Sem a empáfia da entrevista dada pela manhã, ao anunciar a sua decisão em anular a tramitação do impeachment da presidente Dilma na Câmara dos Deputados, o presidente interino da Casa, Waldir Maranhão (PP-MA) divulgou nota no final da noite de ontem revogando a medida.

Pela manhã, cercado de governistas, depois de ter conversado por duas vezes no final de semana com o advogado-geral da União José Eduardo Cardozo, e também ter estado com a presidente Dilma no domingo à noite, o deputado disse à imprensa que anulava as sessões ocorridas na Câmara Federal com “base na Constituição e no regimento interno da Casa”, mas os argumentos usados por ele na justificativa não tinham amparo nem legal, nem político. Não se sustentavam nem em uma coisa, nem em outra.

É evidente que Maranhão foi induzido a protagonizar a cena política de ontem em favor da presidente Dilma, mas “deu com os burros n’água”. Teve sua folha de investigado na Lava Jato e em outras suspeitas de corrupção publicitada, sofreu pressão de seu partido, o PP, e da maioria de seus colegas na Casa, e seu ato sequer chegou a ser considerado pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

Isso sem falar que o próprio advogado-geral da União, Eduardo Cardozo, ao confirmar que “convenceu” o deputado a invalidar a tramitação do impeachment na Câmara Federal, fragilizou ainda mais Waldir Maranhão.

Ou seja, o governo petista na ânsia para continuar no poder a qualquer sorte, jogou o deputado Waldir Maranhão aos leões. A reação inicial do parlamentar foi invalidar a própria decisão, vamos ver o que mais Maranhão fará para sair menos ferido do golpe de ontem.

 A nota, assinada por Maranhão: "Revogo a decisão por mim proferida em 9 de maio de 2016 por meio da qual foram anuladas as sessões do plenário da Câmara dos Deputados ocorridas dias 15, 16 e 17 de abril de 2016, nas quais se deliberou sobre a Denúncia por Crime de Responsabilidade n.1/2015".