Raul Jungmann foi alçado à condição de Ministro da Defesa. Não representa nada de diferente em relação aos atuais raciocínios tortos ao falar do maior problema do país em relação à segurança pública: o alto índice de homicídios que nos apresentam aos números de guerra em tempos de paz. Grande parte destes por arma de fogo.
E aí, entra em cena o raciocínio curto e falacioso da maioria dos “especialistas”: defesa do completo desarmamento civil. Bem, se Raul Jungmann defende o Estatuto do Desarmamento é problema dele. Sempre afirmei que, numa discussão (seja sobre qual for o tema) há dois lados. É legítimo que existam pessoas que concordem comigo, que defendo a derrubada do Estatuto do Desarmamento. Neste sentido aprovo o projeto do deputado federal Rogério Peninha, que traz critérios objetivos para que as pessoas tenham direito às armas de fogo. Sim, há critérios! É só ler o projeto. É incrível como, no Brasil, as pessoas conseguem discutir leis sem lê-las. Eu não paro de me espantar com isto.
Do outro lado, é legítimo que existam pessoas que pensem o contrário de mim. Agora, vamos à discussão sem falácias. Com base em estatísticas, estudos e obras recentes. O Estatuto do Desarmamento – por qualquer que seja o ângulo da discussão – falhou. Não é questão de opinião. É fato! Os homicídios seguem acontecendo. Os bandidos seguem armados. Do outro lado, a população segue desprotegida diante da falência da segurança pública estatal.
Em Alagoas, por exemplo, o governo conquistou reduções significativas no número de mortes por arma de fogo, mas estamos longe de ter números a serem celebrados. Pois, não depende apenas do Estado, nem das políticas ostensivas e repressivas de segurança pública. São diversos os fatores. Porém, colocando todos na mesa, é possível perceber o seguinte: o Estatuto do Desarmamento é uma falácia! Comparem as armas da bandidagem com as armas da polícia.
No mais, as armas de fogo não servem para “matar” apenas. Elas são instrumentos de defesa, da guarda do patrimônio, da proteção da propriedade privada, dentre outras questões. Comparem as estatísticas de países em que há critérios para a população se armar com os índices de criminalidade que existem por lá. Leiam estudos como o de John Lott (Preconceito Contra As Armas, por exemplo) e o Mentiram Para Mim Sobre o Desarmamento de Bene Barbosa e Flávio Quintella.
Mas, vamos às declarações de Raul Jungmann. Em entrevista à Agência Brasil, em 2015, o atual ministro disse o seguinte: “Quem defende a arma para si não se dá conta que todos vão se armar. Por exemplo, a juventude das periferias, que se sente tão marginalizada e tão sofrida, vai toda se armar; nos campos de futebol, nas festas, no trânsito, na rua, todos estarão armados. As pessoas pensam que arma é só para defesa, não, ela é para destruição e para conflito”.
É um festival de falácias. Vamos uma a uma:
“Quem defende a arma para si não se dá conta de que todos vão se amar”. O ministro pode discordar de quem defende o desarmamento, mas tem inteligência o suficiente para entender a besteira que fala. Quem defende a arma para si entende que este é um direito de todos. É uma garantia com base no princípio das liberdades individuais. O cidadão tem o direito de pleitear – com critérios objetivos estabelecidos, como no projeto de Peninha – o direito à arma. Ah, mas alguém pode usar a arma para cometer crimes? Poderia indagar o ministro. Uma surpresa para Raul Jungmann: os criminosos já usam armas para cometer crimes e não é o Estatuto que vai coibir. Será que já não deu para perceber isto?
Será que Raul Jungmann não sabe que o bandido disposto a matar e a roubar não vai abdicar disto em função da existência de uma lei que proíba ele de ter arma. Caro Raul Jungmann, é da filosofia da bandidagem desobedecer leis, sejam elas quais forem. Logo, quem cometer crimes tem que ser punido. Se crime hediondo, cadeia! Punição com proporcionalidade. Quem defende a arma para si, defende a arma para mulheres se protegerem de estupradores, para populações ribeirinhas se protegerem em locais distantes e por aí vai...
“A juventude das periferias, que se sente tão marginalizada e tão sofrida, vai toda se armar”. Que preguiça! Primeiro ponto: Raul Jungmann destila todo o seu preconceito ao acreditar que o sofrimento pela ausência de bens materiais faz do homem um bandido. Basta ser jovem e pobre para, diante das dificuldades, se tornar um criminoso. Quanto preconceito. Aulas de Rousseau não faltaram a Jungmann, mas as de lógica, faltaram todas!
A juventude das periferias, que estão marginalizadas, precisam de um Estado eficiente em outro sentido: como promotor de políticas de fomento para que tenham emprego, logo geração de renda, políticas que garantam que as periferias sejam urbanizadas e por aí. Raul Jungmann talvez e espante com a quantidade de pobres honestos neste país. Mais honestos que os políticos que, mesmo diante de todas as benesses materiais, ainda roubam milhões dos cofres públicos, matando pessoas pela ausência de Saúde, por exemplo. Estes – paradoxalmente – estão todos com seguranças armados ao seu redor. Dispensem os seguranças. Confiem apenas no aparelho estatal como protetor? Confiam? Não. Então, é hipocrisia.
Logo, senhor Jungmann, a juventude da periferia não pode ser tomada como criminosa. Esta premissa é falsa e preconceituosa. É preciso sim se estimular oportunidades para que estas pessoas cresçam na vida e empreendam. Isto é óbvio. Vamos discutir sobre isto? Ora, políticos como Jungmann parecem não estar interessados neste tema. Afinal, a esquerda da qual Jungmann faz parte fez a opção por crenças que, quando aplicadas pelo mundo afora, só geraram mais pobreza. A história mostra isto, Jungmann. São modelos falaciosos geradores de mais pobreza pregados como utopias de salvação. Modelos defendidos pelo Foro de São Paulo, do qual seu PPS faz parte.
Como se não bastasse, a outra falácia é acreditar que o jovem criminoso não vai se armar por conta do Estatuto. Se ele quiser, ele se arma. A realidade mostra isto. Ou não? Quem quer seguir critérios objetivos para ter uma arma é justamente aquele que não quer cometer um crime com ela.
“As pessoas pensam que arma é só para defesa, não, ela é para destruição e para conflito”, diz Jungmann por fim. As pessoas pensam o contrário, ministro. O senhor sabe disto e se apoia justamente neste sentimento romântico primitivista. As pessoas pensam que a arma é para a destruição e para o conflito. E quem defende a derrubada do Estatuto explica que é o contrário. Então, a sentença correta é: “As pessoas, por conta de um sentimento romântico insuflado por alguns intelectuais, pensam que armas é só para destruição e para o conflito. Não, ela é instrumento de defesa”.
E eu provo que o ministro sabe que a sentença é o contrário. Quer ver? Ministro da Defesa, por qual razão as policiais e o Exército tem armas? É porque as armas não são para defesa apenas, mas para destruição e conflito? Aposto que o ministro dirá: “neste caso é diferente, é para a defesa”. Pois é, Raul Jungmann. Não tente “tirar a onda” de – entre uma entrevista e outra – mostrar os que defendem o armamento civil como ingênuos, ignorantes, ou coisa pior. É o senhor que se aproveita de um sentimento romântico criado por uma pseudo-intelectualidade para insuflar a ingenuidade alheia como forma de garantir o espírito estatista. O senhor é mais do mesmo nestas temáticas.
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