Toda moeda tem dois lados. O trabalho do professor pernambucano Rodrigo Jungmann tem sido este outro lado nas redes sociais com a indicação de boas leituras que fazem um contraponto com a mentalidade revolucionária tanto localizada no extremo de um campo político, quanto do outro. Aquela velha razão articulada que vive a prometer “um mundo melhor”...

Desde já,  digo: não falo aqui sobre Jungmann para que meu leitor concorde ou discorde dele. Isto é tarefa do leitor que for em busca do conhecimento, não minha. De minha parte, concordo.

Eu não julgo ideias pela capa dos livros ou pelos espantalhos que fazem delas; busco fazer este julgamento após um detalhado estudo sobre as obras que chegam às minhas mãos.

É por isto que até hoje, mesmo não sendo de esquerda, ainda leio obras de esquerda. Não trato minhas opiniões como cães adestrados sempre alimentando-as com mais do mesmo. Ao contrário disto, trato minhas opiniões a base de chicotadas para saber se estas se sustentam mesmo diante do mais ferrenho contraditório. Por isto que afirmo: toda moeda tem dois lados.

Um exemplo disto é que, recentemente, um ex-aluno meu procurou-me com a seguinte indagação:

- Professor, o correto é ser de esquerda ou não ser de esquerda?

Imediatamente respondi:

- Meu caro, o correto é você estudar e encontrar a sua voz interior para aprender a pensar sozinho e assim ser livre para decidir para qual lugar você quer ir. Não sou eu que vou lhe dizer o que é correto, mas os argumentos e o estudo. Será a coragem de você querer confrontar o que precisa ser confrontado e assumir uma posição a partir do momento em que você souber mo que acredita e por que acredita no que acredita. Simples assim. Não despreze conhecimento por preconceito.  Só não seja covarde ao decidir, ou desonesto intelectual. Acho que é o pior tipo de ser humano.

Tenho encontrado esta solidez de saber no que se acredita nas postagens de Rodrigo Jungmann. Claro, em parte porque penso de forma semelhante a ele. Mas, muito mais pelo fato do professor ser um leitor voraz que busca mostrar sua posição com embasamento e uma caudalosa cultura, apresentando domínio sobre o pensamento de filósofos.

Isto fez com que o professor assumisse uma postura que incomodou muita gente. Ele sofreu perseguições no meio acadêmico, mas nem assim cedeu. Possibilita então um confronto de ideias com aqueles que pensam diferente dele e cria uma arena onde se pode comparar e distinguir pensamentos, analisar contraditórios, além de conhecer importantes obras que chegam tardiamente ao Brasil.

Quem defende realmente liberdade precisa entender o seguinte: uma sociedade, quando atacada por uma mentalidade revolucionária que coloca em xeque a sua base de valores (seja esta mentalidade revolucionária à esquerda ou à direita), tem todo o direito de reagir e buscar refletir por A mais B por que estes valores precisam ser preservados.

É algo que já dizia o escritor Nelson Rodrigues ao falar – de forma irônica – que era um reacionário por reagir a tudo que não presta. Pena que, ultimamente, a ironia tem sido uma tarefa para poucos. É isto (não a ironia, mas a profundidade da reação) que se faz presente em Mário Ferreira dos Santos (para mim, o maior filósofo brasileiro) ao escrever Invasão  Vertical dos Bárbaros. É isto que se encontra nas obras de Gustavo Corção e nos estudos profundos de Otto Maria Carpeaux.

Jungmann – em suas redes sociais – tem indicado obras importantes que revisam temas polêmicos como a Inquisição e reflexões filosóficas com base no cristianismo. Uma delas, que comecei a leitura recentemente, é O Evangelho Segundo A Filosofia: Do filósofo Jesus às ideias sobre Jesus. A obra é de Aurélio Schommer. Estou gostando e, mesmo sem ter terminado o livro, posso afirmar que vale muito a pena.

Ninguém é obrigado a seguir uma indicação; isto é óbvio. Mas, vivemos em um tempo, onde até mesmo uma indicação já é rebatida com virulência por aqueles que sequer admitem a entrada de uma ideia diferente em um universo que se diz “iluminado” pelos que detêm o “monopólio das virtudes”. Por sorte, aqui e acolá, surgem homens que não se intimidam e partem para quebrar estes monopólios. Eu sou grato a pessoas como Rodrigo Jungmann. Aconselho meus leitores queridos que busquem o perfil dele lá nas redes sociais e o sigam. Encontrarão – se paciência tiverem para o confronto – muita coisa interessante.

Particularmente, defendo que toda ideia merece espaço para ser apresentada e, só então, ser combatida ou aceita conforme a nossa consciência se comporta diante dela. Não gosto de pensamentos que precisam de uma redoma para se sustentarem. A liberdade cria asas e não ninhos, apesar da importância das raízes nas quais se apoia – dentro de uma sociedade – para se sustentar; e não ser destruída por algumas ideias totalitárias que ganham corpo facilmente ao defenderem o mundo perfeito do futuro que nunca veio.

Jungmann é destes homens raros que não temem a polêmica. Que não buscam apenas crer em algo, mas saber por que creem. Que entendem que a busca de sentido é constante e vital diante do absurdo, como mostra claramente Viktor Frankl em suas obras, dentre as quais destaco Em Busca de Sentido.

Para mim, ter começado uma amizade virtual com Jungmann – por meio do Facebook – foi uma mostra que nem tudo por lá é deserto estéril.  Como o que é bom deve ser passado adiante, não fujo ao combate e deixo aqui a dica. As obras podem ser encontras aqui.

Estou no twitter: @lulavilar