O deputado federal Givaldo Carimbão (PHS) concedeu uma entrevista ao site Política Real. A entrevista é longa e a íntegra o leitor pode encontrar aqui

O que me chamou a atenção foram algumas declarações do parlamentar alagoano, que se encontra em diálogo com o ex-presidente e quase ministro Luis Inácio Lula da Silva (PT) para a ocupação de cargos no governo federal da presidente Dilma Rouseff (PT).

Carimbão faz parte do time de aliados de Dilma e do PT. É direito dele. Não se discute o mérito, mas se cobra que - enquanto figura pública - o parlamentar tenha um pouco mais de cuidado nas análises, para que possa respeitar os fatos. 

Por qual razão digo isto? Bem, em um determinado momento da entrevista, o repórter Gil Maranhão indaga a Carimbão a posição do PHS em relação ao impeachment, já que foram ofertados cargos ao partido. 

Ele diz que, quanto ao impedimento da presidente Dilma, o PHS liberou os deputados para votarem, quando o processo for à plenário, como queiram. São sete parlamentares que compõem a sigla. 

“Tem alguns que votam a favor. Tem outros que votam contra”, diz Carimbão. Ele diz respeitar como acontece em todos os partidos que se encontram rachados. Frisa ainda que há legendas divididas também. Isto é verdade. Mas onde está o que não corresponde à realidade? Faz-se presente quando o repórter enfatiza a divisão no PHS. 

Carimbo crava: “todos os partidos estão (divididos). Todos. Aqui na Câmara só não estão três: PT, PCdoB e PSOL. O deputado federal alagoano passa a falsa noção de que em todas as siglas há gente contra e a favor, menos nos citados, onde todos estão favoráveis à presidente. 

Ora, PSDB, Democratas e PPS (para ficar nestes três) estão divididos, Carimbão? Que eu saiba não. 

PSDB, Democratas e PPS são partidos que apoiam o impeachment. E - nos últimos dias - com o rompimento do PMDB com o governo, o clima piorou para a presidente. Por esta razão, não se sustenta a análise de Carimbão que ainda afirmou - em entrevista - que, se a votação fosse agora, a presidente ganharia por 200 votos de diferença. 

Seria - num eleitorado de 513 deputados (vou arredondar para 500 para facilitar o entendimento) - como se a presidente tivesse 400 votos a favor dela e contra apenas 100. Veja, não sei se a Dilma ganharia ou não uma votação de impeachment hoje. Mas posso afirmar que - diante do quadro político no Congresso - o placar jamais seria este. 

Explico! 

O PSDB tem 53 deputados. O Democratas tem 21 e o PPS possui 10. Só aí são 84. Com o rompimento do PMDB, suponhamos que metade do partido traísse a sigla e marchasse com a presidente, teríamos perto de 35 votos (seriam bem mais!). Já ultrapassamos a barreira dos 100. E olhe que estou fazendo as contas por baixo. Dando vantagem ao raciocínio de Carimbão. 

Podemos ainda falar de PSB e de Solidariedade, dentre outros partidos “divididos” como os citados por Carimbão. A situação da presidente não é fácil. Obviamente que - em política - tudo pode acontecer. Não existe esta história de 200 votos confortáveis de diferença. Menos Carimbão, bem menos. 

Ah, sobre os cargos ofertados, o que diz Carimbão? Diz o seguinte: “olha, eu conheço bem a Dilma muito.  Conheço o ministro Berzoini (Ricardo Berzoini, da Secretaria de Governo da Presidência da República) e não acho que eles estão dando cargos não. Acho que essa palavra de oferecer cargo é pejorativa. Diria o seguinte: o governo tem que se reagrupar e obviamente quem dá apoio governamental, governa. É normal e legítimo. Pejorativamente pode ser chamado de ‘dar cargos’. Se for numa visão ampla e estadista,  quem governa, participa do governo”.

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