O perito Ricardo Molina lançou – pela editora Record – uma obra que pontua a recente história política do país por meio dos trabalhos realizados por ele em vários casos polêmicos. Estão na obra desde o caso PC Farias até questões envolvendo as ações da Operação Lava Jato.
Para o público em geral, e em especial para jornalistas, é uma obra muito interessante. Merece ser lida.
Destaque para os capítulos em que Molina fala de ações que deram início ao esquema que hoje ficou conhecido como Petrolão. Ricardo Molina mostra a raiz e o quanto o Partido dos Trabalhadores aprimorou a corrupção como forma de projeto de poder.
Molina não usa estas palavras, mas fica claro.
O interessante também da obra é poder confrontar o caráter de alguns políticos. Da forma como negam o “batom na cueca”, como ocorre Luis Inácio Lula da Silva (PT). O ex-presidente, mesmo sabendo que o vídeo em que o então candidato José Serra (PSDB) é antigo por uma “bola de papel” é uma fraude, faz questão de explorar o episódio para fins eleitorais. Típico de quem faz aliança até com o diabo para ganhar uma eleição, como deixou claro a sua cria: a presidente afastada Dilma Rousseff (PT).
O resgate histórico de alguns acontecimentos também sugerem muitas interpretações sobre os personagens. Há alagoanos na lista: como o atual governador Renan Filho (PMDB), quando foi flagrado repassando dinheiro para eleitores, quando era candidato à Prefeitura Municipal de Murici.
O livro de Molina não é só sobre os casos envolvendo política. Há outros também, mas é nas históricas envolvendo políticos que ele faz um raio-X da República, ainda que não tenha sido a intenção original do autor.
Vejam um trecho ao falar dos esquemas envolvendo as agências reguladoras estatais criadas em 1998 pelo presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), como forma de acompanhar serviços oferecidos por entes privados: “A oposição, na época liderada por Lula, acusava o governo de Fernando Henrique Cardoso de, através das agências, estar camuflando processos de privatização. Ao assumir o governo federal, o PT não extinguiu as agências. Segundo o ex-presidente em depoimento ao jornalista Augusto Nunes, o governo Lula reduziu as agências a “objetivo de barganha sindical ou partidária”. Teria havido ainda, segundo FHC, um retrocesso institucional”.
O interessante é que – já em 2011 – as dez agências reguladoras existentes, oito eram comandadas por pessoas indicadas pelo PT e o PCdoB. Agora, lembrem das falas do presidente da Anatel em relação à questão da limitação da internet e questionem os interesses do órgão quanto ao setor. Reforça ou não reforça a conclusão de Molina? Claro que sim!
Molina mostra que este esquema já rendeu manipulação de preços de combustíveis em 2013 e 2014 para fins eleitoreiros. Tudo isto usando mais uma agência reguladora: a ANP. É o mal dos tentáculos estatais que agem dizendo que estão fazendo o melhor por você, mas na realidade trabalham pelos que mamam nas tetas. Ou seja: os políticos.
O livro de Ricardo Molina é uma aula nas linhas e nas entrelinhas. Mostra por A mais B o quanto o jogo do poder depende de um Estado cada vez maior para enricar os seus em detrimento do interesse do povo ou da nação.
Ricardo Molina nos presenteia com uma obra corajosa e patriótica. O perito não olha para o partido, nem para o político, mas para as questões técnicas de seu trabalho que levam aos frios resultados que deixam alguns reis completamente nus. Leiam a obra O Brasil Na Fita de Ricardo Molina.
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