Na manhã de hoje, como mostrou o CadaMinuto, a Casa de Tavares Bastos foi alvo de uma ação policial que visava cumprir um mandado de busca e apreensão. A Polícia Civil estava atrás de um atestado médico do deputado estadual Marquinhos Madeira (PMDB) que foi apresentado em 2012, rendendo-lhe o afastamento por 130 dias e a posse da suplente Patrícia Sampaio.
Lamentável que um caso de 2012 só tenha desdobramento agora. Começam os questionamentos por aí, pois fica parecendo uma ação pirotécnica e atrasada. Mas, vamos questionamento por questionamento, afinal, o delegado rebate este atraso, afirmando que foi ignorado pela Casa de Tavares Bastos quando quis investigar o caso por meio de solicitação de documentos.
Primeiro ponto: é comum que em anos eleitorais – em 2012 era um ano eleitoral – os afastamentos de deputados estaduais se multipliquem. Uma coincidência que chama ainda mais atenção quando levamos em conta as pretensões eleitorais dos suplentes que assumem. A Casa de Tavares Bastos é sempre um excelente palanque. Um anabolizante de candidaturas.
Pesquisem pelos suplentes que ocupam espaço na Casa em anos assim e verão...
Não digo que este seja o caso, pois é preciso investigar. Mas digo – com todas as letras – que esta é uma situação comum em anos eleitorais. Pesquisem e verão que não se trata apenas de uma licença, de um deputado, de um suplente com pretensões eleitorais. O eleitor minimamente inteligente já desconfiará de imediato de acordos políticos. Natural, portanto, que a polícia desconfie.
A desconfiança avança quando as investigações policiais dão conta de que ao invés de doente, o deputado em questão estava envolvido em prática esportiva. No caso, o rally.
Mas, vamos ao outro questionamento: a morosidade. Estamos falando de um caso de 2012, mas que só em 2016 tem desdobramentos na investigação. Natural que o delegado Denisson Albuquerque fosse questionado sobre. E foi. A repórter Maria Alliny Torres, de forma competente, traz a resposta do delegado: “Desde 2013 que venho mandado expediente solicitando a cópia desse atestado médico e não fui respondido. E a cobrança vindo para mim como se estivesse atrasado com o andamento das investigações. Depois disso, encaminhei todos os expedientes para o Ministério Publico Estadual, que solicitou o mandado de busca e apreensão”.
Eis que descobrimos que a Mesa Diretora, na época presidida pelo ex-deputado estadual Fernando Toledo (PSDB), ignorou o pedido da Polícia Civil de Alagoas, segundo a própria polícia. Ignorou a necessidade de transparência que o caso requer. Convenhamos que isto é comum na Casa, ainda mais na gestão de Toledo, que é a mesma da “lista de ouro”, com funcionários comissionados que recebiam vários repasses durante o ano, lembram?
Vem a pergunta: conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de Alagoas, Fernando Toledo (PSDB), ignorastes mesmo o pedido da Polícia? Por qual motivo? Ora, se o deputado Marquinhos Madeira não deve, o que haveria de temer? Era só mostrar a cópia do atestado e pronto. Se nada demais, o caso já estaria arquivado, ao invés de submeter a Casa de Tavares Bastos a uma situação ridícula.
Agora, caso Marquinhos Madeira tivesse mentido para a Casa, com um atestado que não condiz com a sua real condição de saúde, vale salientar que mentir, no caso de um parlamentar, é quebra de decoro. Mas, agora, já estamos em outra legislatura, não é mesmo... De toda forma, Madeira nega que esteja mentindo.
De acordo com a Polícia Civil, o médico que assinou o atestado será convocado para prestar depoimento. Madeira também será novamente convocado.
O deputado estadual do PMDB divulgou nota sobre o assunto. Diz Marquinhos – que nunca falou tanto! – que repudia a proporção da ação designada pela autoridade policial que disponibilizou “um efetivo de dezenas de agentes, para conseguir o cumprimento de um mandado, que tinha como instrumento de busca, um documento, neste caso, uma cópia de um ATESTADO MÉDICO. Salientando que a presidência da Casa nunca se omitiu de prestar quaisquer esclarecimentos à imprensa ou poder judiciário em casos semelhantes”.
Nunca se omitiu? Não é o que diz o delegado. Ele diz que solicitou a Fernando Toledo e nunca foi respondido. Sobre o mérito, Marquinhos Medeiro diz: “Ao apresentar o ATESTADO, o documento seguiu todos os trâmites legais que do Regimento da Casa, sendo assim, o documento faz constar em um processo administrativo que se encontra na ALE. O motivo do meu afastamento naquele período, foi por um diagnóstico da labirintite, onde precisaria de tratamento, não necessariamente de internação”.
Isto justificaria o rally, segundo ele. Madeiro se diz indignado e nega que tenha cometido crime de estelionato e/ou falsificação.
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