os instrumentos necessários para seus malévolos intentos. Feras que surgem das entranhas dos discursos ideológicos, de Rousseau e Foucault, de Chaui e Karnal e que, sub-repticiamente, transformam o herói em vilão, a bela em feia, as vítimas em acusados e o justo em injusto.

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