Discordei (e mostrei os motivos aqui no blog) da visão do deputado federal Givaldo Carimbão (PHS), quando ele afirma que – com outras palavras – que a situação da presidente Dilma Rousseff (PT) é tranquila no Congresso Nacional e o impeachment será derrubado por 200 votos.

A visão de Carimbão não é apenas otimista, em função dele ser um aliado de Dilma Rousseff. A visão de Carimbão é um desejo que não tem se respaldado nos fatos. É só levar em conta o cenário exposto hoje e a turbulência que se encontra em Brasília.

Vejam, a presidente Dilma Rousseff pode escapar do processo de impeachment na Câmara? Pode! Mas não porque tenha a maioria dos deputados federais, mas porque a maioria ainda precisa formar um número qualificado. É evidente que se o impeachment fosse votado hoje, Dilma perderia. Este é o motivo do governo negociar cargos e apoios com parlamentares, por exemplo.

Neste sentido, o deputado federal Pedro Vilela (PSDB) apresenta uma visão mais sóbria que a de Carimbão. Há os excessos do opositor tucano? Há.  É verdade. Um deles é acreditar piamente que a bancada alagoana – em sua maioria – vai votar pelo impeachment da presidente. Até aqui, da bancada alagoana, são apenas três votos declarados favoráveis ao impeachment: Pedro Vilela, João Henrique Caldas, o JHC (PSB) e Cícero Almeida (PMDB).

Já há comentários que Almeida possa voltar atrás. Bem, os deputados Paulão (PT), Ronaldo Lessa (PDT) e Arthur Lira (PP) devem votar contrários ao impeachment. Paulão vota contra de certeza. Os senadores Renan Calheiros (PMDB), Benedito de Lira (PP) e Fernando Collor de Mello (PTB) também. Sendo assim, acho imprevisível o comportamento da bancada alagoana, com exceção dos votos de Pedro Vilela, João Henrique Caldas (favoráveis ao impeachment) e de Paulão e Givaldo Carimbão (contrário ao impeachment).

Vamos aguardar os indecisos. Sabe-se lá quais afagos ou pressões podem influenciar as indecisões geradas por esta República.

Por qual razão afirmo que a leitura de Pedro Vilela mais sóbria que a de Carimbão? Eis o que o tucano fala: “há uma discordâncias nos cálculos do Carimbão. É o que se observa em Brasília. Quando ele se refere aos partidos de oposição, insinuando que estão divididos, é o contrário. PSDB, PPS e o Democratas estão fechados em relação ao impeachment. 100% pelo impeachment”.

É exatamente o que afirmei aqui quando analisei as declarações de Carimbão em entrevista ao Política Real. O deputado federal tucano me reafirma, em parte, a minha leitura. Eu só dispenso os exageros do tucanato. “Este é o sentimento de grande parte dos outros partidos, como é o caso do PSB, do Solidariedade e do PSC. Estes não cravam 100% dos votos favoráveis ao impeachment, mas a absoluta maioria acompanha o impeachment”, diz Vilela.

O tucano ainda aponta para uma possível divisão na base do governo após a saída de parte do PMDB (sejamos sinceros: o PMDB nunca sai por completo diante da possibilidade de permanecer no poder. É o PMDB!). “No próprio PT, há resistências. Eu não estranharia se aparecessem votos pelo impeachment dentro do próprio PT e na base aliada como um todo. O PMDB, em grande parte, já saiu. Maioria vão votar favorável ao impeachment”.

Eu discordo de Pedro Vilela aqui. No PT? Bem, eu acho que o partido e todos os filiados seguem sua agenda e podem contar com os votos do PCdoB e do PSOL, ainda que este último se diga “oposição de esquerda”. Vilela aposta ainda que na reta final haverá a definição dos partidos que formam o “centrão” na Câmara (que de centrão não tem nada; são aliados).

“Estes (partidos do centrão) estão realmente indecisos e indefinidos, mas tomam decisão mais perto do dia da votação”, salientou. Solicitei que Pedro Vilela marcasse um placar se a votação fosse hoje. Ele diz que “o placar é amplamente favorável ao impeachment. Temos a vantagem da maioria, sendo agora o desafio atingir o quórum qualificado, já que o impeachment necessita 342 votos”.

É nisto que o governo federal se apoia. Por isto a batalha para fazer até com que parlamentares faltem a sessão. Afinal, o governo pode perder. São não pode perder para 342 votos. Então, Carimbão até está certo quando diz que o governo federal pode se salvar. Mas mente quando fala com um otimismo que é irreal. Por que digo claramente que é mentira? Porque as coisas precisam ter os seus verdadeiros nomes. O deputado federal vive em Brasília e já teve a experiência de coordenar bancada, além de ser bastante vivido na política nacional. Sabe do que fala. Sabe que não é tão simples quanto descreveu ao falar com o Política Real.

Pedro Vilela diz que a oposição tem chegado perto dos 342 votos. Eu acho que o caminho é mais árduo do que o que pinta o tucano. “São mais de 100 indecisos. O governo tem usado o toma lá da cá para cooptar e convencer deputados. Nós temos feitos o combate ao denunciar isto nas bases, nas redes sociais.  Pois, não é a forma digna de tentar escapar do processo de impeachment. O que era feito às escondidas, agora é feito de forma escancarada. Se quer lotear o que restou da máquina para barra o impeachment”, finaliza.

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