Quem acompanhou o CadaMinuto, na manhã de hoje, dia 28, se deparou com um esquema fraudulento assustador, que causou um prejuízo de R$ 220 milhões à Caixa Econômica Federal (CEF).
A Polícia Federal batizou a ação de Operação Cabala. Em coletiva, como mostram os repórteres do CadaMinuto, o esquema contou com a participação de empresários da Construção Civil, contadores, funcionários de cartórios e até de empregados públicos da Caixa Econômica Federal.
Ora, a dimensão da quadrilha descoberta pela Polícia Federal abre espaço para uma pergunta óbvia sobre o banco: como a quadrilha atuou lá dentro durante tanto tempo, já que havia a suposta fraude de documentos e falsificação de rendas? A CEF buscou, na manhã de hoje, responder isto por meio de nota. São seis anos de atuação da quadrilha, segundo dados colhidos em reportagens. Como funcionam os mecanismos de controle interno da CEF?
A fraude investigada pela PF usava o subsídio do programa Minha Casa, Minha Vida. Pelo que se percebe das investigações, isto começou em 2012. Rendeu à quadrilha R$ 220 milhões e irregularidades na construção de 1692 casas. Repito: impressionante como a quadrilha chegou tão longe.
A Polícia Federal explica que “as construtoras “fatiaram” o município entre si para construir as residências e as vender para pessoas de baixa renda da região, muitas delas recebem sobrevivem de benefícios do Governo Federal”, como relara a matéria escrita pelas jornalista Vanessa Siqueira e Maria Alliny Torre.
Vejam o que diz um delegado: “As construtoras Lar do Sonho, Casa Nova, Eline, LSS Incorporadora e SJ Construtora transformaram Teotonio Vilela em uma bolha imobiliária. Elas construíam casas pelo Minha Casa, Minha Vida e tinham como alvo de venda pessoas de baixa renda. A maioria dos imóveis eram financiados para pessoas que só possuíam a renda do bolsa família, de 170 reais.. Porém a Caixa começou a desconfiar quando constatou um volume de pessoas que pagavam apenas duas ou três parcelas do financiamento e paravam, o que acabou gerando o prejuízo de R$ 220 milhões”.
Outra questão que chama a atenção: não se trata de uma quadrilha que atuou de forma pontual em Alagoas, mas nos municípios de Propriá (SE), Serra Talhada (PE), Paulo Afonso (BA), por exemplo. É o que dizem as matérias jornalísticas.
Então, a direção da Caixa precisa sim se pronunciar. Fez por nota. Acertou. Entendeu a gravidade do que está posto. A Caixa Econômica Federal informou que submeteu os empregados envolvidos na prática ilegal para um processo de apuração interna, o que já resultou em demissões e suspensão de seus postos de trabalho.
De acordo com o banco público, ainda continua contribuindo integralmente para investigações dos órgãos competentes. Em relação à Operação Cabala, a direção da CEF diz ainda que a fraude foi identificada pelo próprio banco por mecanismos de controle interno.
Sinto falta de uma informação na nota: em que momento a CEF descobriu? O esquema demorou três anos para ser descoberto? Como e de que forma foi descoberto? Creio serem perguntas importantes, inclusive para dimensionar como trabalhava a quadrilha e a posição estratégica de cada funcionário para esconder um esquema deste. Em todo caso, acerta a CEF ao se posicionar e mostrar o que fez e o que vem fazendo diante do que a Polícia Federal divulgou.
Para se ter ideia do motivo pelo qual a Operação me chamou a atenção, a ação da Polícia Federal denominada Taturana – uma das mais importantes da PF no Estado de Alagoas – desbaratou um esquema de R$ 300 milhões na Assembleia Legislativa. É só comparar as cifras.
P.S: A assessoria da CEF respondeu ao Blog, informando que a fraude foi descoberta pela instituição em 2013 e denunciada à Polícia Federal. Portanto, fica respondida a indagação feita pelo BLOG!
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