Em texto anterior falei aqui que não pode haver governo sem oposição. Principalmente em um momento como este, no Brasil, em que o vice-presidente Michel Temer (PMDB) assume o exercício da presidência. É preciso acompanhar Temer de perto, pois os motivos que levaram Dilma Rousseff (PT) à queda não podem se repetir.
Os escândalos de corrupção, o aparelhamento do Estado, o aumento desenfreado de gastos públicos e o uso da máquina para abrigar apadrinhados e financiar militantes e um jornalismo chapa-branca não pode se repetir. E não estou citando aqui todos os males. Além disto, deve ser cobrado de Temer um conjunto de medidas que faça com que o país retorne aos trilhos do crescimento econômico e desenvolvimento.
O ceticismo sobre a execução destas medidas é natural. Afinal, o PMDB sempre foi dado a um fisiologismo que o tornou parceiro importante nas práticas nefastas do governo Dilma. Não por acaso é figura carimbada na Lava Jato.
O discurso de Temer ontem foi um bom sinal. Começou bem ao falar de enxugamento do Estado e ainda destacou – “em letras garrafais” – a manutenção dos programas sociais. Era a hora da esquerda petista, se honesta fosse, reconhecer que mentiu ao dizer que Michel Temer acabaria com os programas como Bolsa Família e Minha Casa, Minha Vida logo de cara. Mas fez isto? Claro que não. Não só não fez, como jogou mais mentiras no ar. São estas mentiras que separam o que é uma verdadeira oposição da sabotagem.
Quem conhece o mínimo de História do Brasil de verdade, sem ser um militante travestido de intelectual, sabe que grande parcela da esquerda que aí se encontra nunca lutou por democracia. Foram às armas para a implantação de uma ditadura comunista no país. Mais recentemente, fez o papel de uma oposição sabotadora ao não votar pela Constituição Federal, ao ser contra o Plano Real e à Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).
Se era assim antes, não será diferente agora.
Há questões que devem ser indagadas a Temer? Claro que sim! Uma delas é a cobrança sobre a biografia de seus ministros. É mais do que justo que, em um país que sofreu com a corrupção endêmica do petismo e de seus aliados (grupo do qual o PMDB fez parte), indague Temer em relação aos processos que os ministros respondem. Maurício Quintella entrou no rol. É justo os questionamentos sobre o processo que ele responde também, obviamente. Na época do processo, questionei várias vezes Quintella sobre esta ação.
A imprensa tem que fazer. Acerta ao fazer. Isto é oposição. A posição cética de cobrança e a denúncia de incoerências e supostas incongruências em um governo.
Agora, vejam as mentiras ou os factoides. O primeiro deles foi o açodamento para se estampar pelo país afora que o ministério de Temer não tem mulheres. A pergunta deveria ser: o ministério de Temer é competente para tocar o país? Pouco importa se será formado com mulheres, negros, índios, seja lá o que for. Temos que olhar a competência destas pessoas que o presidente escolheu. O caráter delas e não o sexo ou outra característica que só serve mesmo para insuflar coletivismos. Isto é mero factoide.
Sobre as mentiras, cito duas: o reajuste nas parcelas do Minha Casa, Minha Vida como sendo uma “maldade” de Temer. Uma pesquisa rápida sobre o assunto e se acha a verdade: o reajuste foi determinado no dia 10 de maio, quando a presidente ainda era a senhora Dilma Rousseff (PT). Como se não bastasse, o raciocínio lógico aponta para o óbvio: se anunciado dia 10 foi pensando bem antes e é reflexo da crise econômica para a qual o país foi empurrado pelo governo do PT. Se há um maldade aí, ela tem as digitais da presidente Dilma Rousseff.
A segunda mentira é a divulgação da redução de viagens da CBTU em Alagoas por conta da crise financeira como se fosse uma decisão de Temer. Ela foi tomada há três dias. Logo, ainda no governo de Dilma Rousseff. Atingiu, infelizmente, as pessoas mais pobres. Espero que o governo reveja esta questão junto à CBTU para que as pessoas não sejam prejudicadas. Assim como é necessário que se reveja eventuais erros no Minha Casa, Minha Vida (sim, eles existem) para que o programa atinja a quem de fato precisa. Se Michel Temer não fizer, aí sim ele erra. Erra feio.
Mas a pressa da esquerda petista faz com que Temer comece a ser culpado pelo que nem mesmo ele decidiu. Esperem os erros que ele cometerá para que sejam denunciados estes. Não sejam sabotadores, mas oposição. Pois, repito, todo o país precisa de oposição. Aprendam a lição que a História insiste em mostrar para vocês: é impossível mentir para todo mundo o tempo todo.
No mais, é evidente que Michel Temer precisa ser fiscalizado, sobretudo pela imprensa. Afinal, jornalismo chapa-branca não faz bem a ninguém. O jornalismo tem que ter esta postura cética de cobrar do presidente aquilo que ele promete e denunciar onde seu governo erra. Se houver corrupção, também precisa ser combatida.
Na redução dos ministérios, por exemplo, Michel Temer acerta ao reduzir a máquina pública. O brasileiro não aguenta mais, por meio de impostos, pagar por este mastodonte que só concede regalias a quem menos precisa e devolve migalhas à população por meio de péssimos serviços nos setores de Educação e Saúde. Todavia, é sim possível indagar a Temer porque resolveu extinguir a Controladoria Geral da União.
O órgão tem uma importante função na tentativa de manter os atos do governo no eixo. Preveni irregularidades se atuar como deve atuar. A extinção da Controladoria pode ser uma perda significativa e errará o presidente. A não ser que Temer pense em deslocar esta estrutura para um segundo escalão ou para dentro de alguma pasta em uma reforma administrativa. É justo que a oposição cobre isto. Cobre a filosofia que está por trás da reforma administrativa que Michel Temer está promovendo. Afinal, ninguém deu a ele uma carta branca. Isto é oposição.
Mas, como é função do jornalismo fazer a pergunta e correr em busca da resposta. Eis que, entre as medidas que estão adotadas pelo presidente Michel Temer está a busca pela redução do Estado. Isto será feito diminuindo por fusão a máquina pública. A Controladoria Geral da União – por exemplo – tem a função de assistir direta e indiretamente o presidente quanto aos assuntos no âmbito do Poder Executivo, defendendo o patrimônio público e buscando transparência, por meio do controle interno.
Ela recebeu status de Ministério unindo outros órgãos da fiscalização da administração pública federal. A medida é acertada? Bem, aí é outra discussão. Trata-se do Ministério da Fiscalização, Transparência e Controle. O ministro é Fabiano Silveira.
Entendem porque mentiras e verdades separam oposição de sabotagem? Por vezes, a ira nos olhos vermelhos não passa de uma estratégia pelo “quanto pior, melhor” para pavimentar um quase impossível caminho de retorno para Dilma Rousseff.
Estou no twitter: @lulavilar