Ao avaliar as políticas de segurança pública de seu governo, Renan Filho (PMDB), classificou o atual momento da economia brasileira como “fundo do poço”. De acordo com o peemedebista, o Brasil não tem mais para onde cair. Só restaria “reerguer”. 

A questão é: como? De que forma? Começando por onde? Precisamos pensar objetivamente nestas respostas e refletir sobre modelos de Estado, saindo destas discussões minúsculas de picuinhas e desonestidades intelectuais que tem sido pautadas por uma parcela de grupos políticos e gente financiada pela “viúva estatal”, que adora ver o governo como babá e por isto que não quer que nada mude. É esta gente que assume o papel de “pai dos pobres”, mas utiliza do poder coercitivo do Estado para ficar cada vez mais rica e poderosa.  

O que Renan Filho chama de “fundo do poço” é o resultado de um governo federal nefasto que - ao longo dos últimos anos - se apoiou em mentiras, mascarou números, “fez o diabo” para se reeleger, como chegou a afirmar a própria presidente afastada Dilma Rousseff (PT). 

São inúmeros os resultados negativos das contas públicas. Além disto, o retorno da inflação, as quedas sistemáticas nos repasses, a situação de vários estados da federação (com alguns atrasando salários), enfim…uma política econômica desastrosa que só ampliou gastos públicos e se apoio nas teses do “almoço grátis”. Tratei deste assunto já neste blog e frisando claramente o quanto isto tem a ver com o ano de 2008, quando houve uma mudança significativa na matriz. 

Aconselho a leitura de O Mito do Governo Grátis de Paulo Rabello Castro, o Fim do Brasil de Felipe Miranda, o Estado-babá de David Harsanyi, o Caminho da Servidão de Hayek, dentre outros, como As Seis Lições de Mises, a Lei de Bastiat ou Livre Para Escolher do Milton Friedman. É tempo de revisitarmos ideias sólidas ao invés dos discursos de ódio que tem ganho o país. É nisto que comecei a refletir ao escutar o discurso de Renan Filho. 

De um lado, um Estado gigantesco que custa caríssimo aos contribuintes e não consegue ser eficiente nos serviços. E aqui falo de Estado de forma ampla, não falo do governo de Alagoas, mas do governo federal, do pacto federativo que centraliza ações e recursos, das prefeituras que viraram meras gerenciadoras de programas e da eterna dependência das unidades federativas, como é o caso de Alagoas. 

Do outro lado, uma elite de políticos cheias de benesses e atolada em denúncias de corrupção, como vemos na Operação Lava Jato. Uma operação que “pegou” gente de tudo que é partido: do PMDB, do PT, do PP e até das siglas de oposição. Como se não bastasse isto, o Estado-babá agigantado e caro ainda fomenta um ambiente completamente hostil ao empreendedorismo, com uma alta carga tributária e legislações que são verdadeiras jabuticabas.

Claro que isto foge ao campo de atuação do governador. Não estou cobrando absolutamente nada dele, mas é que a fala me chamou atenção, sobretudo porque Renan Filho foi um dos apoiadores de Dilma Rousseff (PT) em 2014. O senador Renan Calheiros (PMDB) é um dos governistas mais influentes. Enfim, no mínimo são pessoas que poderiam ter colocado o dedo na ferida em passado recente, mas não fizeram. Optaram pelo xadrez político. 

Hoje, a realidade chega para todos, sobretudo para o mais pobre, que é quem mais paga a conta sempre. 

Não sei se chegamos ao “fundo do poço” como diz o governador. Ainda há muita coisa para acontecer, inclusive incertas. O processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, que tem impactos na economia e na segurança jurídica de um país, ainda segue em andamento. A tendência é que o presidente interino Michel Temer (PMDB) permaneça. Esperemos. 

Temer tem culpa também porque sempre foi aliado de tudo que aí se encontra. Tenho minhas críticas ao senhor interino. Todavia, torço por mudanças. 

Além disto, o governo federal precisa ir além do discurso: reduzir o Estado, privatizar o que tiver de ser privatizado, rever a carga tributária, rediscutir as dividas públicas dos Estados e municípios, repensar o pacto federativo, enfim…refundar a República com tanta coisa a ser feita. Neste caso, quando maior o atraso em relação ao que é necessário, o país não fica parado como muitos dizem. Ao contrario, ele vai ladeira abaixo. 

Que o Brasil precisa reerguer, como diz Renan Filho, eu não tenho dúvidas. Eu torço por isto! Porém, desconfio que sempre que nos espantamos com o fundo do poço aparece algo que cava o buraco mais um pouco. 

Que o mais rápido possível consigamos virar esta página da nossa história, que dividiu o Brasil em função de minorias barulhentas, de um governo federal que foi irresponsável, que tenhamos um norte para a retomada econômica com a consciência clara de que ela só vem com mais incentivo ao empreendedorismo e maior liberdade econômica. 

O governador diz que “não temos muito para onde ir”. No sentido negativo, temos sim. Basta olhar para países como Venezuela. Agora, temos total condição de nos reerguer de maneira rápida e assim começarmos a sair do poço e da escuridão. Cito Mises - economista da Escola Austríaca - quando diz que só as ideias iluminam a escuridão. 

Digo isto, porque em alguns momentos o governador acerta de maneira clara em suas análises ao falar do enxugamento do Estado, da necessidade do incentivo a iniciativa privada, enfim…mas em outros, parece distante do que mesmo prega em função das alianças políticas. 

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