Não é possível legislar sobre a loucura

17/06/2016 11:55 - Bene Barbosa
Por Bene Barbosa
Image

A dura frase que ilustra este artigo é do primeiro-ministro inglês David Cameron e foi proferida após um ataque no condado de Cumbria, ao norte da Inglaterra, em 2010. Um homem, armado, durante uma crise de esquizofrenia, matou 12 pessoas e feriu outras 25. Segundo a imprensa local, Bird, um motorista de táxi de 52 anos, percorreu Lake District durante três horas, de automóvel, disparando contra pessoas em pelo menos 30 lugares diferentes, óbvio, suas vítimas estavam desarmadas e indefesas. O mais assustador da história é que ele foi seguido por quilômetros e quilômetros por uma viatura onde os policiais, também desarmados, só puderam olhar enquanto ele fazia suas vítimas. A chacina só parou quando o homem disparou contra si mesmo. Á polícia só restou recolher os corpos.

Hoje, acordo com a notícia que a deputada inglesa do Partido Trabalhista, Jo Cox, foi morta a tiros e facadas na pacata cidade de Birstall, no centro da Inglaterra. O autor do homicídio foi identificado como Thomas Mair de 52 anos e, de acordo com seu irmão, possuía problemas mentais. Talvez haja um motivo político por trás do bárbaro ato, mas isso ainda terá que ser apurado. O que importa, neste caso, é que mais uma vez, David Cameron estava certo e realmente é impossível legislar sobre a loucura, bem como a duríssima lei inglesa sobre a posse de armas não impediu Mair.

Muitos teimarão em dizer que há baixos índices de homicídios na Inglaterra em comparação, por exemplo, aos Estados Unidos e isso se deve às restrições para posse e porte de armas. Bobagem! Historicamente a Inglaterra sempre teve taxas baixíssimas de homicídios e, ao contrário do que pode sugerir o senso comum, essas taxas pós restrições são maiores que de quando todo cidadão inglês tinha liberdade para possuir e usar armas. Isso está descrito com detalhes no livro “Violência e Armas: a experiência inglesa” da historiadora Joyce Lee Malcom publicado no Brasil pela Vide Editorial. Imaginar uma Inglaterra com Lords e Ladys, sem criminalidade violenta, é desconhecer a realidade. De acordo com recente reportagem do jornal britânico The Telegraph, em 2015 houve um crescimento de 27% nos crimes violentos e 14% nos homicídios. Entanto isso, no armado EUA, as taxas continuam caindo ano após ano.

Por falar na America, não acredito que o inominável massacre ocorrido em Orlando, na Florida, tenha sido perpetrado por um louco, pelo menos não no sentido clínico. Omar Mateen agiu motivado pelo ódio e disto não restam dúvidas. Ódio ao ocidente e seus valores, entre eles a tolerância inexistente em qualquer país islâmico. Omar Mateen era um homem mau e sua maldade não seria contida por nenhuma lei restritiva às armas de fogo. A verdade, dolorida e difícil de aceitar por muitos, é que há pessoas dispostas em te matar simplesmente por você ser quem você é, por representar algo que ele odeia, por ter algo que ele não tem. Nem mesmo mil leis restritivas à posse de armas serão capazes de impedir que esses seres planejem, instrumentalizem e executem seus atos de fúria. Os loucos e os maus não seguem a lei.

O livro citado pode ser adquirido aqui: http://livraria.mvb.org.br/violencia-e-armas

Comentários

Os comentários são de inteira responsabilidade dos autores, não representando em qualquer instância a opinião do Cada Minuto ou de seus colaboradores. Para maiores informações, leia nossa política de privacidade.

Carregando..