Em tempos de tanta coisa sendo dita com tanta animosidade, sempre é bom parar e respirar. Por sorte, nestes momentos encontramos artistas que não dependem das tetas do Estado para produzir de forma subserviente sua arte.
É gente que respeita a si mesmo, que usa do próprio intelecto e da sensibilidade para nos brindar – nestes momentos em que respiramos profundamente e buscamos entender o mundo a nossa volta – com pérolas.
Ainda que muitas pérolas sejam jogadas aos porcos, é preciso que elas sejam produzidas e jogadas indistintamente, sem olhar a quem. Quem sabe não atinge alguém por “estalo”. Fazer o bem, sem olhar a quem...
Neste momento, em nosso país, há muita gente assumindo lados com uma paixonite aguda por alguma ideologia secular. Gente que tenta colocar uma camisa de força na realidade. Esta camisa de força é a ideologia.
Gente que despreza os fatos em função de suas paixões políticas. Gente que faz escolha e apostas e deposita toda a vida em um lado que jamais poderá estar errado. Gente que acredita ser o monopolizador das virtudes. Mas, gente que faz parte deste universo onde todos somos gente...
Carlos Maltz nos traz uma dessas pérolas. Ele regravou a canção profética Vícios de Linguagem (Humberto Gessinger/ Albúm Simples de Coração), que é lá da década de 1990. Não poderia ser mais atual. Com uma voz marcante, uma letra maravilhosa e uma sonoridade que nos leva a apertar o botão do “f****-se o mundo que eu preciso respirar”. O que resta dizer a não ser: “Obrigado, Carlos Maltz”.
Pare tudo que estiver fazendo. Coloque um pouco de lado todas as análises políticas sobre o atual momento e escute Vícios de Linguagem. Esteja do lado de fora desta briga de torcidas, já que é para escolher um lado. Preocupe-se com coisas bem mais profundas: um país mais justo e tolerante com as divergências. Comece por você a mudança que você deseja! A honestidade intelectual, a preocupação com um norte moral, sem relativismos, sem subserviência à voz de comando...
Ninguém pode agradar os dois lados? Do lado de fora, você corre o risco de desagradar vermelhos e azuis, mas de encontrar sua voz interior, seu verdadeiro lado. Maltz tem algo – que percebo desde o disco Farinha do Mesmo Saco e de seus livros – que admiro em um artista: não se preocupa com seu público quando vai produzir. Não se preocupa com os rótulos, nem está em busca dos atalhos como as Leis Rouanet da vida.
Carlos Maltz está preocupado em produzir para não enlouquecer dentro de um mundo cada vez mais louco. É o que também me motiva no jornalismo. A busca pela verdade. Para mim, no texto objetivo e direto. Para Maltz, nos maravilhosos caminhos da arte.
Admiro Carlos Maltz antes de nos tornarmos amigos. Já escutava Engenheiros do Hawaii e jamais imaginaria que um dia teria a honra de trabalhar na revisão (com direito a pitacos) de dois livros de Maltz. Ser convidado por ele para escrever a orelha de uma de suas obras a ser lançada, então? Uma honra! Falo do livro Retroland que vem por aí.
Nesta postagem, a nova canção de Carlos Maltz. Apresento a questão ao mesmo tempo que faço uma cobrança ao amigo Maltz (já fiz várias vezes em privado): “Cara, grava um disco novo, pelo amor de Deus. Nós precisamos de coisas assim em épocas onde o mundo anda tão chato!”
Estou no twitter: @lulavilar