Armas e acidentes: mais luz e menos calor!

30/06/2016 13:16 - Bene Barbosa
Por Bene Barbosa
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Pouca coisa causa mais comoção que acidentes que façam crianças vítimas fatais, em especial quando o receptor da notícia ou pseudonotícia seja pai e mãe. Eu, como pai de três filhos, sei bem disso. O problema é que os desarmamentista também sabem e não se sentem nem um pouco constrangidos em usar sangue inocente para adubar a ideia que armas são perigosíssimas e ninguém está seguro perto delas, em especial as crianças. Pois bem, será mesmo?

Dias atrás, Eduardo Bolsonaro, deputado e policial federal, esteve no programa Pânico da rádio Jovem Pan. Durante a entrevista-debate o apresentador do programa, Emílio Surita, jogou o seguinte dado: nos EUA acidentes com armas matam mais que acidentes com automóveis. Quase cai da cadeira! Esse dado estava absolutamente incorreto e naquele momento milhares de pessoas desavisadas poderiam sair por ai repetindo isso, acreditando na veracidade da citação. Vamos aos números verdadeiros.

Consultando uma fonte confiável, o Centers for Disease Control and Prevention (CDC), em seu relatório anual “National Vital Statistics Reports” edição 2013 (a mais recente) verificamos que houve apenas 505 acidentes fatais envolvendo disparos não-intencionais de armas de fogo nos EUA, naquele ano. Lembrando que, na época, havia 270 milhões de armas em circulação naquele país. No mesmo período, 3.391 pessoas morreram afogadas, 30.208 foram vítimas fatais em quedas, 2.760 em incêndios, 35.369 em acidentes com veículos automotores e 38.851 por ingestão acidental ou exposição à substância tóxicas, incluindo remédios e produtos de limpeza.

Não obstante o baixo número de acidentes, desde 1981 o número envolvendo armas desabou, saindo de quase 2 mil casos para pouco mais de 500. Ao que se deve isso? À restrição é que não é! Nunca se vendeu tantas armas lá quanto se vendeu desde à década de 90. De 1990 até os dias atuais foram comercializadas mais de 170 milhões de armas novas em solo americano. Tal queda (demostrada no gráfico que ilustra esse artigo), apontam alguns estudos, se devem a dois fatores principais. O primeiro é que as armas mais modernas se tornaram mais seguras e, o principal deles, há hoje uma forte conscientização de que as crianças devem ser educadas no trato com armas. Um desses programas é o Eddie Eagle criado pela NRA que possuiu comprovada eficácia na redução de acidentes envolvendo crianças e armas.

Como eu disse, nada choca mais e causa mais preocupações que acidentes envolvendo crianças e, não são só os desarmamentista, que se utilizam disso. Alguns também o fazem para vender o seu peixe. É o caso de uma empresa israelense chamada Zore que desenvolveu um produto que trava a arma e ainda envia um alerta caso a mesma seja movimentada sem autorização do proprietário. Em seu vídeo-propaganda, republicado no perfil do grupo Nordeste Libertário, eles afirmam que 2.700 crianças morrem por ano nos EUA com acidentes envolvendo armas de fogo. Número, como já vimos acima, absolutamente falso! Para se ter uma ideia exata da desonestidade, dos 505 acidentes fatais em 2013, apenas 69 envolveram crianças até 14 anos. Medo para gerar interesse no produto... Apelação pura! Nunca vi com bons olhos travas, muito menos as que utilizem componentes eletrônicos, que não raramente apresentam falhas. Além disso, tente colocar um código em um dispositivo quando a porta da sua casa está sendo arrombada ou alguém pula o muro, de arma em punho e avança contra você. Arma deve estar em pronto uso ou não serve para defesa.

O que os vampiros do desarmamento não gostam de dizer - e nunca dizem! - é que o mesmo CDC, anos atrás foi incumbido pelo presidente Obama de preparar um relatório sobre as armas de fogo nos EUA com o objetivo de embasar uma legislação mais restritiva. Produziu um relatório que foi um banho de água fria nas intenções presidenciais. O estudo indicava que, a despeito do gigantesco crescimento na venda de armas e a liberação do porte na maioria dos estados, houve acentuada queda nos crimes violentos, incluindo os homicídios. Os acidentes, como já demostramos, também desabaram e que, atenção!, as armas de fogo eram usadas até 3,5 milhões de vezes em legítima defesa por ano! Quantas crianças foram então salvas pela existência de armas nas mãos de seus pais e responsáveis? Incontáveis! Mas isso não interessa aos desarmamentista.

No Brasil a situação não é diferente, de acordo com o DATA/SUS, em 2012, 1.862 crianças até 14 anos morreram em acidentes de trânsito, 1.161 afogadas, 756 sufocadas, 297 vítimas de queimaduras, 220 em quedas, 83 intoxicadas e 21 por disparo acidental de armas de fogo. Então quando vocês ouvirem algo diferente disso, saibam que é mentira.

Tenho três filhos e faria qualquer coisa por eles. Pagaria de bom grado com a minha vida a possibilidade de mantê-los em segurança. Se, por menor que fosse a possibilidade, as armas significassem menos proteção e mais chances de acidentes, não pensaria duas vezes em “mudar de lado”, mas anos de estudos e vivência prática me demostraram exatamente o contrário, por esse motivo, o que precisamos é menos calor, menos emoções e mais racionalidade, mais luz nesse infindável debate!

 

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