Quase todos estão cobrando o posicionamento dos deputados federais alagoanos em relação ao lado que tomarão no processo de impeachment que a presidente Dilma Rousseff (PT) enfrenta.
Estão corretos os que cobram.
Estranho que – em um processo como este, onde já se fala em negociação de cargo – alguns parlamentares escondam seus posicionamentos da população com o rótulo de indecisos.
Em Alagoas, já se posicionam claramente favoráveis ao impeachment, os deputados federais Pedro Vilela (PSDB) e João Henrique Caldas, o JHC (PSB). Do outro lado, contra o impeachment, estão Givaldo Carimbão (PHS) e Paulo Fernando dos Santos, o Paulão (PT).
A pergunta é: qual o lado dos demais? Cícero Almeida (PMDB), Marx Beltrão (PMDB), Arthur Lira (PP), Ronaldo Lessa (PDT) e Maurício Quintella (PR)?
Espera-se de Almeida o voto favorável ao impeachment, pois seria o coerente com as suas posições mais recentes, com fortes críticas a presidente, inclusive pedindo a saída desta. Porém, é preciso que todos deixem claro o que pensam, ao invés de buscarem o distanciamento da população.
Na Comissão de Impeachment, o deputado JHC não fugiu ao debate, por exemplo. Fez um bom pronunciamento ao historiar as constituições do país e mostrar que a cantinela de golpe é só isto mesmo: uma cantinela. Você tem – caro eleitor – o direito de concordar ou não com ele, mas sabe o que ele pensa.
Todavia, o que me chamou atenção em seu discurso foi – além de defender o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) – lembrar do “seletivismo” com o qual vem sendo tratado os presidentes dos poderes Legislativo.
De um lado, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), tem sido alvo de diversas denúncias, envolvendo a Operação Lava Jato. Responde a inquéritos e é citado por delatores. Cunha está no alvo das militâncias esquerdistas por estes motivos. Estão corretos. Eduardo Cunha precisa responder. Se podre, que se quebre. Porém, do outro lado está o presidente do Senado, o senador Renan Calheiros (PMDB).
Calheiros é também um dos personagens central da Lava Jato, mas como é aliado governista tem sido poupado dos discursos do moralismo vermelho. João Henrique Caldas acerta ao lembrar disto. Calheiros responde a vários inquéritos. Tem que ter seu direito à ampla defesa. Se for podre, que se quebre. Agora, também deveria estar nos alvos da cobrança de quem de fato quer passar o país a limpo. “Todos estão abaixo da lei, inclusive a presidente Dilma Rousseff”, diz João Henrique Caldas.
“Gritam Fora Cunha. Eu concordo. Mas, e o Fora Renan? Por que o presidente do Congresso Nacional, quando ele, em alguns momentos, em conversas particulares, com membros da cúpula do governo, saindo dali manobras ou tramas para se perpetuar no poder, é visto como legítimo e não como golpe? Quero ver quando esta matéria chegar ao Senado. Porque o presidente já se livrou da cassação em manobra secreta. Não podemos personificar o debate, mas temos que observa a lei”, coloca. Pois é. O questionamento faz sentido.
No mais, João Henrique Caldas defendeu o pedido do impeachment dentro de uma linha lógica que já escrevi aqui, citando o entendimento do jurista Adriano Soares, por exemplo. É só pesquisar postagens mais antigas.
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