O tema já foi tratado pela imprensa na sexta-feira passada, dia 13. Eu comentaria no dia, mas devido a algumas questões pessoais não consegui publicar  mais que um texto naquele momento e tratei de algo que julguei, devido ao tempo, mais urgente. Peço desculpas ao leitor e trago o assunto agora.

O governador de Alagoas, Renan Filho (PMDB), tomou a dianteira e cobrou, mesmo tendo utilizado outras palavras, um encontro do presidente interino Michel Temer (PMDB) com os governadores do Nordestes.

Estes encontros já ocorriam no governo de Dilma Rousseff (PT) e eram oportunidades dos governadores exporem uma pauta comum em relação às dificuldades específicas da região. Acertava naquela época o governo do PT. Mesmo sendo um crítico do PT, já havia elogiado estas concentrações de esforços. Pena que avançaram pouco no passado.

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Um exemplo: em encontros passados os governadores reclamaram da questão da dívida pública, que se judicializou e o resultado trouxe benefícios para os cofres dos Estados, e do desfinanciamento da Saúde.

Portanto, acerta o govenador Renan Filho na cobrança. Não adianta governador algum – independente de sua posição política ou de ser aliado do PT – fazer birra. Durante 180 dias, no mínimo, o presidente é Michel Temer, queiram ou não. Pode ainda se tornar o “presidente tampão” a depender do andamento das coisas no Congresso Nacional.

É importante, desta forma, que haja maturidade para separar a questão política das relações republicanas necessárias para resolver questões que interessam à região, como o pacto federativo, as quedas constantes de repasses do Fundo de Participação Estadual, as obras de infraestrutura que se encontram em risco (em Alagoas, a continuidade do Canal do Sertão, por exemplo), dentre outras temáticas.

Além disto, o governador de Alagoas frisa que o atual momento político brasileiro requer atenção dos governadores do Nordeste. Em entrevista a este blog, Renan Filho fez a análise de que Temer pode abrir uma janela de oportunidades, mas que esta precisa se concretizar. Enxerga  momento com o ceticismo necessário.

Já fiz duras críticas a Renan Filho e as mantenho. Porém, agora elogio o governador, pois ele fala algo que há muito eu já falava aqui: não há otimismo exagerado, não há tempo para lua de mel, mas sim para cobranças de medidas certas neste curto período de 180 dias. Não existe esta história de 100 primeiros dias, que é comumente dado a todo governo que se inicia. Renan Filho não usa das palavras que uso, mas isto está presente nas entrelinhas.

Para bom entendedor, meia palavra basta.

Na pauta de Renan Filho, um primeiro ponto: a discussão sobre o endividamento e a renegociação da dívida dos estados brasileiros. O governador do PMDB lembra que Alagoas tem uma pauta muito robusta, que precisa de encaminhamentos para que possa enfrentar a crise com maior autonomia. Vejam que, no texto anterior, eu falo um pouco disto ao tocar no assunto do pacto federativo.

A cobrança do governador de Alagoas é feita da seguinte forma: “A União precisa enfrentar a crise, mas os estados precisam ter autonomia para poder enfrenta-la, de maneira que isso tudo precisa voltar a ser discutido para que entendamos o que pensa o novo Governo Federal e, a partir daí, tomemos as nossas decisões”. 

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