O senador Benedito de Lira (PP) promove Encontro Estadual do Partido Progressista nesta segunda-feira (20), em um hotel da Ponta Verde, e tem como objetivo fazer cerca de 30 prefeitos em outubro. Mas o fato curioso é que, depois de décadas de domínio político familiar quase absoluto, Biu perdeu o interesse de brigar pela Prefeitura de Junqueiro, sua terra natal, onde começou sua carreira há 54 anos, como vereador, por meio de um pacto com seu sobrinho, João José Pereira, o popular “prefeitão”, em memória.
Na verdade, o senador que preside o PP em Alagoas decidiu evitar o embate contra seu próprio clã. É que seus próprios parentes abraçaram o PMDB do governador Renan Filho, depois de boa parte dos familiares jogá-lo para escanteio ainda na campanha de 2014, quando foi derrotado pelo peemedebista na disputa pelo governo estadual.
“Junqueiro é minha cidade, é minha terra. Houve uma composição política, lá, entre o PMDB e o Democratas, que são meus parentes. Mas eu não estou olhando para isso. Porque a minha vida pública na minha cidade é a preocupação de cuidar dela quando posso”, disse o senador em um dos momentos da entrevista que concedeu ao CadaMinuto Press, no início deste mês de junho.
Se desagradou a aliança no município com população estimada de 25 mil habitantes? O senador do PP responde que não, ao admitir não lançar candidato pelo PP em Junqueiro: “Para dizer a você que estou feliz com isso? Não! E não é nem pelo PMDB. É pela tradição política de Junqueiro, que desde a época que comecei a fazer política que não havia como. Éramos dois grupos”, referiu-se ao grupo de sua família Pereira e dos oposicionistas Tavares, unidos por Renan Filho.
O atual prefeito de Junqueiro, Fernando Pereira (PMDB), é um de seus sobrinhos-netos que dominam politicamente a região e sempre governaram com o apoio de Biu, da deputada Jó Pereira e do ex-deputado Joãozinho Pereira, nomes de maior destaque depois do tio-avô.
O pré-candidato a prefeito de Junqueiro é o vice Carlos Augusto (PMDB), nome de consenso entre os Pereira e o ex-prefeito Raimundo Tavares, responsável pela única quebra da hegemonia da família de Biu no município desde a década de 1960, quando o chefe da família Tavares pôde exercer o mandato de 2005 a 2008.
A deputada Jó afirmar que a aliança com o PMDB, amarrada em março por Renan Filho, representa apenas um “divisor de águas de independência após o fortalecimento de seu grupo" e não um rompimento. Mesmo assim, o senador Biu foi isolado politicamente em seu próprio reduto político, onde sua sobrinha-neta garante preservar “gratidão e o respeito” pelo tio-avô.

Dando passagem
Se Biu vai para o embate com sua família em Junqueiro? A resposta é não.
O senador justifica a passividade, lembrando do pacto firmado com o popular “prefeitão” de Junqueiro, João José Pereira.
“Não vou para o embate. São meus sobrinhos, né? Até porque não tem sentido. Eu sempre fui um cara disciplinado. Sempre eu tinha um pacto. Sempre tive um pacto com o pai deles, do Joãozinho e da deputada Jó, porque nós nos criamos juntos. Em 1962 disputamos a eleição juntos para vereador em Junqueiro, eu e João José, que era meu sobrinho, filho de um irmão meu. Ele queria ser Executivo. E eu disse que enquanto ele fosse político e prefeito, eu não disputarei nenhuma eleição de prefeito. E vice-versa. Então, ele disputou quatro eleições de prefeito, depois veio o filho, depois vieram outros aliados nossos, e sempre apoiei todas as candidaturas desses candidatos nossos. Depois, Teotônio Vilela se desmembrou de Junqueiro e surgiu a candidatura do Joãozinho, sugeri ao João para botá-lo para prefeito”, rememora o senador.
Nesse momento da conversa, Biu de Lira lembrou que, quando do desmembramento de Junqueiro de Teotônio Vilela, teve um problema com adversário de sua família, o então prefeito de Teotônio Vilela, José Gomes: “Ele passou com um trator por cima de um ponto de ônibus que ele se recusava a fazer e que a Prefeitura de Junqueiro tinha feito”.
Agora, o trator está emplacado pelo PMDB e sendo conduzido pela própria família de Biu de Lira. E o senador resolveu que o melhor a fazer é sair da frente.